São Paulo, quarta-feira, 02 de novembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

TOSTÃO

Continuam os foguetes


Enquanto cresce o número de grandes armadores na Europa, eles somem no Brasil

O ATLÉTICO-MG evoluiu aos poucos. Cuca é o responsável. Fez no Galo o que Luxemburgo e Dorival Júnior não fizeram. Escalou os melhores jogadores nas posições certas, definiu o esquema tático e formou um time. Essa é a importância de um técnico. O restante é conversa fiada.
Não é por atuar no Brasil que Neymar ainda não mereça estar entre os cinco melhores do mundo. Mas ele chega lá. Não merece porque ainda não fez uma brilhante partida contra uma grande seleção, além de não ter atuado bem na Copa América. Neymar também não enfrentou um excepcional time no Brasileirão nem na Libertadores.
O Brasil não tem, novamente, um único jogador de meio-campo nem entre os 50 melhores do mundo. Na Espanha, é o contrário.
Busquets, do Barcelona, e Xabi Alonso, do Real Madri, estão entre os melhores volantes do mundo. São muito superiores a todos os volantes brasileiros. Os meias David Silva e Juan Mata, reservas da seleção, são destaques, respectivamente, do Manchester City e do Chelsea. Fábregas, reserva do Barcelona e do time espanhol, foi, durante muitos anos, o grande jogador do Arsenal. Xavi e Iniesta estão entre os melhores do mundo.
A razão principal de tantos excepcionais armadores na Espanha, especialmente no Barcelona, é a prioridade dada à troca de passes, à habilidade e à criatividade nesse setor. Para isso, é preciso recuperar a bola.
Todos aprendem a marcar. Se, no Brasil, colocarem Ganso, Douglas e outros meias talentosos para fazer o mesmo, a maioria vai dizer, após a primeira derrota, que é um desperdício.
A Europa segue o modelo espanhol. Até os times e a seleção italiana, viciados nas jogadas aéreas e nos lançamentos longos, como o atual futebol brasileiro, tentam trocar mais passes. Os dois volantes da seleção alemã, Khedira e, principalmente, Schweinsteiger, marcam e atacam. Se jogassem juntos no Brasil, a maioria diria, depois da primeira derrota, que faltou um cabeça de área, um brucutu.
O Brasil não tem mais grandes armadores porque houve uma divisão no meio-campo, entre volantes, que marcam, e meias, que atacam. Kaká, Ronaldinho, Ganso, Douglas e outros, mesmo com características diferentes, não são armadores. São meias-atacantes. Jogam da intermediária para o gol.
Desapareceram os excepcionais armadores, que faziam a travessia da bola, de pé em pé, da defesa para o ataque. Uma grande perda. Enquanto isso, os promoters soltam foguetes.


Texto Anterior: Sul-Americana: Com três titulares, Vasco inicia quartas de final no Peru
Próximo Texto: Inglaterra: Modelo, liga inglesa cogita a contramão
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.