São Paulo, sábado, 02 de dezembro de 2006

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Palmeiras sustenta legião de jogadores encostados

Clube tem um dos maiores elencos da Série A, com 103 profissionais inscritos

Um terço dos atletas da equipe, que vive crise, já estourou a idade de júnior, mas não é aproveitado nem dispensado pela diretoria

PAULO GALDIERI
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Não foi por falta de atletas que o Palmeiras não montou um time forte em 2006 -quase foi rebaixado. Ao final do Brasileiro da Série A, o clube conta com o terceiro maior elenco, considerados os jogadores profissionais com contrato. Só perde para Vasco e Internacional.
Mergulhado em uma crise financeira e técnica- acumula dívidas e más campanhas-, o time alviverde contabiliza 103 jogadores no elenco. Esse total é divido em três grupos.
Um terço atua pelo Palmeiras no Brasileiro da Série A. Um terço é composto de revelações de até 20 anos que o clube deseja prender. Esse é um procedimento comum nos outros times, que buscam promessas.
A diferença é que a diretoria palmeirense mantém 33 jogadores -o tamanho do grupo varia- que estouraram a idade de júnior mas não são utilizados pelo profissional. Suas atividades resumem-se a jogos do Palmeiras B e a treinos físicos.
Uma parte desses atletas superou a idade permitida para a divisão de base recentemente -tem 20 ou 21 anos. Mas a diretoria não consegue definir se sua permanência vale a pena.
"O clube tinha que decidir se aproveita esses jogadores ou não. Se não, libera", comenta Chico Primo, colaborador das divisões de base.
Um exemplo disso é o meia Marquinhos, 21. A diretoria não tem certeza se o atleta vingará no time principal -jogou em 2004 e não estourou.
Mas, temerosos de perder um novo Ilsinho, os dirigentes assinaram carta de intenções com ele para renovação. Isso se o meia for aproveitado no time.
Existem outros atletas que já saíram das divisões de base há mais tempo e que têm entre 22 e 24 anos. Um exemplo é o zagueiro Frede, 23, que pode começar a ser aproveitado na próxima temporada, entre outros.
A maioria dos atletas ganha em torno de R$ 1.000. Mas há casos de atletas que já jogaram no principal, como Claudecir, e que têm salários mais altos.
Não há avaliação sobre esses jogadores porque os técnicos do time profissional raramente observam o time júnior ou o Palmeiras B. Emerson Leão, por exemplo, nunca foi ao centro de treinamento das categorias de base. Foi assim que o hoje são-paulino Ilsinho escapou. Bonamigo também não dava atenção aos times inferiores.
Na divisão de base, a reclamação é a de que os técnicos pedem reforços antes de observarem os atletas disponíveis.
Até Jair Picerni, atual treinador, é apontado como exemplo de descaso em sua primeira passagem pelo clube, em 2003 e 2004. Mas promete mudar.
"No ano que vem, isso vai mudar. O time B tem que ser para revelar, e não para encostar jogador. Eu vi que tem atleta aqui que já estava no Palmeiras desde que saí", diz Picerni.
A "estratégia" de produzir encostados no time B foi implantada há cinco anos, na gestão Mustafá Contursi. A política foi mantida pelo atual presidente, Affonso della Monica.
Alguns jogadores, como Francis e Wendel, já conseguiram sair do purgatório. O último a ser promovido foi Alex Maranhão, que, no entanto, não participa dos coletivos.
Procurado pela Folha, o vice-presidente de futebol, José Cyrillo Jr, não respondeu aos telefonemas para falar do caso.


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