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Palmeiras sustenta legião de jogadores encostados
Clube tem um dos maiores elencos da Série A, com 103 profissionais inscritos
Um terço dos atletas da equipe, que vive crise, já estourou a idade de júnior, mas não é aproveitado nem dispensado pela diretoria
PAULO GALDIERI
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Não foi por falta de atletas
que o Palmeiras não montou
um time forte em 2006 -quase
foi rebaixado. Ao final do Brasileiro da Série A, o clube conta
com o terceiro maior elenco,
considerados os jogadores profissionais com contrato. Só perde para Vasco e Internacional.
Mergulhado em uma crise financeira e técnica- acumula
dívidas e más campanhas-, o
time alviverde contabiliza 103
jogadores no elenco. Esse total
é divido em três grupos.
Um terço atua pelo Palmeiras no Brasileiro da Série A. Um
terço é composto de revelações
de até 20 anos que o clube deseja prender. Esse é um procedimento comum nos outros times, que buscam promessas.
A diferença é que a diretoria
palmeirense mantém 33 jogadores -o tamanho do grupo varia- que estouraram a idade de
júnior mas não são utilizados
pelo profissional. Suas atividades resumem-se a jogos do Palmeiras B e a treinos físicos.
Uma parte desses atletas superou a idade permitida para a
divisão de base recentemente
-tem 20 ou 21 anos. Mas a diretoria não consegue definir se
sua permanência vale a pena.
"O clube tinha que decidir se
aproveita esses jogadores ou
não. Se não, libera", comenta
Chico Primo, colaborador das
divisões de base.
Um exemplo disso é o meia
Marquinhos, 21. A diretoria
não tem certeza se o atleta vingará no time principal -jogou
em 2004 e não estourou.
Mas, temerosos de perder
um novo Ilsinho, os dirigentes
assinaram carta de intenções
com ele para renovação. Isso se
o meia for aproveitado no time.
Existem outros atletas que já
saíram das divisões de base há
mais tempo e que têm entre 22
e 24 anos. Um exemplo é o zagueiro Frede, 23, que pode começar a ser aproveitado na próxima temporada, entre outros.
A maioria dos atletas ganha
em torno de R$ 1.000. Mas há
casos de atletas que já jogaram
no principal, como Claudecir, e
que têm salários mais altos.
Não há avaliação sobre esses
jogadores porque os técnicos
do time profissional raramente
observam o time júnior ou o
Palmeiras B. Emerson Leão,
por exemplo, nunca foi ao centro de treinamento das categorias de base. Foi assim que o hoje são-paulino Ilsinho escapou.
Bonamigo também não dava
atenção aos times inferiores.
Na divisão de base, a reclamação é a de que os técnicos
pedem reforços antes de observarem os atletas disponíveis.
Até Jair Picerni, atual treinador, é apontado como exemplo
de descaso em sua primeira
passagem pelo clube, em 2003
e 2004. Mas promete mudar.
"No ano que vem, isso vai
mudar. O time B tem que ser
para revelar, e não para encostar jogador. Eu vi que tem atleta
aqui que já estava no Palmeiras
desde que saí", diz Picerni.
A "estratégia" de produzir
encostados no time B foi implantada há cinco anos, na gestão Mustafá Contursi. A política foi mantida pelo atual presidente, Affonso della Monica.
Alguns jogadores, como
Francis e Wendel, já conseguiram sair do purgatório. O último a ser promovido foi Alex
Maranhão, que, no entanto,
não participa dos coletivos.
Procurado pela Folha, o vice-presidente de futebol, José
Cyrillo Jr, não respondeu aos
telefonemas para falar do caso.
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