São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2007

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Corinthians troca bola no pé por chutão para o alto

Clube despreza jogo "rasteiro" e está entre os líderes do ranking de lançamentos

Após perder Willian, equipe falha nas experiências com Aílton e Héverton e hoje não tem nenhum atleta entre os 20 melhores passadores


DOS ENVIADOS A PORTO ALEGRE

Para fugir do rebaixamento sem depender dos adversários, o Corinthians precisa vencer o Grêmio hoje, no estádio Olímpico. Para isso, claro, precisa fazer gols. Mas, em vez de valorizar a posse de bola, a estratégia do time à beira da queda tem sido, ao longo do Brasileiro, justamente se livrar dela para tentar colocá-la na rede dos rivais.
Neste Nacional, a equipe tem trocado o passe de pé em pé pelo chutão, de preferência para a ligação direta da defesa ao ataque, sem passar pelo meio, setor que costuma concentrar a criação ofensiva de um time.
O grupo de Nelsinho Baptista ocupa a parte de cima no ranking de lançamentos, ao mesmo tempo em que tem sido um dos piores nas listas em que para se sair bem é preciso ficar com a bola no pé (como aproveitamento de passes, dribles e até finalizações).
Os corintianos, com 5,4 lançamentos por partida, estão na sexta colocação dos times que mais tentam a bola longa, de acordo com o Datafolha.
Já entre os clubes que mais jogam com a bola no chão, com percentual mais alto de passes certos, o time do Parque São Jorge só aparece em 14º lugar, com 77,6% de aproveitamento -o pentacampeão São Paulo, líder nesse quesito, acerta 82,2% de seus passes.
Dos 6 times abaixo do Corinthians nessa lista, 4 deles participaram do campeonato predominantemente na parte de baixo da tabela: Náutico, 15º melhor passador (77,3%), Paraná (19º na lista, com 76,4%), e os já rebaixados América-RN (18º, com 76,6%) e Juventude (20º, com 76,3%).
A preferência pelo chutão se reflete também nos rankings individuais. Entre os maiores lançadores, o corintiano Vampeta (2,6 tentativas por jogo) aparece em segundo lugar, apesar de ser reserva na equipe. Já entre os melhores passadores, não há nenhum representante da equipe do Parque São Jorge entre os 20 primeiros.
Muito da opção pelo jogo pelo alto, com chutes do setor defensivo para o ataque, talvez possa ser explicado pela disposição tática do time.
Finazzi foi, ao longo da maior parte do campeonato, a principal referência na linha de frente corintiana. Isolado, o artilheiro corintiano, que hoje mais uma vez desfalca a equipe, muitas vezes fazia o papel de "pivô", escorando os lançamentos vindos de trás.
Essa estratégia passou a ser mais utilizada depois que o Corinthians vendeu seu principal jogador neste Brasileiro, o meia Willian. Era o antigo camisa 10 quem fazia justamente o papel de levar pelo chão, com dribles e troca de passes, a bola da defesa para o ataque.
O clube bem que tentou não prescindir de um criador ofensivo. Contratou Aílton e, depois, Héverton para realizar a função. Nenhum deles, porém, foi bem-sucedido na tarefa.
Nelsinho Baptista tem outra tese para explicar a afeição à "ligação direta". Para o técnico corintiano, a própria pressão por resultados que afastassem o time do rebaixamento causou ansiedade em seus pupilos.
"O que acontece é que, nessa situação, o time acaba querendo resolver logo. No jogo com o Vasco, fizemos isso no primeiro tempo, mas corrigimos e, no segundo, conseguimos melhorar muito", disse o treinador.
"Tem que jogar mais com a bola no chão. Temos que fazer isso contra o Grêmio."0 (EDUARDO ARRUDA E PAULO GALDIERI)


NA TV - Grêmio x Corinthians
Globo (para SP), Band (menos RJ e Porto Alegre) e Sportv 2 (para RJ), ao vivo, às 16h



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