Fim do material sintético no meio da temporada provoca elogios e reclamações

Na partida de reestréia, ala Kevin Garnett, um dos jogadores que mais criticara a novidade, tem atuação destacada, com 32 pontos

Robert Padgett/Reuters

A reabilitada bola de couro da NBA resta em quadra na partida entre Charlotte e Minnesota

Ano novo, velhos hábitos. No primeiro dia de 2007, a NBA se despediu da bola sintética e recebeu, dividida, a volta da velha e tradicional bola de couro.
Introduzida no início da temporada, a bola de material sintético aposentou a tradicional, feita de couro, que vinha sendo usada pela liga norte-americana de basquete havia 35 anos.
Desde sua estréia, no entanto, a novidade foi alvo de críticas da maioria dos jogadores e técnicos. A principal reclamação era que ela tinha muita aderência quando estava seca e se tornava muito escorregadia ao entrar em contato com o suor dos atletas -recebeu, por isso, o apelido de "bola-sabão".
Muitos reclamavam também de cortes nos dedos com a novidade. Para os treinadores, a bola "morria" no aro. Outros argumentavam que ela nem sempre quicava do jeito correto.
Mais. A associação de jogadores chegou a entrar com um processo contra a liga, alegando más condições de trabalho. Foi o sinal de alerta para que David Stern, principal dirigente da NBA, decidisse dar o braço a torcer e aceitar a volta da velha bola, algo sem precedentes na história do campeonato.
A decisão entrou em vigor anteontem, no jogo entre Charlotte e Minnesota, time de Kevin Garnett, um dos maiores críticos da bola sintética. "Aleluia para a bola de couro!", festejou o ala, que teve a melhor atuação da noite: acertou 12 das 18 tentativas de tiros livres, marcou 32 pontos e conseguiu 14 rebotes -sua equipe venceu os donos da casa por 102 a 96.
"Isso é o que todo mundo queria", afirmou Mike James, armador do Minnesota. "As pessoas se sentiram mais confortáveis com a bola de couro."
Mas a novidade não agradou a todos. "Eu preferiria terminar este ano e voltar à bola velha na temporada que vem, especialmente porque estamos recebendo bolas de couro muito novas", reclamou Sean May, jogador do Charlotte, que terminou o jogo de anteontem com cortes profundos nas mãos.
Na outra partida de anteontem à noite, já com a bola nova, o Boston Celtics derrotou o Portland por 89 a 81. Como havia sido a única equipe a jogar na noite anterior, o Boston não teve tempo para se adaptar à volta do artefato de couro.
"Com certeza há uma grande diferença entre as bolas", afirmou Wally Szczerbiak, atleta dos Celtics. "Sabia que precisaríamos de um período de ajustes. Eu não tinha perdido dois lances livres na seqüência neste ano inteiro", completou.
Mas a volta da bola de couro não significa a aposentadoria definitiva da sintética. Stern já pediu à Spalding, fornecedora da NBA, que fabrique uma que agrade aos jogadores. Além disso, a briga agora será com entidades que protegem animais.