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Declaração de Lula prejudica o Rio, diz Cesar Maia
Para o prefeito, presidente errou ao classificar a onda de ataques de "terrorismo" e denegriu imagem da sede do Pan
Pefelista diz que não há nem ameaça de terror no Brasil e que isso diferencia o país na hora da escolha para receber grandes eventos esportivos
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O prefeito do Rio, Cesar
Maia, criticou duramente a
afirmação do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, que qualificou a onda de ataques da semana passada de "terrorismo".
Para ele, o termo usado pelo
presidente e disseminado por
agências internacionais prejudica a imagem do país no exterior no ano do Pan e a intenção
de abrigar novas competições
esportivas e eventos em geral.
"Se há um ponto que diferencia o Brasil internacionalmente
é que nem por ameaça existe no
Brasil qualquer sinal de terrorismo. É esse um ponto forte
para o Brasil atrair grandes
eventos, políticos, temáticos e
esportivos. Aliás, esse foi um
ponto que diferenciou o Rio de
San Antonio/Texas na conquista do Pan e que elimina a
Colômbia da Copa de 2014", escreveu Maia no boletim eletrônico que distribui a assinantes.
O prefeito lembrou que o Rio,
alvo dos ataques, é candidato a
sediar a Olimpíada de 2016 e a
de ser "capital-Maracanã" da
Copa do Mundo de 2014.
Em entrevista por e-mail à
Folha, afirmou que o Pan-2007
não será prejudicado, porque o
Rio já está definido como sede,
mas "dependendo dos desdobramentos [a afirmação] pode
prejudicar a conquista de outros grandes eventos".
"Lula resolve usar esta expressão -terrorismo-em relação ao Brasil, e mais, em relação
ao Rio, sede do Pan, candidato a
Olimpíada de 2016 e capital-Maracanã da Copa de 2014. Lula acaba de inserir o Brasil no
roteiro terrorista internacional. É a chave de ouro de sua
lombrosiana política externa."
O prefeito argumenta que
quando a imprensa internacional usa a expressão "terrorismo" se refere a grupos com referências ideológicas, sejam religiosas ou políticas.
Cesar Maia afirmou que a onda de violência não põe em risco a segurança da cidade no
Pan. "Não há relação. Não há
sequer onda, mas atos direcionados a atemorizar as milícias e
seu crescimento", declarou.
Para as pesquisadoras Jacqueline Muniz e Alba Zaluar, os
atos ocorridos no Rio se encaixam, sim, na definição de terrorismo. "São atos de terror: têm
dimensão publicitária, alvos civis em locais públicos e com o
objetivo de criar sensação de
que a ameaça é onipresente e
onipotente", explica Muniz.
"É compreensível que uma
autoridade se preocupe com o
nome pelo conforto político,
mas a discussão sobre o nome
que se dá é estéril, porque não
muda a gravidade do fato e o
problema é o mesmo", completa a coordenadora do grupo de
Estudos de Segurança Pública e
Justiça Criminal da Universidade Cândido Mendes e ex-diretora da Secretaria Nacional
de Segurança Pública.
A antropóloga Alba Zaluar,
coordenadora do Núcleo de
Pesquisa das Violências da
UERJ, acredita que a imagem
do Brasil "já está péssima no
exterior e não será uma declaração do presidente Lula que
fará com que piore".
"Não há outra explicação.
Queimar ônibus com pessoas
dentro e vai-se deixar de empregar a palavra?", disse.
Segundo ela, o prejuízo causado pela violência é sentido
diariamente pela população,
comércio e empresas, que saem
do Rio ou têm gastos extras
destinados à segurança em vez
de investimentos.
Para Jacqueline Muniz, a segurança da cidade durante o
Pan não está ameaçada pela onda de violência.
Ela elogiou a "sensibilidade"
do governador Sérgio Cabral de
pedir ajuda ao governo federal.
"Países com ações de guerrilha
ou terror realizaram grandes
competições sem problemas.
Trata-se de cooperação e preparação. Em Atlanta-96, policiais de outros Estados foram
contratados para atuar durante
os Jogos, por exemplo. O Pan só
estaria ameaçado por incompetência ou por razões políticas",
disse a especialista.
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