São Paulo, sábado, 03 de fevereiro de 2007

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Família Buckup coloca pai, mãe e filho no mesmo barco e busca vaga no Pan

Leonardo Wen//Folha Imagem
Os velejadores Marc (esq.), Mário e Telma, que juntos tentarão ir ao Pan, mostram prêmios conquistados na classe lightining


GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL

A devoção à vela é tão grande que Mário Buckup arrastou sua mulher para dois campeonatos internacionais em plena viagem de lua-de-mel.
Na primeira prova -o Sul-Americano no Equador-, um dos três tripulantes de sua embarcação não pôde competir. Telma subiu a bordo e deu início à parceria com o marido.
Desde o episódio, em 1975, vieram títulos e dois filhos. O tempo passou, e a sociedade se fortaleceu. Marc, o caçula, passou a integrar o barco.
Juntos, os Buckup brilharam na classe lightining. E, a partir de amanhã, buscam uma vaga no Pan do Rio.
"Não lembro de um barco formado por pai, mãe e filho representar o país. É um feito e tanto", diz Mário, cuja observação é referendada por Walter Böddener, da Federação Brasileira de Vela e Motor. Ele diz que uma tripulação como essa é raríssima, ainda mais em torneios de alto nível.
Aos 59 anos, Mário traz no currículo diversas razões para provar que sua família merece respeito dos adversários.
No Pan de 1971, em Cali (Colômbia), arrebatou o ouro na lightining, façanha que repetiu em 1979, em San Juan (Porto Rico). "Na primeira conquista, emprestei um barco para competir. A situação mudou, o corpo já está bem mais cansado, mas ainda tenho muita vontade. Afinal, meu filho e minha mulher nunca foram ao Pan."
Com uma embarcação importada de R$ 42 mil, o trio disputou os Jogos Sul-Americanos de 2002. "Velejamos muito bem e vencemos, mesmo com o campeão mundial na disputa. Festa em família é ainda mais especial", diz Marc, 27, no time desde 1993.
Celebrações não são as únicas memórias dos Buckup. As contendas na embarcação de 5,8 m também são lembradas.
"Tivemos quebra-paus feios porque estávamos pensando em assuntos particulares, que nada tinham a ver com o esporte", explica Mário.
A família, então, criou um pacto. Discussões do barco devem ser resolvidas antes do retorno à terra e arranca-rabos em casa não vão aos torneios. "A partir daí, ficamos muito unidos. Afinal, nós somos competitivos e queremos atingir os objetivos", diz Telma, 52.
Situações assim não são novas para Mário. Filho de Paul Friedrich Buckup, presidente por dez anos da federação paulista, acostumou-se desde cedo a treinar e competir com alguns de seus sete irmãos. "Família é bom porque todos conhecem os defeitos de todos."
A possibilidade de retornar a um Pan o empolga não só pela chance de carregar mulher e filho para o evento, mas pela longevidade impressionante.
No último Pan, em 2003, a competidora mais velha do país era Angelamaria Lachtermacher, na época com 51 anos.
Na Olimpíada de 2004, o velejador Torben Grael encabeçava a lista, com 44 anos.
"Sou quase um sexagenário e estou lutando para voltar ao torneio que venci há 28 anos. A sensação é maravilhosa", disse Mário, que minimizou a polêmica sobre a possível retirada da vela no Pan do Rio.
"Estão fazendo um furacão num copo d'água. Tanto a Marina como o Iate Clube podem receber a competição com a estrutura que têm hoje."


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