São Paulo, domingo, 03 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Copa da África faz de seus goleiros "patinhos feios"

Disputa é recheada de estrelas "européias" na linha, mas expõe a carência de arqueiros de alto nível no continente

Na abertura do mata-mata, Costa do Marfim usa camisa 1 "Incerto" contra arqueiro sem clube; Gana e Nigéria têm goleiros "de segunda"

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se todo grande time começa por um grande goleiro, é difícil dizer que as melhores seleções africanas têm um grande time.
Dentre as oito melhores seleções da Copa da África, disputa que dá início hoje ao seu mata-mata com dois jogos, só um goleiro alcançou de fato projeção internacional (e não chegou a um clube de ponta na Europa).
O duelo entre a badalada Costa do Marfim e a sensação Guiné exemplifica bem a dificuldade da África em revelar bons arqueiros. Os marfinenses possuem jogadores de alto nível em todos os setores, mas seu goleiro, Boubacar Barry, ganhou até o apelido de ""Incerto" por suas falhas na seleção favorita ao título continental.
Barry atua no Lokeren, que não está entre os dez primeiros na liga belga, campeonato periférico. Alguns de seus companheiros são astros, como Drogba (Chelsea), Kolo Touré (Arsenal) e Yaya Touré (Barcelona).
Do outro lado do campo na partida de hoje em Sekondi estará um goleiro ainda menos qualificado: Kémoko Camara.
O arqueiro da Guiné, seleção que superou Marrocos no Grupo A, está sem clube no momento. Sua última equipe foi o Amazulu, da África do Sul. Em dezembro, teria despertado interesse no Morton, um dos piores times da segunda divisão da Escócia, mas nada foi definido.
Austine Ejide, o goleiro da tradicional Nigéria, atua em time de segunda divisão. Joga no Bastia, que fez campanha regular na ""Série B francesa". Ejide enfrentará hoje Gana, que tem no arco um reserva do Birmingham -Kingson atuou só uma vez na temporada, e seu clube está muito ameaçado de rebaixamento na Premier League.
Três dos outros goleiros titulares de seleções africanas que estão nas quartas-de-final atuam no próprio continente.
Luis Mamona João, conhecido como Lamá, é o guarda-redes de Angola. Com 1,82 m e 81 kg no seu auge, a Copa-2006 (ficou na reserva), ele defende o Petro de Luanda em seu país, que criou fama na África de ter boa defesa -nesta Copa da África levou dois gols, apenas um a mais que as fortes Costa do Marfim, Gana e Nigéria.
Outro arqueiro que atua em seu próprio país é Kasraoui, o camisa 1 da Tunísia. Ele é atleta do Espérance, mas a esperança dos tunisianos está no ataque. O time, que conta com o brasileiro naturalizado Francileudo dos Santos, marcou cinco gols nos dois primeiros jogos -não anotou no terceiro muito porque o 0 a 0 classificava a equipe.
El Hadary, 35, é o goleiro africano mais em alta na atualidade. Ele defende o Al Ahly e é um líder da seleção que defende o título africano. No Egito (nunca jogou fora), ele é capitão e foi importante na conquista da Copa da África em casa em 2006 -pegou pênaltis de Drogba e Koné. Sua especialidade é mesmo penalidades máximas.
Porém a melhor escola de goleiros da África, ou pelo menos a que mais fez nomes de peso fora do continente, ainda é Camarões. Kameni brilhou com o país na Olimpíada-2000, quando, aos 16 anos, ganhou a medalha de ouro. Quase dois Jogos depois, ele ainda tenta se aproximar em status de ídolos passados, como Nkono e Songo'o.
Kameni está na sua quarta temporada no Espanyol, clube intermediário na Europa. Tem grande reflexo e faz defesas impressionantes, mas não raramente falha em saídas do gol.
Um orgulho para os goleiros africanos: Buffon, italiano que é tido como melhor arqueiro do mundo, deu ao filho o nome de Thomas, homenagem a Nkono.


NA TV - Gana x Nigéria
ESPN Brasil, ao vivo, às 15h

NA TV - Costa do Marfim x Guiné
ESPN, ao vivo, às 18h30



Texto Anterior: Elenco: Muricy perde três titulares para o jogo contra o São Caetano
Próximo Texto: Organização: País-sede, Gana recebe críticas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.