São Paulo, terça-feira, 03 de fevereiro de 2009

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Phelps leva "pito", mas é perdoado por usar maconha

Desculpas do atleta são elogiadas pelos comitês olímpicos internacional e dos EUA e por principais patrocinadores

Entidades também afirmam reprovar comportamento e esperam arrependimento; fumar a droga fora de competição não é doping

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Oito medalhas de ouro olímpicas nos Jogos de Pequim-2008, além de dinheiro e fama mundiais, rendem também certa margem de manobra em termos de comportamento.
O nadador norte-americano Michael Phelps manteve a confiança dos patrocinadores e foi publicamente desculpado pelos comitês olímpicos internacional e dos EUA após um tabloide inglês ter divulgado anteontem foto com o campeão fumando maconha em uma festa em novembro.
A maconha é uma droga ilegal nos EUA, mas Phelps, 23, não rompeu regras da Agência Mundial Antidoping. O uso da substância é considerado infração só quando o atleta é flagrado em testes durante competições. Pelas regras da entidade, aliás, competidores não podem nem ser testados para a droga quando estiverem de folga.
Phelps não deverá ser suspenso ou punido pelo ato, pelo qual pediu desculpas no dia da publicação da foto.
Ainda assim, o nadador poderia ter sido duramente criticado ou perdido patrocinadores, especialmente por ter sido escolhido pelo governo dos EUA no ano passado para estrelar campanha antidrogas. Mas nada disso ocorreu.
A fabricante de materiais esportivos Speedo, que deu ao nadador US$ 1 milhão apenas em bônus pelo recorde de oito ouros conquistados em Pequim, afirmou que "não apoia o comportamento [fumar maconha], mas sabe que Michael se arrepende sinceramente".
"Michael Phelps é um membro valioso da equipe da Speedo e um grande campeão. Faremos todo o possível para apoia-lo e a sua família."
O nadador é o principal garoto-propaganda dos maiôs "high-tech" da marca, que vestiram a grande maioria dos recordistas mundiais em 2008.
Outro patrocinador, a marca de relógios Omega, disse estar "fortemente comprometida" em sua relação com Phelps". Afirmou também que suas vitórias nos Jogos Olímpicos estão "entre os feitos esportivos que definem a história do esporte". "No que se refere à Omega, a história atual na imprensa sobre Michael Phelps não é um assunto [importante]."
O atleta acumula também patrocínios das marcas Mazda, Visa, Subway, AT&T e diversas outras, que, em geral, incluem cláusulas de bom comportamento nos contratos.
Para especialistas em marketing, além do nível de fama, foram as desculpas rápidas de Phelps que minimizaram o efeito do episódio em sua imagem pública.

Exemplo
A foto em que o nadador fuma maconha em uma espécie de cachimbo de vidro foi publicada no tabloide "The News of the World" e foi tirada em uma festa particular quando Phelps visitava a Universidade da Carolina do Sul (EUA), menos de três meses após os Jogos de Pequim -o atleta só voltou a treinar no mês passado.
O Comitê Olímpico Internacional expressou confiança em que Phelps "aprenderá com seu erro" e continuará a ser um exemplo no futuro.
"Michael Phelps é um grande campeão olímpico. Ele se desculpou pelo comportamento inapropriado", afirmou uma porta-voz da entidade ontem.
A Federação de Natação dos EUA seguiu o exemplo do COI. "Obviamente estamos decepcionados (...), mas aceitamos que ninguém é perfeito."
Phelps nunca foi flagrado em um exame antidoping durante toda sua carreira. Ele foi um dos vários atletas norte-americanos que se voluntariaram a participar de um programa de testes adicionais para provar que não usa substâncias que melhoram sua performance.
O flagra com maconha não foi o primeiro episódio envolvendo Phelps e o uso de drogas sociais : em novembro de 2004, o nadador foi detido por dirigir alcoolizado em Maryland e foi condenado a 18 meses de prestação de serviços.
A Agência Antidoping dos EUA afirmou que irá "avaliar se ele continuará no programa" de testes adicionais.


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