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JUCA KFOURI
Ah, os números!
Tão frios e tão sábios!
Primeiro, no sábado, nesta
Folha, os números mostraram
que o fim da parada técnica
aumentou a média de gols no
Campeonato Paulista.
Melhor mesmo só os dados
do Datafolha publicados ontem, fecho de ouro da primeira semana da série País do
Futebol.
A pesquisa foi feita, vale frisar, em 31 de janeiro, sem nenhuma influência, portanto,
da série. E o que revela é demonstração de como a torcida
está adiante da cartolagem.
Nem a série nem a pesquisa
surpreenderam, só ratificaram com fatos o que há décadas vem sendo mostrado aqui
e ali sem que os responsáveis
se mexam -até porque nada
menos que 82% dos paulistanos sabem que existe desvio
de dinheiro em nosso futebol.
Se daí decorre o imobilismo
que impede que tenhamos
aqui uma NBA do futebol, todos os demais números da
pesquisa explicam por que
nossos estádios vivem às moscas e nossos ídolos na Europa.
A Copa do Brasil, única contribuição da atual gestão da
CBF -apesar da imoralidade
dos convites que a caracterizam-, desperta mais interesse até que o Campeonato Brasileiro, certamente porque sua
fórmula não tem mistério.
Já o Campeonato Brasileiro,
que nem merece o nome porque está longe de ser um campeonato nacional de verdade,
ganha com folga do Campeonato Paulista, algo que, enfim, não precisava ser pesquisado, tão baixas têm sido as
médias de público do Estadual.
De quebra, a opinião pública aprova em peso o fim do
passe, acha que os clubes devem pagar impostos, é favorável à transformação dos clubes em empresas e à profissionalização dos dirigentes.
A maioria composta por
60% responsabiliza os cartolas, dos clubes, federações e
CBF pela má administração
do futebol brasileiro e se 23%
ainda acham os dirigentes
ótimos ou bons, 24% os têm
na conta de ruins ou péssimos, o que explica seus guarda-costas.
E agora?
Agora, nada. A cartolagem
continuará resistindo para
não perder a mamata, e o torcedor continuará protestando
passivamente, ausente dos estádios.
Até que o capitalismo atropele essa gente e acabe com a
pirataria.
E até que o Estado brasileiro
cumpra o seu papel, ao dar ao
país a legislação adequada e
ao parar de subsidiar o futebol -além de investigar, julgar e punir os sonegadores.
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