São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2008

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Pista cobra "pedágio" e já revolta atletismo

FLÁVIA FERNANDES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE

Casa da equipe de revezamento 4 x 100 m que ganhou a prata olímpica em Sydney-00, a pista da Unesp, em Presidente Prudente, passa a cobrar pedágio a partir de hoje. A medida desagradou atletas, entre os quais André Domingos, 33, bronze em Atlanta-96 e prata em Sydney, único da vitoriosa equipe de 4 x 100 m que continua treinando no local.
"É um absurdo. Esta pista foi construída para o atletismo, após a nossa conquista em Sydney que emocionou o país. Quando treinávamos numa pista horrível, sem estrutura, ninguém queria cobrar nada."
Com a cobrança, cada atleta federado pagará R$ 37,20 por mês para usar a pista. Além disso, os clubes terão de arcar com despesa mensal de R$ 148.
Segundo o chefe do Departamento de Educação Física da Unesp, Ismael Freitas Júnior, a taxa cobrirá gastos com manutenção da pista, que ganhou piso novo em 2002, obra que custou, à época, R$ 1,5 milhão, despesa dividida entre União, Estado, prefeitura e Unesp.
"Hoje, a reforma completa fica em torno de R$ 600 mil", disse Freitas. Outro motivo da cobrança é a denúncia que chegou ao Conselho Regional de Educação Física, segundo a qual profissionais não habilitados estariam atuando lá. "Isso é para a Unesp se proteger."
Mesmo a pista precisando de reparos -tem bolhas, buracos, rachaduras e a pintura desgastada-, os atletas se opõem à cobrança. "Por quanto tempo a Unesp terá que juntar dinheiro dessa taxa para bancar a reforma?", questiona Domingos.
Esportistas que usam o local devem se reunir com a reitoria para tentar cancelar a cobrança, como já ocorreu no estádio Ícaro de Castro Melo, no Ibirapuera, em São Paulo. "Também quiseram cobrar os atletas lá. Depois viram que o atletismo não é esporte de elite", conta Inaldo Sena, que divide com Jayme Netto a responsabilidade de revelar novos talentos.
Com a cobrança, o local, que já foi pólo nacional da modalidade, pode perder atletas, prevê Sena. A Unesp, porém, diz não temer polêmicas. "Vão reclamar, mas depois todos se acostumam", comenta Freitas.


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