|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Pista cobra "pedágio" e já revolta atletismo
FLÁVIA FERNANDES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM
PRESIDENTE PRUDENTE
Casa da equipe de revezamento 4 x 100 m que ganhou a
prata olímpica em Sydney-00, a
pista da Unesp, em Presidente
Prudente, passa a cobrar pedágio a partir de hoje. A medida
desagradou atletas, entre os
quais André Domingos, 33,
bronze em Atlanta-96 e prata
em Sydney, único da vitoriosa
equipe de 4 x 100 m que continua treinando no local.
"É um absurdo. Esta pista foi
construída para o atletismo,
após a nossa conquista em
Sydney que emocionou o país.
Quando treinávamos numa
pista horrível, sem estrutura,
ninguém queria cobrar nada."
Com a cobrança, cada atleta
federado pagará R$ 37,20 por
mês para usar a pista. Além disso, os clubes terão de arcar com
despesa mensal de R$ 148.
Segundo o chefe do Departamento de Educação Física da
Unesp, Ismael Freitas Júnior, a
taxa cobrirá gastos com manutenção da pista, que ganhou piso novo em 2002, obra que custou, à época, R$ 1,5 milhão, despesa dividida entre União, Estado, prefeitura e Unesp.
"Hoje, a reforma completa fica em torno de R$ 600 mil",
disse Freitas. Outro motivo da
cobrança é a denúncia que chegou ao Conselho Regional de
Educação Física, segundo a
qual profissionais não habilitados estariam atuando lá. "Isso é
para a Unesp se proteger."
Mesmo a pista precisando de
reparos -tem bolhas, buracos,
rachaduras e a pintura desgastada-, os atletas se opõem à cobrança. "Por quanto tempo a
Unesp terá que juntar dinheiro
dessa taxa para bancar a reforma?", questiona Domingos.
Esportistas que usam o local
devem se reunir com a reitoria
para tentar cancelar a cobrança, como já ocorreu no estádio
Ícaro de Castro Melo, no Ibirapuera, em São Paulo. "Também
quiseram cobrar os atletas lá.
Depois viram que o atletismo
não é esporte de elite", conta
Inaldo Sena, que divide com
Jayme Netto a responsabilidade de revelar novos talentos.
Com a cobrança, o local, que
já foi pólo nacional da modalidade, pode perder atletas, prevê Sena. A Unesp, porém, diz
não temer polêmicas. "Vão reclamar, mas depois todos se
acostumam", comenta Freitas.
Texto Anterior: Reunião: Judô pode alterar regras após jogos Próximo Texto: Tênis de mesa: China bate Coréia do Sul e ganha mundial Índice
|