São Paulo, terça-feira, 03 de abril de 2007

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Terceira estrela no Santos não seduz ídolos

Clube quer reconhecimento da Fifa para conquista de 68

JULYANA TRAVAGLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-ponta Edu ainda guarda o lance na memória. "Tínhamos uma cobrança de falta. Passei o pé por cima, o Pelé bateu e o goleiro [Ivano Bordon] espalmou. No rebote, o Toninho Guerreiro marcou", conta. O também ex-ponteiro Abel recorda-se só da marcação acirrada. "Nem me lembro direito do jogo. Só me recordo que tinha um grandalhão que não desgrudava de mim, nem se eu fosse para o banheiro", relata. Memórias precisas ou não, o Santos tenta fazer da Recopa Internacional de 1968, que os dois ex-atletas jogaram, um Mundial reconhecido pela Fifa.
Na esteira do Palmeiras, que conseguiu o reconhecimento da Copa Rio como título mundial, o Santos quer que a taça de 39 anos atrás, obtida com uma vitória por 1 a 0 sobre a Inter de Milão, na Itália, valha uma terceira estrela em sua camisa -o clube tem duas, representando os Mundiais de 1962 e 1963. "O Santos fez vários torneios. Então, o Santos teria uns cinco ou seis títulos mundiais. Torneio assim [como a Copa Rio], o Santos já fez um monte", comentou Pelé, maior atleta da história do clube.
Para conseguir tal façanha e se igualar ao São Paulo, único tricampeão mundial no Brasil, a diretoria do clube reuniu recortes de jornais e relatos da imprensa esportiva da época e os enviou a Fifa. O tricampeonato só é reconhecido pela Conmebol, entidade que dirige o futebol sul-americano. Embora o clube brigue para que a conquista seja aceita como um Mundial, os personagens que viveram aquela partida, já em 1969, e que paralelamente disputavam as finais do Paulista -competição em que também se sagraram campeões-, vêem a chance de se tornarem campeões mundiais sem grande empolgação.
"Seria melhor se fosse reconhecido naquela época", pondera Edu. "Mas é válido, apesar de não mudar muita coisa na minha vida. Não vou ganhar mais dinheiro, será só mais um título no meu currículo." Já Abel Verônico, atual coordenador das categorias de base do clube, vê a chancela da Fifa como algo proveitoso apenas para a agremiação.
"Vai ser bom para o Santos, que vai ter mais uma estrela. Os torcedores também vão gostar, mas não vejo razão pra euforia", falou o ex-ponta, afirmando que, se o Santos convencer a Fifa e organizar alguma celebração, estará presente. "Mas se não conseguir não tem problema. O que passou, passou. O que eu quero é ver o Santos ser campeão hoje. Isso é o que realmente importa."


Colaborou MARIANA CAMPOS , da Agência Folha, em Santos


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