São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2008

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Em alta, André Santos se "acha"

Lateral vira referência no Corintians depois de passagens apagadas por Flamengo e Atlético-MG,

Jogador mais acionado e também o que mais cruza e chuta, ele tenta ser de novo decisivo contra o Fortaleza, hoje, pela Copa do Brasil

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI

DA REPORTAGEM LOCAL Nas peladas de rua na pequena cidade catarinense de Biguaçu (28 km de Florianópolis), André Santos, aos 16 anos, era o bom. No Corinthians de Mano Menezes, que hoje, às 21h30, decide vaga nas oitavas-de-final da Copa do Brasil, contra o Fortaleza, no Morumbi, ele, aos 25, também é o bom. Mais do que isso. Ele se sente o bom.
"Isso, para mim, é muito novo. Eu fico feliz pelo reconhecimento de todos. É uma coisa que você não quer perder. Hoje eu me sinto um dos principais jogadores do Corinthians, sim. Mas as pessoas falam para que eu não deixe subir a cabeça. É preciso ser humilde", disse à Folha, sem falsa modéstia.
A autoconfiança do atleta corintiano é reflexo de sua ascensão meteórica no time alvinegro, sua primeira empreitada de sucesso em um clube grande após passagens apagadas por Flamengo e Atlético-MG.
Em 17 jogos pelo time do Parque São Jorge, André Santos, de fato, virou a principal referência de uma equipe que demonstra limitações, está perto da eliminação no Paulista, mas pode perder até por 1 a 0 para avançar na Copa do Brasil hoje à noite no Morumbi.
Na partida de ida, os corintianos venceram o Fortaleza por 2 a 1, no Ceará.
Segundo o Datafolha, o lateral corintiano é o atleta mais acionado da equipe, com 28,9 bolas recebidas, o que mais realiza cruzamentos (5,9) e o que mais finaliza (3,1). É também o segundo maior lançador corintiano e o vice-artilheiro da equipe, com cinco gols.
"O meu pai analisa tudo o que eu faço em campo. E ele me deu os parabéns. Eu dificilmente erro passes e cruzamentos. E finalizar é uma coisa que aprendi", afirma o atleta, que assume a postura de homem de referência do time corintiano.
"Os jogadores confiam muito em mim, por isso sempre me tocam a bola, porque eles sabem que dificilmente eu vou errar", acredita o lateral.
Desde 1999, quando passou na peneira do Figueirense, até parar no Corinthians, André Santos modificou o jeito de se ver em campo e fora dele.
Em Biguaçu, diz, não queria ser jogador de futebol. Só foi fazer o teste, aos 16 anos, após ser convencido pelos amigos.
"Fomos em dez amigos. Chegamos lá, tinham mais uns 500. Pensei que seria difícil passar. Eu passei, e os outros nove foram dispensados. No dia seguinte, comecei a minha carreira", relembra o lateral.
A partir daí, fala, sua carreira demorou para evoluir. "Eu jogava e não gostava de me expor, não gostava de dar entrevistas. Se fizesse gol ou não, não fazia diferença. Tinha um pouco de medo", afirma.
A transformação em jogador mais decisivo só ocorreu no ano passado, ainda pelo Figueirense, então sob o comando do técnico Mário Sérgio. "Ele montou uma linha com três zagueiros e me deixou muito à vontade e foi aí que aprendi a atacar e fazer grandes jogos", diz.
No Corinthians, Mano Menezes também usa André Santos dessa maneira. Com Carlão atuando como um zagueiro pelo lado esquerdo, André tem liberdade para atacar, joga quase como uma meia. Foi dessa maneira que decidiu o jogo contra o Marília, com dois gols, e manteve o Corinthians vivo no Campeonato Paulista.
"O Mano me mostrou o posicionamento correto. Ele tem paciência com o atleta e tem me mostrado o caminho certo", fala André Santos.
"O André [Santos] fez um grande campeonato pelo Figueirense e aqui tem se destacado. É muito versátil. Sabe jogar com linha de quatro e também com de três jogadores e conclui muito bem", elogia o treinador corintiano.
"Eu almejo jogar na seleção e, para isso, preciso fazer algo diferente. O que eu mais tenho é autocrítica. Quando eu jogo mal, sou o primeiro a falar e apontar meus erros", finaliza.


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