São Paulo, sábado, 03 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MOTOR

Genialidade não basta


História de Newey na F-1 mostra que ter um carro bom é apenas o começo, mas não o fim, de um título mundial


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

"G ÊNIO DA PRANCHETA" tornou-se uma espécie de sobrenome, ou de aposto obrigatório, quando o assunto é Adrian Newey. Não importa que pranchetas estejam fora de uso e que a sigla da hora seja CFD. Ou talvez importe, para mostrar há quanto tempo o gênio está na estrada.
Há 30 anos, recém-saído da universidade, Newey tornava-se pupilo de Harvey Postlethwaite na Fittipaldi e projetava seu primeiro carro na F-1. Mas, sem recursos, a equipe já descia a ladeira. O F9 foi um fiasco.
De lá, o inglês transferiu-se para a March e, em 83, foi encarregado do projeto na Indy. Dois olhos numa terra de cegos. Perdeu o campeonato de 84 para a Lola, mas ganhou em 85 e 86. Pela primeira vez, aplausos.
Como prêmio, em 87 voltou para a F-1, para desenhar o March 881 que Ivan Capelli e Mauricio Gugelmin pilotariam no ano seguinte. Com (bastante) dinheiro japonês da Leyton House, o projeto decolou: a equipe anotou 21 pontos no campeonato, o italiano foi segundo no Estoril e o 881 foi o único carro com motor aspirado (Judd) a liderar uma corrida naquela temporada. Mais aplausos.
Em 89, porém, nem todo o dinheiro japonês foi capaz de sanar as dívidas da March. O carro ficou aquém das expectativas. A Leyton House comprou o time, mas já enrolada na fraude bancária que culminaria na sua falência, esqueceu a F-1. Fiasco em 90. E Newey foi para a Williams.
Começou, então, sua era. Entre 91 e 97, seus carros venceram 58 GPs, quatro Mundiais de Pilotos e cinco de Construtores. Em 98, foi para a McLaren, onde ficou até o fim de 2005: 41 vitórias, um título de Construtores, dois de Pilotos. Quinze boas temporadas, a consagração.
Tudo isso para dizer que não basta a uma equipe contar com um "gênio da prancheta". É preciso dar-lhe condições de executar o trabalho.
Com a grife de Newey, o carro da Red Bull é, de longe, o mais veloz da F-1. Mas, no Bahrein, uma vela acabou com o GP de Vettel. Na Austrália, a culpa foi de uma porca mal colocada. Bonita por fora, a Red Bull é bem feia por dentro. E não adianta: time assim não ganha campeonato.

ESPELHO
Outro gênio, Schumacher desabafou. Disse que não é mágico. Em que pese sua corrida na Austrália ter sido prejudicada pelo toque de Alonso, fato é que alemão sofre do mesmo problema de Newey: sem um trunfo como o difusor de 2009, a Mercedes não tem estrutura para brigar com as grandes. Sim, o heptacampeão ajudou a reconstruir a Ferrari, mas lá se vão 14 anos. Teria fôlego para outra dessas? Duvido.

ESCOLA
Em Oulton Park, a F-3 inglesa começa hoje com quatro brasileiros, maior quórum do país desde 2004: Adriano Buzaid, Gabriel Dias, Lucas Foresti e Felipe Nasr.

fabioseixas.folha@uol.com.br


Texto Anterior: Natação: Cielo vence os 50 m livre em Columbus
Próximo Texto: Contra favoritas, São Caetano tenta mudar Superliga
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.