São Paulo, domingo, 03 de abril de 2011

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Febre de bola

Mania entre jovens brasileiros, a rica liga inglesa vira fenômeno de audiência e puxa aumento da venda de uniformes de clubes

RODRIGO BUENO
DE SÃO PAULO

"Febre de Bola" é o título em português do famoso livro do inglês Nick Hornby sobre um fanático por futebol. Febre de bola é o que a liga inglesa promove no Brasil.
A Folha localizou no Twitter inúmeros grupos de torcedores brasileiros de times ingleses, alguns tão dedicados que transmitem jogos, como as webradios de Liverpool (reds4us.com) e Manchester United (manutdbr.com), e vão a partidas na Inglaterra (a torcida Arsenal Brasil).
Mesmo equipes da segunda divisão, como Burnley, Leeds e Nottingham Forest, e da terceira divisão, como Notts County, já contam com um razoável número de fãs.
No Twitter, os perfis @PremierLGBrasil, @championshipbr e @FlgBrasil têm notícias da badalada primeira divisão, da forte Segundona e de todas as divisões da Inglaterra, respectivamente.
A coqueluche é comprovada por TVs e empresas de material esportivo e se reflete nas ruas, cheias de camisas estrangeiras, e na rede.
"É um tremendo produto. Começamos há poucos meses com o Inglês. A audiência só cresce, o retorno comercial é excelente", diz Américo Martins, superintendente de Jornalismo e Esportes da Rede TV!. "Manchester United x Manchester City teve um share de quase 8%. A audiência é maior na média do que a do Italiano", complementa ele.
Felipe Aquilino, gerente de marketing do Esporte Interativo, mostra com orgulho dados da audiência da Copa da Inglaterra. "Nosso alcance acumulado somente desde janeiro foi de 4,2 milhões de pessoas, 767 mil pessoas na Grande São Paulo."
Robert Mills, gerente de marketing da ESPN, diz que os times ingleses hoje aparecem mais tempo na TV no país do que os brasileiros.
"A TV a cabo destrói. Liverpool, Arsenal, Chelsea estão todo fim de semana com a gente. E, na TV aberta, o torcedor tem mais chance de assistir a Arsenal e Manchester do que ao São Paulo. Não é surpresa você ver menino com a camisa do Manchester e alguém criando blog de time inglês no Brasil", falou.
Segundo dados da ESPN, o Inglês gera mais comentários do que outros campeonatos nacionais. Em média, são 1.109 por partida em 2011, contra 444 do Italiano, 252 do Alemão e 251 do Espanhol, que normalmente ultrapassa mil comentários só em jogos de Barcelona e Real Madrid.
A Nike diz, por meio de sua assessoria, que "houve crescimento na venda de camisas dos times ingleses em 2010/ 11 e que a projeção é de um aumento de 8% para 2011/ 12". As camisas de Barcelona e Manchester United são as de futebol internacional mais vendidas pela marca.
Paulo Ziliotto, gerente de comunicação da Adidas, festeja a ampliação de produtos.
"Nossos cinco top no mundo são Chelsea, Liverpool, Bayern, Real e Milan. O Chelsea não é tão tradicional como o Real e é um fenômeno. Antes, a gente trazia a camisa 1, a principal. Agora vem a 2, a 3, o short, o meião, coisas para fora do campo de jogo. Toda a linha cresceu."
O Chelsea tem inclusive uma ativa torcida feminina no Brasil (@TFCBrasil).
"O grupo foi criado em 8 de abril de 2007. Surgiu no Orkut e foi atraindo as garotas que torciam para os Blues. A ideia de criar a TFC foi da minha irmã, a Lara", conta Maiara Dourado, 22, estudante em Salvador.


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