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Pesquisa diz que árbitros da NBA têm preconceito
Estudiosos apontam que juízes brancos são mais rigorosos com atletas negros
Dupla computou dados de 13 anos para mostrar que questões raciais aparecem nos jogos, mas direção da NBA quer provar o contrário
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A tão propalada democracia
racial da NBA foi posta em xeque por um estudo acadêmico.
Justin Wolfers, professor de
políticas públicas da Universidade da Pensilvânia, e Joseph
Price, estudante de economia
da Cornell, mostraram que arbitragem de brancos pode influenciar o resultado de partidas disputadas por jogadores
predominantemente negros.
Juízes brancos tendem a dar
mais faltas contra negros do
que contra caucasianos. Por
outro lado, a arbitragem de negros costuma marcar mais infrações contra jogadores brancos, embora essa segunda tendência seja menos acentuada.
A diferença na marcação das
faltas é, de acordo com os pesquisadores, "grande o suficiente para que a probabilidade de
um time vencer seja afetada pela composição racial dos árbitros que irão dirigir a partida".
Segundo os números levantados, os negros fazem entre
0,12 e 0,20 mais faltas quando
os três juízes são brancos -isso
representa um aumento entre
2,5% e 4,5% nas marcações.
O resultado do trabalho, que
examinou as temporadas entre
1991 e 2004, foi publicado no
"New York Times". Nesses
campeonatos, foram computados cerca de 600 mil marcações
de falta da arbitragem.
O estudo demonstrou também que outros fundamentos
estatísticos, como pontuação
ou marcação de violações, estão
diretamente relacionados à cor
da pele de jogadores e árbitros.
"A performance do atleta parece cair em todas as estatísticas quando há uma larga oposição racial com a arbitragem",
reportam Wolfers e Price.
Especialistas dos EUA em
questões raciais que examinaram o estudo acreditam que o
preconceito subliminar possa
ter contaminado a principal liga de basquete do planeta.
David Berri, professor da
Universidade Estadual da Califórnia, diz que a NBA espelha o
que já acontece fora da quadra.
"Dado que a liga tem preponderância de afro-americanos,
talvez fosse bom que houvesse
mais árbitros afro-americanos.
Pelo mesmo motivo, não é
aconselhável que seja escalada
força policial branca para a vigilância em bairros negros."
Ian Ayres, professor de direito da Universidade de Yale, diz
que as conclusões da pesquisa
não causam estranheza. "Estaria surpreso se não existisse
preconceito. Há um consenso
de que uma proporção grande
de decisões não acontece por
discriminação racial consciente. É freqüentemente dirigida
de forma inconsciente."
"Quando você força as pessoas a tomarem decisões, elas
não podem evitar, mesmo que
de forma subconsciente, tratar
negros diferente de brancos,
homens diferente de mulheres", complementa o professor.
Envolvidos no campeonato
preferiram ficar distantes da
polêmica. Os treinadores Doc
Rivers, do Boston, e Maurice
Cheeks, do Philadelphia, ambos afro-americanos, não quiseram comentar o assunto.
Já Mark Cuban, dono do Dallas e mais controverso dirigente da NBA, disse que todos têm
preconceitos. "Somos humanos", ponderou o dirigente.
Porém Cuban preferiu não se
pronunciar sobre possível preconceito racial na quadra.
David Stern, homem-forte da
NBA, apressou-se em contrariar as conclusões do estudo.
Segundo ele, a liga levantou números que provam o contrário.
"Acreditamos que nossos dados são mais convincentes e
completos. E eles mostram que
não há preconceito", defende.
Joel Litvin, presidente de
operações da NBA, foi além.
"Essa pesquisa está errada. Pelas estatísticas, eles só podem
computar as decisões coletivas
dos três árbitros que atuaram
na partida. Somos capazes de
analisá-las individualmente."
Os dados foram coletados
nos campeonatos disputados
entre 2004 e 2007 e incluiriam
cerca de 148 mil marcações dos
árbitros. Litvin, porém, eximiu-se de apresentar os números individuais, pois isso afetaria o acordo de confidencialidade que há entre os árbitros.
Com agências internacionais
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