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Federações lucram com inchaço dos Estaduais
Campeonatos mais importantes chegam ao fim com muitos jogos e taxas salgadas
Em relação a 2001, principais torneios do país tiveram 132 partidas a mais neste ano, alguns com 10% da renda ficando com as federações
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O torcedor, pelo ritmo em
que comprou ingressos, não irá
sentir nenhuma saudade dos
principais Estaduais do país
-todos os que têm clubes que
estão na primeira divisão do
Brasileiro já foram finalizados.
O mesmo não vai acontecer
com os cartolas que comandam
as federações estaduais.
Com um lobby que acabou
com os torneios regionais do
início da década, eles conseguiram mais datas para os seus
campeonatos. Em 2001, os estaduais que hoje têm representantes na elite nacional tiveram
961 jogos. Nesta temporada, foram 1.093, aumento de 14%.
Nos dois casos não entram na
conta os jogos válidos por títulos secundários, como o "campeão do interior" paulista.
E, apesar das baixas médias
de público, um número maior
de jogos, junto com ingressos
mais caros, fez que as salgadas
taxas cobradas irrigassem os
cofres das federações -tanto
no Rio, que há três anos beirava
os 10 mil torcedores por partida, quanto em São Paulo, ficaram abaixo dos 7 mil pagantes.
Nos jogos organizados pela
CBF, o limite máximo destinado às entidades estaduais é de
5% da renda bruta.
Mas, entre os principais Estados do país, o único que respeita esse limite é São Paulo
-ainda assim, a Federação
Paulista terminou o torneio da
primeira divisão com quase R$
2 milhões arrecadados com a
taxa recolhida das rendas brutas de todas as partidas.
Na maioria dos Estados com
os campeonatos mais tradicionais, as taxas são mais salgadas.
No Rio, por exemplo, ela é de
10%. Assim, a federação ganhou com o torneio que organiza quase R$ 1,5 milhão. Isso numa competição em que quase
dois terços dos jogos deram
prejuízo: a venda de ingressos
não produziu dinheiro suficiente para pagar as despesas.
As federações lucram com os
jogos mesmo tendo poucas despesas nessas partidas.
As taxas que variam entre 5%
e 10% não eximem o clube de
outras despesas.
Em Minas, por exemplo,
além dos 10% repassados à federação existe uma "taxa de
participação" em cada jogo que
muitas vezes é maior do que a
própria renda bruta.
Foi o que aconteceu, por
exemplo, no jogo entre Caldense e América de Teófilo Otoni.
Nesse confronto, foram arrecadados só R$ 3,9 mil com ingressos. Mas a federação, além
da alíquota fixa de 10%, cobrou
uma "taxa de participação" de
R$ 7,67 mil. No final das contas,
a partida pelo Mineiro deu um
prejuízo de R$ 8,8 mil para o time de Poços de Caldas.
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