São Paulo, segunda-feira, 03 de maio de 2010

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Federações lucram com inchaço dos Estaduais

Campeonatos mais importantes chegam ao fim com muitos jogos e taxas salgadas

Em relação a 2001, principais torneios do país tiveram 132 partidas a mais neste ano, alguns com 10% da renda ficando com as federações

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O torcedor, pelo ritmo em que comprou ingressos, não irá sentir nenhuma saudade dos principais Estaduais do país -todos os que têm clubes que estão na primeira divisão do Brasileiro já foram finalizados.
O mesmo não vai acontecer com os cartolas que comandam as federações estaduais.
Com um lobby que acabou com os torneios regionais do início da década, eles conseguiram mais datas para os seus campeonatos. Em 2001, os estaduais que hoje têm representantes na elite nacional tiveram 961 jogos. Nesta temporada, foram 1.093, aumento de 14%.
Nos dois casos não entram na conta os jogos válidos por títulos secundários, como o "campeão do interior" paulista.
E, apesar das baixas médias de público, um número maior de jogos, junto com ingressos mais caros, fez que as salgadas taxas cobradas irrigassem os cofres das federações -tanto no Rio, que há três anos beirava os 10 mil torcedores por partida, quanto em São Paulo, ficaram abaixo dos 7 mil pagantes.
Nos jogos organizados pela CBF, o limite máximo destinado às entidades estaduais é de 5% da renda bruta.
Mas, entre os principais Estados do país, o único que respeita esse limite é São Paulo -ainda assim, a Federação Paulista terminou o torneio da primeira divisão com quase R$ 2 milhões arrecadados com a taxa recolhida das rendas brutas de todas as partidas.
Na maioria dos Estados com os campeonatos mais tradicionais, as taxas são mais salgadas.
No Rio, por exemplo, ela é de 10%. Assim, a federação ganhou com o torneio que organiza quase R$ 1,5 milhão. Isso numa competição em que quase dois terços dos jogos deram prejuízo: a venda de ingressos não produziu dinheiro suficiente para pagar as despesas.
As federações lucram com os jogos mesmo tendo poucas despesas nessas partidas.
As taxas que variam entre 5% e 10% não eximem o clube de outras despesas.
Em Minas, por exemplo, além dos 10% repassados à federação existe uma "taxa de participação" em cada jogo que muitas vezes é maior do que a própria renda bruta.
Foi o que aconteceu, por exemplo, no jogo entre Caldense e América de Teófilo Otoni.
Nesse confronto, foram arrecadados só R$ 3,9 mil com ingressos. Mas a federação, além da alíquota fixa de 10%, cobrou uma "taxa de participação" de R$ 7,67 mil. No final das contas, a partida pelo Mineiro deu um prejuízo de R$ 8,8 mil para o time de Poços de Caldas.


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