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Copa 2006
Táticos, "italianos" dão estabilidade a quadrado
Brasileiros que atuam no "calcio" captam melhor visão de Parreira
Enquanto os "espanhóis" Ronaldinho e Ronaldo quase não abordam o assunto, Kaká, Emerson, Adriano e Cafu sentem-se à vontade
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A WEGGIS
Muita gente acha o futebol
italiano um porre por colocar a
tática à frente da técnica. Mas,
na campanha da seleção brasileira na Copa alemã, essa qualidade será decisiva para fazer o
quarteto mágico funcionar.
Fora a própria Itália, claro,
nenhuma seleção tem tantos
jogadores atuando no "calcio"
como o Brasil. São seis ao todo,
sendo que o único que não é titular é o goleiro Júlio César. E
os quatro que jogam na linha
(Dida é o titular no gol) parecem mais adaptados ao esquema de Carlos Alberto Parreira.
O milanista Cafu não tem dado os mesmos espaços para os
contra-ataques que o "espanhol" Roberto Carlos.
Emerson, da Juventus, vem
protegendo os zagueiros bem.
Kaká, outro do Milan, é a peça-chave do quarteto e consegue
na seleção ofuscar até Ronaldinho, o melhor do mundo.
No ataque, Adriano, jogador
da Inter de Milão, goleia Ronaldo na artilharia desde que o tal
quarteto foi montado.
E todos eles apontam a vivência na Itália pela leitura
mais rápida das instruções dadas por Parreira na seleção.
"Hoje eu enxergo muito mais
o jogo. A disciplina tática na
Itália é muito exigida. Uma coisa é enxergar o jogo taticamente de fora do campo, outra é fazer isso jogando, de cabeça
quente. Na Itália, aprendi a fazer isso, a observar como o rival
está taticamente", afirma Kaká.
"É uma vantagem. O europeu, principalmente o italiano,
é quase perfeito taticamente.
Eles dão muita ênfase para a
parte da disciplina tática. E isso
é uma vantagem para nós, brasileiros, quando o professor
Parreira pede para a gente se
adaptar ao esquema que ele
quer", acrescenta Cafu.
"Futebol na Itália é muito tático, muita força. E isso facilita
para a gente quando chega à seleção", analisa Adriano.
Enquanto muitos jogadores,
como Ronaldo e Ronaldinho,
pouco falam de funções táticas
nas entrevistas, os "italianos"
da seleção dissertam sobre o tema com bastante facilidade.
"Não existe essa história de
quadrado. A gente vai mudando
a formação conforme o jogo. Na
hora de defender, quando a jogada é pela direita, fico perto do
Ronaldinho. Se roubo a bola,
meu primeiro passe é para ele",
diz Kaká, que mostrava muito
entusiasmo quando falava ontem sobre o tema no hotel que
abriga a seleção em Weggis.
Cafu pede prudência aos colegas para fazer o esquema de
Parreira vingar. "No dia do jogo, não vamos atacar com sete.
A responsabilidade de atacar é
dos quatro da frente." O lateral
não entra na onda de excesso
de otimismo sobre a escolha do
treinador. "Só vamos saber se o
quarteto vai funcionar quando
a Copa começar."
O capitão até fala em seguir
os passos de um ídolo italiano.
"Acho que vou para a zaga,
será mais fácil, já que tenho noção de posicionamento. Quem
sabe serei um [Franco] Baresi
da vida", fala o lateral, citando o
italiano que brilhou como zagueiro do Milan e de sua seleção já perto de fazer 40 anos.
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