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Opinião
Partida de abertura é sempre nervosa
FRANZ BECKENBAUER
ESPECIAL PARA A FOLHA
Na partida de estréia em
Copa, você entra em campo
com as mãos suadas e os joelhos trêmulos. Sabe que haverá por volta de 1 bilhão de
pessoas assistindo ao jogo. E
será pior para cada um dos
22 atletas da abertura de 9 de
junho, no jogo entre a anfitriã Alemanha e a Costa Rica.
Por um lado, eu os invejo,
porque nunca participei da
partida inaugural de um
Mundial. Por outro, preocupo-me com os mais jovens.
Eles sofrerão com um extremo nervosismo e terão que
manter um país satisfeito.
Também sinto simpatia
pela Costa Rica, ainda que tenha muito menos a perder.
É raro que atletas inexperientes joguem a partida de
abertura. Mas tudo muda.
Em minha primeira Copa,
há 40 anos, as coisas eram diferentes. A mídia equivalia a
no máximo 3% da atual. Hoje
não só o jogo interessa mas
tudo que o cerca.
Em 66, na Inglaterra, eu
estava nervoso antes de estrear na Copa. Mas os vetaranos do time, como Uwe Seeler, Willi Schulz e Karl-Heinz Schnellinger, ajudaram-me. "Rapaz, não se deixe enlouquecer, é só mais um
jogo", eles me diziam.
Foi uma partida fácil em
que vencemos a Suíça (5 a 0),
então um time muito mais
fraco que a seleção atual do
país. Fiz dois gols, o terceiro
e o quarto. Subitamente, tornei-me conhecido no mundo
inteiro pelas minhas arrancadas em direção ao ataque.
A coisa foi fácil para mim
porque os mais experientes
arcavam com a responsabilidade. Em 70, no México, eu
estava bem mais calmo na
estréia, contra o Marrocos.
Sabia o que esperar, apesar
da magra vitória por 2 a 1.
Em 74, eu não era mais novato, mas fiquei muito mais
tenso porque éramos os favoritos, ao lado da Holanda, e
porque a Copa era em casa. O
fato de ser o capitão do time e
ter grandes responsabilidades ampliaram a tensão.
Além disso, a mídia se fazia
mais presente. Cada passo
era comentado, e a lendária
noite em que negociamos os
prêmios pela Copa e eu tive
que impedir o técnico Helmut Schoen de deixar o time
ainda são tema popular.
Por isso imagine como foi
o alívio quando Paul Breitner, que havia afrontado
Schoen sobre os prêmios, fez
o gol do 1 a 0 sobre o Chile.
Lembro-me bem de como
a pressão quase sumiu. Um
bom começo em uma Copa
não tem preço, mesmo que
as preocupações seguissem
até nossa vitória por 2 a 1
contra a Holanda na final.
Desta vez, eu não devo
sentir nervosismo. Espero
ver a abertura em Munique
com a sensação de que fiz tudo para o sucesso da Copa.
FRANZ BECKENBAUER foi campeão mundial em 1974 como jogador e em 1990 como
treinador da seleção alemã e hoje é presidente do Comitê Organizador da Copa-2006
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