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Copa-2014 experimenta sua primeira crise, em SP
Morumbi vira pivô de disputas políticas e já sente "concorrência" de nova arena
São-paulinos enxergam boicote ao estádio em duas
frentes, uma de cidades
concorrentes pela abertura
e outra do próprio comitê
EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Copa de 2014 já experimenta sua primeira crise. São
Paulo, ou mais precisamente o
estádio do Morumbi, é alvo de
uma disputa em público técnica, mas evidentemente política
nos bastidores. O maior estádio
privado do país, até então favorito a receber a abertura do
Mundial, pode perdê-la e, mais,
deixar até de ser sede.
Tecnicamente, o projeto de
reforma do Morumbi apresentado pelo arquiteto Ruy Ohtake
à Fifa não propõe intervenções
profundas. Sendo assim, persistem problemas de visibilidade para o espectador (pontos
cegos), mau posicionamento do
setor de imprensa e dos camarotes e vagas escassas para o estacionamento, entre outros.
Isso não é novidade, mas a
temperatura da discussão subiu nos últimos dias a ponto de
o São Paulo, acuado, buscar
amanhã uma parceria com o escritório de arquitetura americano Davis Brody Bond Aedas.
Juntamente com Ohtake, deve apresentar um novo projeto
ao COL (Comitê Organizador
Local) na segunda-feira.
Os problemas técnicos viraram munição para desencadear
duas disputas políticas. Uma,
mais ampla, que diz respeito à
corrida de São Paulo, Belo Horizonte e Brasília para abrigar o
jogo de abertura do Mundial e o
Congresso da Fifa. Outra, doméstica, em que há pressão para que se construa uma nova
arena na capital paulista.
"Eu acho engraçado não falarem de sede que nem terreno
para construção de estádio tem
e de sede cujo melhor time é da
quarta divisão. A coisa é eminentemente política", afirmou
Adalberto Baptista, diretor de
marketing do São Paulo, em referência aos projetos de outras
cidades-sede do Mundial.
O secretário-geral da Fifa,
Jérôme Valcke, fez críticas
abertas ao projeto do Morumbi. Já a CBF ainda não se manifestou publicamente, mas os
problemas do estádio podem
servir para a entidade justificar
uma eventual escolha de Belo
Horizonte ou Brasília como sede da abertura, algo que só será
anunciado no ano que vem.
São Paulo é a cidade, entre as
12 sedes anunciadas no último
domingo, sobre a qual a CBF
tem menor influência política.
O governador José Serra mantém relações apenas cordiais
com o presidente da entidade e
do COL, Ricardo Teixeira.
Bem diferente do que ocorre,
por exemplo, com o governador
mineiro, Aécio Neves, amigo
íntimo de Teixeira. Entre dois
tucanos, a sucessão presidencial de 2010 poderá ajudar a definir quem vencerá a queda de
braço pelo jogo inaugural.
Reservadamente, dirigentes
do São Paulo dizem que Serra
nem defende nem engrossa o
coro da oposição ao Morumbi.
Membros do comitê paulistano admitem que os ataques
ao estádio são um recado da
confederação para que o Estado se prepare para financiar a
construção de uma nova arena
caso a cidade não queira perder
o privilégio de abrir o Mundial.
Em São Paulo, a posição crítica da CBF em relação ao Morumbi encontra eco na Federação Paulista de Futebol e até
mesmo entre alguns membros
do comitê paulistano.
O novo estádio, erguido provavelmente com dinheiro público, já teria local, Pirituba (zona oeste), e até um futuro concessionário, o Corinthians.
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