São Paulo, quarta-feira, 03 de junho de 2009

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Copa-2014 experimenta sua primeira crise, em SP

Morumbi vira pivô de disputas políticas e já sente "concorrência" de nova arena

São-paulinos enxergam boicote ao estádio em duas frentes, uma de cidades concorrentes pela abertura e outra do próprio comitê


EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Copa de 2014 já experimenta sua primeira crise. São Paulo, ou mais precisamente o estádio do Morumbi, é alvo de uma disputa em público técnica, mas evidentemente política nos bastidores. O maior estádio privado do país, até então favorito a receber a abertura do Mundial, pode perdê-la e, mais, deixar até de ser sede.
Tecnicamente, o projeto de reforma do Morumbi apresentado pelo arquiteto Ruy Ohtake à Fifa não propõe intervenções profundas. Sendo assim, persistem problemas de visibilidade para o espectador (pontos cegos), mau posicionamento do setor de imprensa e dos camarotes e vagas escassas para o estacionamento, entre outros.
Isso não é novidade, mas a temperatura da discussão subiu nos últimos dias a ponto de o São Paulo, acuado, buscar amanhã uma parceria com o escritório de arquitetura americano Davis Brody Bond Aedas.
Juntamente com Ohtake, deve apresentar um novo projeto ao COL (Comitê Organizador Local) na segunda-feira.
Os problemas técnicos viraram munição para desencadear duas disputas políticas. Uma, mais ampla, que diz respeito à corrida de São Paulo, Belo Horizonte e Brasília para abrigar o jogo de abertura do Mundial e o Congresso da Fifa. Outra, doméstica, em que há pressão para que se construa uma nova arena na capital paulista.
"Eu acho engraçado não falarem de sede que nem terreno para construção de estádio tem e de sede cujo melhor time é da quarta divisão. A coisa é eminentemente política", afirmou Adalberto Baptista, diretor de marketing do São Paulo, em referência aos projetos de outras cidades-sede do Mundial.
O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, fez críticas abertas ao projeto do Morumbi. Já a CBF ainda não se manifestou publicamente, mas os problemas do estádio podem servir para a entidade justificar uma eventual escolha de Belo Horizonte ou Brasília como sede da abertura, algo que só será anunciado no ano que vem.
São Paulo é a cidade, entre as 12 sedes anunciadas no último domingo, sobre a qual a CBF tem menor influência política. O governador José Serra mantém relações apenas cordiais com o presidente da entidade e do COL, Ricardo Teixeira.
Bem diferente do que ocorre, por exemplo, com o governador mineiro, Aécio Neves, amigo íntimo de Teixeira. Entre dois tucanos, a sucessão presidencial de 2010 poderá ajudar a definir quem vencerá a queda de braço pelo jogo inaugural.
Reservadamente, dirigentes do São Paulo dizem que Serra nem defende nem engrossa o coro da oposição ao Morumbi.
Membros do comitê paulistano admitem que os ataques ao estádio são um recado da confederação para que o Estado se prepare para financiar a construção de uma nova arena caso a cidade não queira perder o privilégio de abrir o Mundial.
Em São Paulo, a posição crítica da CBF em relação ao Morumbi encontra eco na Federação Paulista de Futebol e até mesmo entre alguns membros do comitê paulistano.
O novo estádio, erguido provavelmente com dinheiro público, já teria local, Pirituba (zona oeste), e até um futuro concessionário, o Corinthians.


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