Marco Aurélio Garcia afirma que amistoso é um acerto direto entre CBF e Zimbábue

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Sob críticas por suas negociações com o Irã e por posições condescendentes com outros regimes ditatoriais, o governo brasileiro disse ontem que não teve nada a ver com o amistoso entre Brasil e Zimbábue e que não aprova nem desaprova a iniciativa.
Segundo o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, o jogo foi acertado pela CBF.
"Não tem nenhuma característica de operação diplomática. É como o Brasil jogar contra a Coreia do Norte oficialmente na Copa. O governo não tem nenhuma influência nem numa coisa nem na outra", disse ele.
O Zimbábue e a Coreia do Norte são condenados internacionalmente como ditaduras, mas o jogo oficial é por sorteio, enquanto o amistoso é por escolha. Ao dizer que a escolha foi da confederação, o governo lava as mãos.
O esforço do Planalto e do Itamaraty é para se desvincular de mais um país isolado na comunidade internacional, já que o Brasil tem sido criticado como indulgente com regimes acusados de abusos, como os de Congo, Sudão e Coreia do Norte.
A comunidade internacional condena esses regimes, mas o Brasil costuma se abster, como no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Alega que o diálogo é menos perigoso que o isolamento.
Garcia também negou que Lula tenha se encontrado em Teerã com o ditador do Zimbábue, Robert Mugabe.
Segundo ele, Lula esteve na capital do Irã para assinar o acordo trilateral (Brasil, Irã e Turquia) sobre o programa nuclear iraniano e depois foi à abertura da reunião do G-15 (grupo de países em desenvolvimento, não alinhados).
"Se os dois se encontraram, foi antes de começar a solenidade, junto com outros presidentes. Nesse caso, certamente o presidente foi cordial com Mugabe, como seria com qualquer outro chefe de Estado", disse o assessor.
Eles são amigos, como declarou Mugabe à Folha?
"Todo mundo agora é amigo do Lula", riu Garcia.


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