São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para Parreira, Brasil tem de "enterrar o defunto"

"Não vamos fazer uma caça às bruxas", pede ele, recomendando foco no futuro

Técnico fala que vai "lamber as feridas", critica os pedidos de espetáculo e afirma que exposição excessiva do time foi um enorme "Big Brother"

DOS ENVIADOS A FRANKFURT

Ele não se escondeu na hora de derrota. Abatido, mostrou calma e falou com mais veemência do que de costume. Carlos Alberto Parreira, 63, deu entrevista coletiva menos de 24 horas após a eliminação. Ladeado pelos velhos colegas Américo Faria e Zagallo, defendeu o time e fez mistério sobre seu futuro.0 (EDUARDO ARRUDA, FÁBIO VICTOR, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
 
BALANÇO DA COPA
""É hora de lamber as feridas. Refletir sobre o que aconteceu. Temos que olhar para o passado para chegar neste momento. A história do futebol brasileiro é rica. Embora tenha ficado 24 anos sem vencer, seguiu forte. Após 94, foi um tropeço grande para um time que sempre tem de ser campeão. Lamento o que aconteceu. Estamos tristes."

CULPADOS
""Não vamos fazer uma caça às bruxas. Temos que refletir e trabalhar nos próximos quatro anos para voltar a brilhar. Tenho certeza disso. O futebol brasileiro é muito forte. Temos que começar a projetar o futuro. Enterrar o defunto com dignidade e ressurgir das cinzas."

O FUTURO
"O meu futuro deixei praticamente combinado com o presidente [Ricardo Teixeira]. Depois da Copa, vamos nos reunir e definir o futuro. E vou falar com vocês."

SHOW
"Foi criada uma expectativa muito grande. Não basta ganhar, tem que dar show. Mas pergunto: quem está dando show? Vencer na Europa é muito difícil. Sabíamos disso."

SUPEREXPOSIÇÃO
"Virou um "Big Brother" enorme. O trabalho foi monitorado desde o início. Não atrapalhou. Tivemos uma consciência profissional muito grande. A comissão [técnica] é experiente, os atletas foram profissionais, e fizemos o que pretendíamos. Mas não é fácil trabalhar com 800 pessoas te observando por 40 dias. Parece que estou aqui há quatro meses."

RONALDINHO
"O Ronaldinho chegou com uma expectativa muito grande. Era o melhor do mundo e até conviveu bem com isso. Sempre esperamos algumas coisas a mais pelo talento que tem. Não gostaria de individualizar. Podemos acabar estigmatizando um jogador achando que perdemos a Copa por causa do Ronaldinho. Lembro bem o que ocorreu com o Dunga em 90. Tivemos que trazê-lo de volta para levantar a taça quatro anos depois. O Ronaldo também foi crucificado. Temos os melhores jogadores do mundo e precisamos apoiá-los. Ele não foi eleito duas vezes o melhor do mundo por acaso. Foi porque tem talento e qualidades."

SOLIDÃO
"O técnico é um solitário por natureza, mas não me senti sozinho. Tenho companheiros maravilhosos."

CURRÍCULO
"Não estou preocupado com este fato [perder uma Copa]. Tenho 120 jogos pelo Brasil, uma vitória, uma derrota. Dirigi seleções em cinco Copas, sou o segundo treinador que mais trabalhou em jogos do Mundial. Tem muita coisa boa, e não vou ficar com a derrota. O lado positivo vou levar sempre."

As explicações de Parreira para o fracasso brasileiro na Alemanha www.folha.com.br/061831


Texto Anterior: Campeão, só no treino
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.