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Na saída do hotel, torcida hostiliza atletas e técnico
Principal alvo é Roberto Carlos, responsabilizado pelo gol da França, mas sobram vaias até para o médico da seleção
Lateral mantém silêncio da véspera; Parreira é forçado a ouvir gritos pedindo a volta de seu antecessor, Luiz Felipe Scolari, ao cargo
DOS ENVIADOS A FRANKFURT
Numa travessa estreita de
Frankfurt, protegida por grades e um pequeno exército de
policiais, confirmou-se o fim do
casamento entre os torcedores
e a mais badalada seleção brasileira dos últimos anos.
Os mesmos brasileiros que
pouco apoiaram o time nas arquibancadas da Alemanha foram cruéis com os jogadores,
especialmente o lateral-esquerdo Roberto Carlos, e a comissão técnica, representada
aqui basicamente na figura de
Carlos Alberto Parreira (apesar
de até o médico José Luiz Runco ter sido xingado quando se
aventurou por um passeio por
um dos centros financeiros da
Europa na hora do almoço).
Quem saiu mais cedo, como
Ronaldinho e Adriano, conseguiu se livrar da ira dos fãs. Mas
alguns só saíram do hotel durante o dia e se arrependeram.
Já colocado como um dos vilões pela eliminação por estar
ajeitando a meia enquanto
Henry avançava para a área para marcar o gol da vitória francesa, Roberto Carlos foi xingado por dezenas de pessoas.
Para uma torcedora, o lateral
fez sinal com o dedo exigindo
silêncio. Como já havia feito na
véspera após o jogo, quando
disse que não falaria com a imprensa porque seu pai não o autorizou, o jogador do Real Madrid não abriu a boca.
De acordo com sua assessora,
o lateral-esquerdo foi para a
Espanha, assim como Ronaldo,
que saiu do hotel acompanhado
da namorada Raica de Oliveira,
que havia chegado lá durante a
madrugada, e Ronaldinho. Dessa forma, a missão de dar explicações sobre o fracasso na Alemanha vai ficar nas mãos de
Parreira e de jogadores que
pouco participaram ou nem entraram em campo na competição, como Mineiro, Rogério e
Ricardinho (Cafu é o único titular que resolveu enfrentar a recepção de hoje).
Quando os jogadores que não
abandonaram a delegação saíram para pegar o ônibus que os
levaria até o aeroporto, eram
quase duas centenas de torcedores e curiosos. E aí a coisa se
radicalizou. Primeiro, eram gritos de "mercenários." Depois, o
tradicional "hit" das organizadas: "Vergonha, time sem vergonha". Por último, um que dizia que a seleção era a "vergonha nacional". Mas o pior sobrou para Parreira.
Ofensas pesadas eram endereçadas a ele ao mesmo tempo
que muita gente gritava o nome
de Luiz Felipe Scolari, seu antecessor no cargo.
No aeroporto de Frankfurt,
onde embarcaram em vôos da
Varig, os jogadores não foram
incomodados por outros torcedores -alguns até deram palavras de apoio aos jogadores.
Hoje, quando quem sobrou
desembarca no Brasil em dois
vôos (um no Rio e outro em São
Paulo), é bem possível que os
mesmos xingamentos se repitam, provavelmente em maior
escala. Há um mês, poucos imaginariam que o superfavorito
ao título da Copa da Alemanha
acabaria desse jeito.
(EDUARDO ARRUDA, FÁBIO VICTOR, PAULO COBOS,
RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
Em tempo real: o amargo regresso ao país www.folha.com.br/copa2006
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