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O que sobra
Sem arriscar em 4 anos na seleção, Dunga deixa legado técnico nulo na equipe, que começará sem base o percurso para 2014
DOS ENVIADOS A PORT ELIZABETH
Eliminado da Copa-2010, o
treinador Dunga se gabou
ontem de ter "resgatado o orgulho" de jogadores e torcedores da seleção brasileira.
Mas o legado técnico, futebolístico, deixado pelo comandante gaúcho, depois de
quase quatro anos de trabalho à frente do time, é nulo.
Dunga morreu abraçado a
seu grupo e a suas convicções. Quase nunca arriscou
e, por isso, deixa terra arrasada para seu sucessor.
Do time que foi varrido do
Mundial da África do Sul ontem, pela Holanda, não sobra uma base para a próxima
Copa, em 2014, no Brasil.
Ao montar a equipe que
fracassou em solo sul-africano, o técnico da seleção brasileira ignorou toda uma geração de jovens talentosos,
muitos deles com boa rodagem no time nacional, como
o atacante Alexandre Pato e o
lateral esquerdo Marcelo.
"Eu quero ganhar agora,
não posso pensar em 2014",
declarou há quase dois meses, quando escolheu seus 23
jogadores. Ignorou o clamor
popular pelo meia Paulo
Henrique Ganso, 20, e pelo
atacante Neymar, 18.
Enquanto isso, incluiu na
lista jogadores com os quais
claramente não quis contar
durante as partidas da Copa,
como o volante Kleberson,
do Flamengo, e o atacante
Grafite, do Wolfsburg.
Por fidelidade e "coerência" levou ao Mundial dois
goleiros reservas veteranos:
Gomes, 29, do Tottenham, e
Doni, 30, da Roma, que dificilmente serão lembrados
para as próximas competições. Enquanto isso, Victor,
27, e Renan, 24, viram o Mundial da África do Sul pela TV.
Os únicos jogadores "revelados" por Dunga em seu
tempo como técnico da seleção brasileira foram o meio-
-campista Ramires, 23, do
Benfica, e o zagueiro Thiago
Silva, 24, do Milan.
Os dois são os únicos sobreviventes do time que defendeu o Brasil nos Jogos
Olímpicos de Pequim, quando a seleção terminou com a
medalha de bronze e viu a Argentina conquistar o ouro.
A Olimpíada de 2008,
aliás, foi a única competição
em que Dunga teve que trabalhar com um grupo de jogadores jovens -dos 18 convocados para o torneio na
China, só Ronaldinho, 30, estava fora do limite de 23 anos.
Depois do fracasso em Pequim, o técnico deixou de
convocar vários jogadores
que, até então, eram presença constante em suas listas.
Casos do meia Diego, da Juventus, e do atacante Rafael
Sobis, do Internacional.
Também perderam lugar
na seleção o lateral direito
Rafinha, que brigou com o
Shalke 04 para defender o
Brasil em Pequim, e os volantes Lucas, do Liverpool, e
Hernanes, do São Paulo.
O volante Gilberto Silva,
33, um dos mais velhos do
grupo, fez questão de defender o trabalho do técnico,
que o levou para a terceira
Copa do Mundo. "Fizemos
tudo certo, perdemos por detalhes", declarou.
(EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ, PAULO
COBOS E SÉRGIO RANGEL)
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