São Paulo, domingo, 03 de julho de 2011

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Unicef faz campanha antidiscriminação

COPA AMÉRICA
Na Argentina, entidade distribui manual para jornalistas evitarem racismo e homofobia

DO ENVIADO A BUENOS AIRES

A Copa América ganhou reforço internacional na luta contra a discriminação. O Unicef, parceiro oficial do torneio desde 2004, promove uma campanha no país-sede até com os jornalistas para evitar casos de racismo, homofobia, xenofobia etc.
A entidade, que tem acordo com a Confederação Sul- -Americana de Futebol, tenta difundir o respeito à diversidade durante a competição.
Na Copa América, tradicionalmente acontecem provocações que vão além das rivalidades esportivas.
Cânticos ou apelidos que podem ter cunho racista ou homofóbico viraram algo até corriqueiro em estádios sul- -americanos. Brasileiros, por exemplo, costumam ser chamados de "macaquitos" ou "maricones" por vizinhos.
No futebol argentino, ainda não há um número significativo de negros atuando, e algumas seleções, como as de Brasil, Colômbia e Equador, têm vários atletas que podem ser alvo de racismo.
Há um grande número de cidadãos de nações vizinhas da Argentina, notadamente bolivianos e paraguaios, que normalmente não têm as melhores condições no país. No final de 2010, houve casos de xenofobia contra imigrantes oriundos desses países.
Mauricio Macri, prefeito de Buenos Aires, chegou a associar o crime organizado no país e a "favelização" de áreas da periferia à presença de imigrantes na cidade.
Após a repercussão negativa da frase de Macri no Paraguai e na Bolívia, Cristina Kirchner pediu "desculpas aos países irmãos que tenham se sentido ofendidos". Disse que a Argentina não entraria no "clube" dos países xenófobos do mundo.
Bolivianos e paraguaios, normalmente associados na Argentina ao Boca Juniors, clube mais popular do país, são tratados pejorativamente como "bosteros" pelos rivais.
A torcida do Independiente por vezes leva bandeiras e objetos de Bolívia e Paraguai para insultar adversários.
Também por isso, a campanha do Unicef neste ano vai além de alertar contra racismo, algo que é comum em competições de Fifa e Uefa.
Dentre as 15 sugestões dadas pela entidade aos jornalistas, em uma espécie de manual de imprensa, estão excluir "termos pejorativos associados às diversas nacionalidades dos atletas".
O manual do Unicef ainda pede que, pelo "caráter regional do torneio", sejam incluídas na cobertura informações sobre os países.
Na América do Sul, que tem rivalidades históricas até por questões fronteiriças (casos de Bolívia, Chile e Peru), argentinos também sofrem com a fama de egocêntricos.
Um comercial do canal argentino TyC Sports para a Copa América trata disso com humor. Um humorista conta piadas sobre a "superioridade" dos argentinos que são desmentidas ou ilustradas com cenas de renomados jogadores do país, como Messi. (RODRIGO BUENO)


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