DO ENVIADO A ATENAS

Receber orientação e ouvir conselhos de um ex-campeão mundial nos derradeiros momentos da preparação para a Olimpíada.
A aposta de Torben Grael e Marcelo Ferreira para treinar em Atenas estava arquitetada até ontem, quando a dupla entrou em rusga com a organização no primeiro dia no mar grego.
Campeões em Atlanta-96 e bronze em Sydney-00 na classe star, eles convocaram Alan Adler para atuar como "sparring de luxo", definição da própria dupla. Ao lado de Nelson Falcão, Adler ganhou o Mundial da star em 89, mesmo ano em que Grael e Ferreira deram início à parceria.
Só que o convidado foi proibido pela Federação Internacional de Vela de levar seu barco à água. Pelo regulamento, um país não pode treinar simultaneamente com dois barcos da mesma classe. O Brasil protestou, e um julgamento está marcado para hoje.
"Há seis meses, não havia proibição. A federação não pode mudar as regras quando o jogo já começou", diz Reinaldo Câmara, coordenador da equipe brasileira.
Grael e Ferreira treinaram sozinhos. Só conversaram com Adler ao guardar o barco. "Acho que alguém fez uma denúncia. Por isso essa decisão. Mas temos bons argumentos", afirma Adler.
O Brasil vai alegar que o Aviso de Regata, espécie de prenúncio das regras fornecido seis meses atrás para todas as federações credenciadas, não especificava proibição para treinos conjuntos. A Folha procurou a federação internacional, mas não encontrou ninguém para comentar o caso.
Em Sydney-00, também não era permitido colocar dois barcos da mesma classe para praticar. Mas o Brasil inventou uma artimanha.
Na época, Grael, Ferreira chamaram Lars, irmão de Torben e bronze nos Jogos de Seul-88 e Atlanta-96, para ser "sparring".
A solução foi alugar uma vaga para o barco de Lars em um local fora do circuito olímpico. Torben encontrava o irmão em alto-mar. (GUILHERME ROSEGUINI)

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