São Paulo, terça-feira, 03 de agosto de 2004

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FUTEBOL

Lá e cá

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

Poucas semanas depois de ter lançado a bola Roteiro, na Eurocopa, a Adidas já havia vendido 6 milhões de unidades. A informação consta de uma reportagem da revista "Business Week", reproduzida pelo jornal "Valor Econômico" na edição de 14 de julho. O artigo dá uma geral no milionário futebol europeu, mostrando os problemas que ameaçam as finanças dos clubes e as medidas que estão sendo implementadas para evitar que a situação se torne insustentável.
Por "milionário futebol europeu" entenda-se a elite formada pelos clubes que participam da Copa dos Campeões e da Copa da Uefa -e não a totalidade dos cerca de 400 times que fazem parte da primeira divisão de torneios nacionais do continente, da Irlanda à Ucrânia.
O "big business" é para poucos e isso não é um fenômeno apenas do futebol. O problema na Europa é que o processo de enriquecimento da elite da bola tem ocorrido de forma nem sempre equilibrada. "Bolhas" financeiras criadas por lançamento de ações de clubes em bolsa ou por investimentos que não são gerados pela atividade (grana que sai do bolso de empresas ou egocêntricos magnatas, donos de clubes, como o russo Roman Abramovich) ajudaram a inflacionar o mercado, com contratações e salários fora de propósito mesmo para os padrões de um esporte de alto nível numa sociedade rica.
Ajustes terão que ser feitos -e estão sendo feitos- para imprimir um pouco mais de racionalidade ao negócio. A Uefa baixou normas que impedem clubes de competir se não cumprirem alguns requisitos básicos, como pagamento em dia dos salários, e autoridades antitruste da União Européia prometem acabar com subsídios ocultos e isenções tributárias que beneficiam entidades esportivas de alguns países, como Espanha e Itália.
Ou seja, uma espécie de "choque de realidade" está em curso, exigindo que os clubes se adaptem. Entre as medidas recomendadas estão a terceirização das lojas de produtos, a tentativa de formar torcidas internacionais, especialmente na Ásia (a China é o novo grande alvo), a limitação dos salários ou sua vinculação ao desempenho do jogador, mudanças nos estádios e o investimento na formação de "pratas da casa", com a atração de jovens talentos (europeus ou não) que tenham potencial para se transformar em craques ou bons jogadores.
 
Enquanto a Europa procura equacionar e enfrentar seus problemas, o futebol brasileiro, do ponto de vista das finanças e da gestão, vive sua crise mais grave.
Mesmo alguns problemas básicos, como a adaptação ao calendário internacional, ainda se arrastam. Mas isso não é nada perto do persistente vazio de liderança e da ausência de estratégias para virar o jogo. Vamos na enxurrada, arrastados pela correnteza, sem comando e sem capacidade de interferir no curso da história. Pau, pedra, fim do caminho.

É Peixe!
Está danado o Santos, que, mesmo sem Diego, é a coisa mais parecida com um bom time de futebol que existe no país. No Paulistão ampliado em que vai se transformando a luta pelos primeiros postos, o Peixe é o que reúne as melhores condições para erguer o caneco.

Na draga
Enquanto o Corinthians sai da lama e o Botafogo vence fora, o Flamengo afunda. O Palmeiras mereceu vencer, mas não precisava aquela ajuda ridícula oferecida pela defesa carioca.

Tricolor no lucro
O São Paulo ficou no lucro nessa excursão pelo Sul. Ganhou de presente a vitória contra o Juventude e colheu um empate contra o Inter. Nos dois jogos, mostrou pouco.

E-mail mag@folhasp.com.br

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