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FUTEBOL
Lá e cá
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
Poucas semanas depois de
ter lançado a bola Roteiro, na
Eurocopa, a Adidas já havia vendido 6 milhões de unidades. A informação consta de uma reportagem da revista "Business Week",
reproduzida pelo jornal "Valor
Econômico" na edição de 14 de
julho. O artigo dá uma geral no
milionário futebol europeu, mostrando os problemas que ameaçam as finanças dos clubes e as
medidas que estão sendo implementadas para evitar que a situação se torne insustentável.
Por "milionário futebol europeu" entenda-se a elite formada
pelos clubes que participam da
Copa dos Campeões e da Copa da
Uefa -e não a totalidade dos
cerca de 400 times que fazem parte da primeira divisão de torneios
nacionais do continente, da Irlanda à Ucrânia.
O "big business" é para poucos e
isso não é um fenômeno apenas
do futebol. O problema na Europa é que o processo de enriquecimento da elite da bola tem ocorrido de forma nem sempre equilibrada. "Bolhas" financeiras criadas por lançamento de ações de
clubes em bolsa ou por investimentos que não são gerados pela
atividade (grana que sai do bolso
de empresas ou egocêntricos magnatas, donos de clubes, como o
russo Roman Abramovich) ajudaram a inflacionar o mercado,
com contratações e salários fora
de propósito mesmo para os padrões de um esporte de alto nível
numa sociedade rica.
Ajustes terão que ser feitos -e
estão sendo feitos- para imprimir um pouco mais de racionalidade ao negócio. A Uefa baixou
normas que impedem clubes de
competir se não cumprirem alguns requisitos básicos, como pagamento em dia dos salários, e
autoridades antitruste da União
Européia prometem acabar com
subsídios ocultos e isenções tributárias que beneficiam entidades
esportivas de alguns países, como
Espanha e Itália.
Ou seja, uma espécie de "choque de realidade" está em curso,
exigindo que os clubes se adaptem. Entre as medidas recomendadas estão a terceirização das
lojas de produtos, a tentativa de
formar torcidas internacionais,
especialmente na Ásia (a China é
o novo grande alvo), a limitação
dos salários ou sua vinculação ao
desempenho do jogador, mudanças nos estádios e o investimento
na formação de "pratas da casa",
com a atração de jovens talentos
(europeus ou não) que tenham
potencial para se transformar em
craques ou bons jogadores.
Enquanto a Europa procura
equacionar e enfrentar seus problemas, o futebol brasileiro, do
ponto de vista das finanças e da
gestão, vive sua crise mais grave.
Mesmo alguns problemas básicos, como a adaptação ao calendário internacional, ainda se arrastam. Mas isso não é nada perto do persistente vazio de liderança e da ausência de estratégias
para virar o jogo. Vamos na
enxurrada, arrastados pela correnteza, sem comando e sem
capacidade de interferir no curso
da história. Pau, pedra, fim do
caminho.
É Peixe!
Está danado o Santos, que,
mesmo sem Diego, é a coisa
mais parecida com um bom time de futebol que existe no
país. No Paulistão ampliado em
que vai se transformando a luta
pelos primeiros postos, o Peixe
é o que reúne as melhores condições para erguer o caneco.
Na draga
Enquanto o Corinthians sai da
lama e o Botafogo vence fora, o
Flamengo afunda. O Palmeiras
mereceu vencer, mas não precisava aquela ajuda ridícula oferecida pela defesa carioca.
Tricolor no lucro
O São Paulo ficou no lucro nessa excursão pelo Sul. Ganhou
de presente a vitória contra o
Juventude e colheu um empate
contra o Inter. Nos dois jogos,
mostrou pouco.
E-mail mag@folhasp.com.br
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