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brasil x argentina
Londres vê o maior clássico "europeu"
Pela 1ª vez, maiores rivais sul-americanos vão se enfrentar só com jogadores "estrangeiros" desde o início da partida
Seleções arqui-rivais, donas de sete Copas do Mundo, entregam a empresas
européias a exploração
de seus jogos amistosos
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é só pelo local, o ultramoderno Emirates Stadium na
fleumática Londres, que o
amistoso entre Brasil e Argentina, às 12h, cheira a Europa.
Seja pela escalação das equipes ou até por toda a organização da partida, os dois maiores
rivais sul-americanos provam
que suas seleções são hoje puros produtos de exportação.
Pela primeira vez na história
de quase cem anos e cem confrontos entre as duas nações, o
jogo, o segundo do Brasil sob o
comando de Dunga, vai começar com todos os 22 titulares
atuando em clubes de fora de
seus países de nascimento.
A Argentina tem todos os
seus convocados jogando longe
de suas fronteiras. O Brasil ainda conta com o goleiro Fábio e o
lateral jogando Marcelo em território nacional, mas eles são
reservas no time de Dunga.
O amistoso de hoje é também
um marco de uma outra invasão européia no futebol de Argentina e Brasil. Tanto a AFA
(Associação de Futebol Argentino) quanto a CBF venderam
os direitos de seus amistoso para empresários europeus -o
confronto em Londres será explorado em parceria pelos sócios das duas federações.
Os argentinos venderam todos os seus amistosos até 2011
para a Renova, uma empresa
russa. Em cada jogo, recebe
US$ 750 mil (R$ 1,61 milhão). O
negócio brasileiro não é tão
longo. A CBF repassou para a
Kentaro, a mesma agência suíça/inglesa que levou a seleção
para Weggis (SUI) antes da Copa, seus amistosos após o Mundial alemão e até o final do ano
-devem ser seis ao todo, e cada
um deles rendendo cerca de
US$ 1 milhão (R$ 2,1 milhões).
O contrato dos argentinos é o
mais polêmico. Ele fala que o
técnico deve convocar os melhores jogadores do país para
cada amistoso, de forma parecida ao que acontecia quando a
Nike detinha o direito de explorar jogos da seleção brasileira.
A influência das empresas na
escolha dos adversários de argentinos e brasileiros também
é polêmica, mas as federações
dos dois países garantem que
têm autonomia nesse processo.
À imprensa inglesa, os executivos da Renova e da Kentaro
dizem que os acordos são ótimos para os dois lados.
"Sem as duas empresas, esse
jogo [de hoje] não aconteceria.
Não é o papel das federações arrumar jogos em campo neutro,
o que é um negócio de alto risco", diz Philipp Grothe, executivo da Kentaro. Ele diz que a
influência da sua agência se resume a logística, venda de ingressos, propaganda e comercialização dos direitos de TV.
"A AFA não tem risco algum
em seus amistosos agora. É
uma transferência de risco,
uma oportunidade para eles lucrarem e a gente conseguir novos negócios. É uma situação
em que os dois vencem", afirma
Markus Blume, diretor de comunicações da Renova.
O "lucrativo negócio" serve
também para afastar as seleções de Argentina e Brasil de
seus torcedores locais.
O acerto com a Renova e a
Kentaro vai fazer com que os
dois times passes mais de um
ano sem jogar na terra natal.
Já os torcedores europeus
-serão 60 mil hoje em Londres- vão se lambuzar com os
gigantes sul-americanos.
Dentro de campo, o jogo
marca a estréia de Alfio Basile
como técnico da Argentina. Do
lado brasileiro, o reencontro de
Ronaldinho com o time é dúvida -ele será avaliado hoje pela
manhã pela comissão técnica.
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