São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2000

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CBF alega "falta de tempo" para adiar definição

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Nem o nome do novo treinador, nem a nomeação de um interventor na seleção. Nada foi nem será decidido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) até o jogo contra a Venezuela, no domingo, pelas eliminatórias da Copa.
A esperada entrevista coletiva do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ontem, no Rio, não trouxe nenhuma novidade: foi apenas oficializada a demissão de Wanderley Luxemburgo e decidido que o auxiliar Candinho dirigirá a seleção contra a fraca Venezuela.
Teixeira negou que Luiz Felipe Scolari, do Cruzeiro, tenha recusado assumir a equipe nacional.
"Não pode haver negativa se não houve convite", afirmou.
Segundo ele, ninguém foi chamado porque não haveria tempo para escolher um novo técnico até o jogo contra a Venezuela.
"Em nenhum momento falei com Scolari, Parreira ou quem quer que seja. Cheguei ao Brasil no último fim-de-semana e não poderia, por falta de tempo, escolher um técnico até o dia 8. Vou ouvir muita gente", afirmou.
O dirigente disse ter conversado com vários presidentes de clubes para que lhe dessem "a impressão de seus técnicos". De acordo com ele, será criada uma nova filosofia para a seleção brasileira.
"Mudar só o técnico não vai resolver o problema. Tem de ser estudado um novo projeto", disse.
Teixeira contestou que o futebol nacional tenha perdido a credibilidade com os recentes maus resultados, como a eliminação na Olimpíada e a atual quarta colocação nas eliminatórias.
Ele criticou incisivamente o fracasso da seleção olímpica, cuja campanha, que classificou como "medíocre", determinou a queda de Luxemburgo.
"Decidi pela demissão depois do resultado contra Camarões, quando perdemos de forma inaceitável. Não precisei ouvir muita gente: era só ver as pesquisas e ouvir a população do Brasil."
O dirigente admitiu que os problemas pessoais do ex-técnico contribuíram para sua demissão.
Luxemburgo está sendo investigado pela Polícia Federal, sob suspeita de falsidade ideológica (leia texto nesta página), e responde a processo na Justiça Federal por sonegação fiscal.
"Dentro do contexto, isso afetaria a convivência dele na seleção, e o melhor para a CBF e para ele foi haver esse divórcio."
Apesar de censurar a participação da seleção brasileira nos Jogos de Sydney, o dirigente usou o fracasso dos outros esportes -o Brasil não conquistou nenhum ouro e ficou na 52ª posição- como escusa para a eliminação.
"A seleção teve um péssimo resultado, mas outros também. Outros que a gente tinha certeza de que seriam campeões cometeram erros grosseiros e foram pessimamente colocados", disse.
Para o dirigente, a cobrança aumentou desde que a CBF passou a valorizar a Olimpíada.
"Demos um valor à seleção olímpica que não era dado antes de Atlanta-96", afirmou.


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