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"O povo vai cobrar", diz vice-campeã mundial
Jogadoras da seleção de futebol chegam da China e pedem estrutura, campeonato nacional e pagamento de prêmios pela CBF
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
As jogadoras da seleção feminina de futebol, vice-campeã na
Copa do Mundo da China, desembarcaram ontem no Rio de
Janeiro desconfiadas.
Elas dizem esperar a concretização das promessas da Confederação Brasileira de Futebol
de criar uma liga nacional, melhorar a estrutura do esporte
no país e pagar o prêmio destinado à equipe referente ao
Mundial e ao ouro no Pan.
Para a meia Formiga, "o povo
vai cobrar". "Desta vez vai ter
que acontecer. O povo também
vai cobrar [melhor estrutura
para o futebol feminino]."
A primeira resposta da confederação ao cartaz exibido
após a final -pedindo mais
apoio ao esporte- foi a garantia
de uma premiação pelo vice.
"Fico feliz. Ninguém trabalha de graça. Querendo ou não,
isso é uma profissão", declarou
a atacante Cristiane. "Vou ficar
muito orgulhosa, feliz, se isso
acontecer mesmo."
A CBF informou, por meio de
nota, que o pagamento irá contemplar também o ouro do Pan
-valor que as atletas dizem não
ter recebido até agora.
Segundo a entidade, "o valor
da premiação [não divulgado]
será proporcional ao destinado
à conquista do pentacampeonato pela seleção [masculina]
em 2002". A confederação pagou US$ 150 mil a cada atleta e
membro da comissão técnica.
"Tomara que venham as mudanças, que não sejam promessas, como foi na Olimpíada.
Passaram três anos e nada
aconteceu", queixou-se Cristiane. "Não dá para depender
de pai ou mãe para ir treinar."
As atletas se queixam ainda
da falta de competição nacional
e de amistosos regulares. A
CBF anunciou na semana passada que organizará a Copa do
Brasil em outubro. Seria o embrião para a criação de um campeonato nacional feminino
"Precisamos dessa Copa do
Brasil para termos um campo
de observação maior. Assim temos como selecionar mais jogadoras", disse o técnico Jorge
Barcellos. "Temos que esperar
para ver o que vai acontecer."
A zagueira Tânia deu o tom
no desembarque. "Conversamos com o Américo [Faria, supervisor da CBF], que nos prometeu melhorias. Vamos acreditar mais uma vez", disse. "Se a
CBF nos tratar com respeito, a
gente vai longe. Agora é não
deixar cair no esquecimento."
A comissão técnica e 14 jogadoras desembarcaram no Rio.
Sete ficaram na Europa, onde
atuam, entre elas a melhor da
Copa, a atacante Marta.
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