São Paulo, quarta-feira, 03 de outubro de 2007

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"O povo vai cobrar", diz vice-campeã mundial

Jogadoras da seleção de futebol chegam da China e pedem estrutura, campeonato nacional e pagamento de prêmios pela CBF

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

As jogadoras da seleção feminina de futebol, vice-campeã na Copa do Mundo da China, desembarcaram ontem no Rio de Janeiro desconfiadas.
Elas dizem esperar a concretização das promessas da Confederação Brasileira de Futebol de criar uma liga nacional, melhorar a estrutura do esporte no país e pagar o prêmio destinado à equipe referente ao Mundial e ao ouro no Pan.
Para a meia Formiga, "o povo vai cobrar". "Desta vez vai ter que acontecer. O povo também vai cobrar [melhor estrutura para o futebol feminino]."
A primeira resposta da confederação ao cartaz exibido após a final -pedindo mais apoio ao esporte- foi a garantia de uma premiação pelo vice.
"Fico feliz. Ninguém trabalha de graça. Querendo ou não, isso é uma profissão", declarou a atacante Cristiane. "Vou ficar muito orgulhosa, feliz, se isso acontecer mesmo."
A CBF informou, por meio de nota, que o pagamento irá contemplar também o ouro do Pan -valor que as atletas dizem não ter recebido até agora.
Segundo a entidade, "o valor da premiação [não divulgado] será proporcional ao destinado à conquista do pentacampeonato pela seleção [masculina] em 2002". A confederação pagou US$ 150 mil a cada atleta e membro da comissão técnica.
"Tomara que venham as mudanças, que não sejam promessas, como foi na Olimpíada. Passaram três anos e nada aconteceu", queixou-se Cristiane. "Não dá para depender de pai ou mãe para ir treinar."
As atletas se queixam ainda da falta de competição nacional e de amistosos regulares. A CBF anunciou na semana passada que organizará a Copa do Brasil em outubro. Seria o embrião para a criação de um campeonato nacional feminino
"Precisamos dessa Copa do Brasil para termos um campo de observação maior. Assim temos como selecionar mais jogadoras", disse o técnico Jorge Barcellos. "Temos que esperar para ver o que vai acontecer."
A zagueira Tânia deu o tom no desembarque. "Conversamos com o Américo [Faria, supervisor da CBF], que nos prometeu melhorias. Vamos acreditar mais uma vez", disse. "Se a CBF nos tratar com respeito, a gente vai longe. Agora é não deixar cair no esquecimento."
A comissão técnica e 14 jogadoras desembarcaram no Rio. Sete ficaram na Europa, onde atuam, entre elas a melhor da Copa, a atacante Marta.


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