Por tudo o que fez nesta temporada, Button merece a primazia que tem hoje na luta pelo campeonato

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

1) BUTTON venceu seis das sete primeiras corridas da temporada. Em quatro delas, conquistou a pole. Na Malásia, emplacou ainda a melhor volta. Saiu da Turquia com 26 pontos de vantagem na liderança. Empreendeu o mais arrasador início de temporada da história da categoria. Mas muita gente parece esquecer de tudo isso.
2) Barrichello nunca teve chance tão boa de conquistar um título. Começou a temporada com o melhor equipamento do grid. Um carro com um quê de revolução, que deixou a concorrência chocada, protestando e, principalmente, comendo poeira.
Mais: é melhor piloto que Button. Tem mais braço, mais experiência.
Apesar disso, só chegou à frente do companheiro em 4 das 14 etapas até agora. Em alguns momentos perdeu a cabeça, falou até em pedir o boné.
Em outros, não se entendeu com a embreagem. Se é verdade que nos anos de Ferrari o brasileiro perdeu o título para um gênio chamado Schumacher, também é que neste 2009, se perder, vai ser para si mesmo.
3) Para tirar 16 pontos em três etapas, Barrichello terá de contar com Button fora da zona de classificação em uma ou duas etapas. Tarefa das mais complicadas. Mérito de seus mecânicos, engenheiros ou do seu estilo de condução, o inglês não quebrou neste ano. E não bateu. Só deixou de pontuar uma vez, na Bélgica, porque foi abalroado por um ensandecido Grosjean na primeira volta.
4) Para a Brawn, interessa mais ver Button campeão. O inglês deve ficar na equipe em 2010, enquanto Barrichello já está de malas prontas. A Mercedes condicionou a prorrogação do fornecimento dos motores à contratação de Rosberg, alemão.
5) Há ainda a lembrança do provérbio garrinchesco que recomenda "combinar com os russos". Mesmo que Button siga na toada de administrar a vantagem, isso não significará automaticamente vitórias de Barrichello. A McLaren está bem, a Red Bull pode aprontar, Ferrari e até a Force India (pasmem) também podem roubar pontos importantes. Button está com a mão na taça. E, um enorme alívio quando se trata da F-1 recente, fez por merecer.

ASSASSINATO
Pode parecer ranzinzice em meio ao oba-oba da vitória olímpica. Mas doeu no coração ver, no vídeo exibido em Copenhague, os planos para Jacarepaguá. Aquela área triangular avançando para a lagoa, antiga casa da Curva da Vitória, dos boxes em formato de iglu, dos banhos de mangueira nas arquibancadas ferventes, será de vez ocupada por arenas de utilidade questionável quando, o que não falta naquela região, é terreno baldio. O autódromo carioca, moribundo desde o Pan, morreu ontem. E não haverá outro, isso é balela para enganar trouxa. No caso, a CBA. O COB venceu também esta: feriu gravemente um esporte que não é seu.

fabioseixas.folha@uol.com.br


Texto Anterior: Golfe: Tiger Woods torna-se o 1º esportista bilionário
Próximo Texto: O que ver na TV
Índice