São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2011

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Domado

Ricardo Nogueira/Folhapress
Luis Fabiano se desequilibra diante de Ronaldinho no Morumbi

Em reestreia ofuscada por derrota, Luis Fabiano admite que é cedo para pensar em gol

DE SÃO PAULO

O andar marrento, as mãos na cintura, a chuteira verde limão e a camisa 9 não deixavam nenhum torcedor do São Paulo se confundir.
Luis Fabiano voltou. Mas nem ele nem ninguém contava que sua estreia seria ofuscada pela expulsão de Lucas, os gritos de protesto contra Adilson Batista, as defesas de Rogério, o golaço de Dagoberto e, pior, os dois gols sofridos que abateram o São Paulo num Morumbi lotado.
"Sinceramente, não foi a estreia que eu esperava. Queria sair com o resultado positivo. Tentei, tive chances, mas gol eu sabia que seria difícil, é muito cedo, admito", declarou ao sair de campo.
Antes, durante e depois do jogo, 63 mil pessoas entoaram o nome do atacante que, enfim, sete meses depois de se apresentar, voltaria a vestir a camisa são-paulina.
Todos queriam vê-lo em campo após sete anos.
"Lu-is Fa-bi-ano".
Eram 14h51 quando se ouviu a torcida, dentro do estádio, soltar este grito, marcante na Libertadores de 2004, pela primeira vez em massa.
Às 15h50, quando o locutor anunciou o time, Luis Fabiano conseguiu a primeira proeza: foi o mais aplaudido -mais até do que Rogério.
Nas arquibancadas, letras formavam seu nome. No material comemorativo aos 51 anos do Morumbi, completados ontem, uma foto enorme dele. "Neste aniversário, um presente Fabuloso para a torcida tricolor", dizia o texto.
E ele entrou em campo sério. Recebeu a primeira bola aos 3min, mas, antes de dominá-la, cometeu falta.
Foi sua primeira ação em campo.
A torcida veio abaixo.
Sim, ele jogou bem. À sua maneira, parado à frente, a toda hora pedia a bola. E levantava os braços quando não era atendido. Deu ótimo passe para Lucas e, de novo, fez explodir o estádio.
Estava visivelmente fora de ritmo, como ele mesmo confessaria mais tarde. Às vezes uma bola fácil escapava. Quando recebeu o primeiro bom passe, aos 22min, tentou passar pelos zagueiros, mas chutou na marcação. Mais tarde acertaria o travessão, porém estava impedido.
"Temos que nos movimentar para criarmos mais. Não pode ficar esperando aqui na frente que não vai dar em nada", disse no intervalo. "Estou me sentindo meio pesado, mas dá para continuar."
Aos 5min do segundo tempo, fez sua melhor jogada: girou sobre a marcação, chutou forte, mas Felipe pegou.
Foi seu último grande momento. Reclamou muito do árbitro na expulsão de Lucas. Instantes depois, foi substituído por Carlinhos Paraíba. Jogou por 60 minutos.
"Estou feliz. Não senti nada. Joguei sem nenhum tipo de dor. Me tirou uma dúvida. Tinha medo de jogar e sentir algum desconforto", contou na entrevista coletiva.
Agradeceu a festa da torcida, lamentou a derrota novamente e pediu paciência.
"Além da falta de ritmo, faltou entrosamento. Preciso me adaptar ao futebol brasileiro, que é bem diferente do estrangeiro", afirmou. "Não foi minha melhor partida, mas estou satisfeito pelo que fiz dentro do campo."
A torcida concorda. Cessou as vaias no fim do jogo para gritar seu nome. Cercou-o na saída do vestiário aos gritos. "Quarta-feira [contra o Cruzeiro] tem mais." (LEONARDO LOURENÇO E LUCAS REIS)



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