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Felipão contraria a tradição palmeirense
ALBERTO HELENA JR.
Da equipe de articulistas
Como diz o personagem do
Orival Pessini, aquele estudante de comunicação de barbicha e quetais: ah!, sei lá. É
até capaz de o Santos virar esse jogo de cabeça pra baixo, o
que seria ótimo. Não pelo Santos, tampouco contra o Palmeiras, como entidade. Mas
para desbancar essa malsã
idéia que se retoma -a do futebol de resultados.
Falando a verdade, com toda
a franqueza? Esse Palmeiras
de Felipão mais se parece com
o Juventus de Milton Buzzetto
do que com o Verdão dos áureos tempos, que vem desde
Junqueira e Ministrinho até
Muller e Djalminha, passando
por Villadoniga, Lima, Canhotinho, Ademir da Guia, Pantera, Leivinha, etc.
Está ganhando menos pela
eficácia da estratégia do treinador do que pelas circunstâncias. Ou melhor: pelo treinamento específico ministrado
ao goleiro Velloso, destinado a
acurar seus reflexos.
A propósito, algo me diz que
esta é a carência de Zetti, um
goleiro bem aquém daquele
excepcional arqueiro de temporadas passadas (na minha
modesta opinião, um dos seis
maiores da história do Brasil,
ao lado de Gilmar, Oberdã,
Castilho, Barbosa e Leão).
Aliás, por falar na forma defensivista, exclusivamente defensivista, de o Palmeiras jogar, vale lembrar aos mais jovens que nisso não há a menor
novidade. A retranca é tão velha como andar à pé. E sua solidificação, como tática ordenada de jogo, se deu há quase
meio século, com o ferrolho
suíço, do técnico Raplan.
De lá pra cá, adquiriu mil
modelos e denominações. Mas,
no fundo, é a mesma joça: ficar
aqui atrás, esperando o adversário até retomar a bola e partir em veloz contragolpe.
O Palmeiras, que me lembre,
nem mesmo com mestre Brandão, adepto envergonhado
dessa filosofia, jamais, em sua
gloriosa história, recorreu a tal
expediente. Ao contrário: sempre que se impôs, se impôs pela
excelência de seu time, jogando pra frente, buscando o gol,
dando espetáculo, e vencendo.
Parreira volta à Copa, dirigindo, desta vez, a Arábia Saudita. E muita gente me cobra o
voto dado ao técnico campeão
do mundo, na enquete da Placar. Logo este escrivinhador,
que tanto criticou a atuação
brasileira na Copa dos EUA?
Pois é uma questão de critério.
Claro que o time brasileiro
mais encantador foi o de Telê,
na Espanha, em 82. Claro que
o time de Zagallo de 70 cumpriu a mais bela e eficiente
campanha de todas as Copas.
Claro que Cláudio Coutinho
foi a mais brilhante mente que
conduziu nossos destinos, e
que, se vivo fosse hoje em dia,
estaria cem anos-luz à frente
de qualquer outro técnico do
mundo.
Mas o time de Zagallo não
era o time de Zagallo: era o time da galera, com Rivelino como falso ponta-esquerda e
Tostão de centroavante.
E o time de Telê, em 82, por
maldição dos deuses, ficou no
meio do caminho. Assim como
Coutinho só pôde armar sua
seleção ideal depois da Copa
de 78, que serviu de base para
Telê.
O fato é que Parreira foi o
único que traçou seu caminho
e cumpriu-o até levantar a taça, sob os apupos de quase todos. Sobretudo, os meus. E,
desconfio, dele mesmo.
Alberto Helena Jr. escreve aos domingos, segundas e quartas
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