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MARKETING
Empresas citadas na pesquisa Top of Mind creditam ao marketing esportivo parte de seu bom desempenho
Esporte alavanca marcas no Brasil
FÁBIO SEIXAS
ROBERTO DIAS
da Reportagem Local
O envolvimento com o esporte
foi uma das principais razões para
o bom desempenho das marcas citadas na última edição da pesquisa
Top of Mind, publicada anteontem
pela Folha.
Das 29 marcas mais lembradas
na pesquisa espontânea geral feita
pelo Datafolha, 17 têm alguma ligação com o esporte, seja patrocinando equipes ou atletas, comprando cotas na transmissão de
eventos pela TV ou veiculando
propagandas na mídia com referências a alguma modalidade.
A pesquisa Top of Mind é realizada há oito anos pelo Datafolha.
Além da pesquisa geral, que aponta a marca mais lembrada pelos
consumidores brasileiros -o prêmio neste ano foi para o sabão em
pó Omo-, há 29 outras categorias, em áreas como cartões de crédito, pasta de dente, maionese,
banco e preservativo.
Além do Omo, a outra marca a
ganhar um prêmio especial do Top
of Mind foi a Parmalat, que ficou
com o troféu Performance por ter
superado pela primeira vez o Ninho, líder no segmento leite nas
edições anteriores da pesquisa.
A Parmalat é a única das marcas
citadas no levantamento a atuar
em todas as frentes do marketing
esportivo: patrocina equipes de futebol (Palmeiras e Juventude),
comprou cotas de TV na transmissão da Copa e lançou uma campanha com o atacante Ronaldinho.
É, ainda, proprietária de um time
de futebol no interior de São Paulo,
o Etti/Jundiaí, que disputa a Série
A-2 do Campeonato Paulista.
Profissionais responsáveis pelo
gerenciamento de marcas citadas
no levantamento apontam seu envolvimento com o esporte, principalmente num ano de Copa do
Mundo, como ponto-chave de seu
bom resultado no Top of Mind.
"Sem dúvida, a aquisição de cotas de publicidade na transmissão
do futebol pela Globo abriu mais
espaço para nossa marca", afirma
Luiz César Barbosa, gerente de
propaganda e promoção da Volkswagen, há oito anos líder da pesquisa no segmento carros.
Nesta última edição, a vantagem
da Volkswagen sobre sua principal
concorrente, a General Motors/
Chevrolet, cresceu de 7 para 12
pontos percentuais.
Neste ano, a Volks assinou contrato com a Globo para estampar
sua marca nas transmissões de jogos da Copa do Mundo, do Campeonato Brasileiro e da Taça Libertadores da América.
A marca também esteve presente
em eventos de futebol de praia, vôlei e já assegurou sua participação,
com placas publicitárias, na Corrida de São Silvestre.
"Assim, também agregamos a
marca à imagem de uma participação ativa na comunidade."
Essa exploração da faceta social
do esporte é um dos recursos que
começam a ser usados pelas empresas para firmar suas marcas
junto aos consumidores.
A Gessy Lever é um exemplo.
Proprietária da marca Rexona, líder do Top of Mind no segmento
de desodorantes, a empresa patrocina uma equipe feminina de vôlei
no Paraná há dois anos. Paralelamente, mantém em Curitiba um
programa de iniciação esportiva
para 3.000 crianças com idades entre 7 e 10 anos.
Em dois anos, a empresa investiu
R$ 8 milhões em todo o projeto.
"Esse lado social aliado ao esporte é cada vez mais importante. Como os produtos estão cada vez
mais parecidos, em promoções e
embalagens, acaba ganhando preferência a marca que tem por trás
um trabalho social", diz Luis Felipe Taketani Vaz, coordenador de
projetos especiais da Gessy Lever.
"O consumidor, inclusive, já vem
cobrando esse trabalho social."
O banco BCN, que mantém um
projeto semelhante de iniciação
esportiva, em Osasco (Grande São
Paulo), encomenda pesquisas
mensais para quantificar o retorno
de seu investimento no esporte.
"Nosso retorno na exposição da
marca na mídia corresponde a oito
vezes nosso investimento", declara
Pedro Roberto de Macedo Pinto,
gerente de promoções do banco,
que, no entanto, não aparece entre
os mais citados no Top of Mind.
Segundo Macedo Pinto e Luiz
Fernando Lavor Coelho, gerente
de serviços de marketing da empresa, o valor do investimento
anual com o esporte é "sigiloso".
O BCN patrocina equipes femininas de basquete e vôlei de Osasco
e não cogita recuar em sua estratégia, mesmo com o mau desempenho verificado pelo Datafolha.
"Isso não nos preocupa. O investimento deve até aumentar", declara Macedo Pinto.
No outro extremo do segmento
banco, o Banco do Brasil aparece
em primeiro lugar como marca
mais lembrada pelos consumidores entrevistados.
Desde 1991, o banco investe em
circuitos masculino e feminino de
vôlei de praia. As etapas, itinerantes, expõem a marca do BB por 12
cidades do país.
O contrato do banco com a CBV
(Confederação Brasileira de Vôlei)
inclui patrocínio às seleções adultas e juvenis e vale até 2002.
Outra empresa que mantém vínculos com a entidade e que ganhou
destaque no Top of Mind foi a Azaléia, proprietária da marca Olympikus, de tênis.
A marca aparece na liderança do
segmento, tecnicamente empatada
com Nike e Rainha.
Pela própria natureza do setor, as
três marcas de tênis mantêm forte
envolvimento com o esporte no
Brasil.
Depois de passar por Campinas,
a Olympikus agora patrocina uma
equipe masculina de vôlei no Rio
de Janeiro, que nasceu com a pretensão de reerguer o prestígio desse esporte naquele Estado.
"Com certeza, o envolvimento
com o esporte motivou o crescimento da nossa marca", analisa
Getúlio Nunes, gerente de publicidade da Azaléia.
Entre os tênis, a marca Olympikus foi a que mais cresceu no Top
of Mind nos últimos anos: 13 pontos percentuais no intervalo de
cinco anos.
"No Brasil, o vôlei é o esporte
mais praticado pelas mulheres.
Tem uma imagem vencedora, de
esporte bem organizado e bem estruturado, que colabora para nossa marca", completa Nunes.
A Olympikus fornece material
esportivo para as seleções brasileiras. Até o último domingo, sua
marca era exposta para todo o planeta na disputa do Mundial de vôlei, no Japão.
Quem está entrando agora no esporte é o Laboratório Roche, que
acertou um acordo com o Comitê
Olímpico Brasileiro.
E, diferentemente de boa parte
das empresas, que vêem no esporte
apenas um reforço institucional, a
Roche espera que o patrocínio lhe
dê um aumento direto nas vendas.
A Roche usará o símbolo do COB
em três de seus produtos farmacêuticos. Pelo acordo, que tem duração de dois anos, a Roche pagará
R$ 500 mil ao COB. O laboratório
espera um aumento de 1,5% nas
vendas desses produtos, cujo faturamento anual atinge US$ 35,5 milhões.
A importância do esporte na fixação das marcas junto aos consumidores é resumida por Luis Fernando Pozzi, professor de marketing esportivo da FGV (Fundação
Getúlio Vargas) e que atua na negociação de direitos esportivos para a Rede Globo.
"Geralmente, o grande objetivo
das empresas ao patrocinar o esporte é trabalhar a imagem institucional. Quando combinado ao
marketing, definitivamente pode
alavancar as vendas."
Quem também confirma a importância do esporte é a Blue Life,
empresa de seguros que patrocina
diversos esportes no Pinheiros, entre eles o vôlei feminino, com uma
verba de US$ 45 mil mensais.
"O esporte é uma coisa apaixonante. O apelo que ele tem não é
possível obter em um filme, uma
peça de teatro ou um anúncio de
TV", diz Fernando da Cunha Marques, presidente da Blue Life.
"Há uma espécie de reconhecimento das pessoas em relação a
quem investe no esporte", afirma.
Apesar do apoio ao Pinheiros, a
empresa não aparece entre as cinco mais lembradas pelas pessoas,
segundo pesquisa Datafolha.
Segundo Marques, o maior dano
a uma empresa ocorre no momento de encerrar um patrocínio esportivo. "Para as pessoas que estavam acostumadas a ver sua marca
no time, é como se sua empresa tivesse morrido", afirma.
²
Colaborou
José Alan Dias, da Reportagem Local
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