São Paulo, quinta-feira, 04 de janeiro de 2007

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JOSÉ ROBERTO TORERO

A melhor coisa de 2006


Sem dúvida, foram os 2 a 0 sobre a Itália na final da Copa do Mundo, com show de Ronaldinho, Kaká e Robinho


RENOVADA LEITORA , ressacado leitor, neste primeiro texto do ano resolvi falar sobre a melhor coisa que aconteceu no esporte em 2006. E isso não foi a vitória de Marílson na Maratona de Nova York, não foi o bicampeonato mundial da seleção masculina de vôlei e não foi o ouro de Diego Hypólito na final da Copa de ginástica disputada em São Paulo.
Também não foi o campeonato mundial de clubes conquistado pelo Internacional, não foi o Brasileiro vencido pelo São Paulo e muito menos a volta do Atlético-MG à primeira divisão nacional.
A melhor coisa de 2006, caros amigos, foi o Brasil vencer a Copa do Mundo da Alemanha!
Sim, houve momentos em que todos duvidamos que isso fosse acontecer. Depois da magra vitória sobre a Croácia e do pouco convincente triunfo diante da Austrália, parecia que sairíamos logo da Copa. Parecia. Mas aí veio o jogo contra o Japão...
Aquela partida foi a redenção do futebol nacional. Com a entrada de Cicinho, Gilberto, Gilberto Silva, Juninho e Robinho, voltamos a parecer com a seleção brasileira.
Estava na cara que os dois laterais reservas eram melhores opções que nossos veteranos Cafu e Roberto Carlos. E Gilberto Silva e Juninho funcionaram muito bem como volantes, dando mais mobilidade a Kaká e Ronaldinho. Isso sem falar em Robinho, que deu a chama que faltava à equipe.
Muitos pensaram que Parreira fez estas mudanças apenas porque o time já estava classificado, e que, nas oitavas-de-final, contra Gana, ele voltaria com os antigos titulares. Contudo Parreira teve coragem e barrou os medalhões, colocando sangue novo na equipe. Foi uma decisão acertada e que não deve ter sido fácil. Nestes momentos é que se vê quem realmente tem o destino do vencedor.
A mudança deu o resultado esperado, o que pôde ser comprovado com os números da vitória sobre Gana, um 4 a 0 incontestável, com gols de Robinho, Kaká, Ronaldinho e Fred, que entrou no lugar de Ronaldo, vetado na última hora por falta de condições físicas. Uma pena, mas há males que vêm para bem.
O passo seguinte foi ainda mais heróico.
Nós, torcedores, ainda sonharemos muito com este jogo contra a França. É bem verdade que a turma de Asterix até poderia ter aberto o placar naquela cobrança de falta em que Zidane colocou a bola na direção de Henry. Mas Gilberto estava atento e evitou o pior.
Aliás, falando em Zidane, ele fez uma péssima partida, sendo muito bem marcado por Gilberto Silva e levando um humilhante chapéu de Fred. Pior que isso, só mesmo a cabeçada em Lúcio, que causou sua expulsão. Um triste fim de carreira para o melhor jogador da história da França.
Enfim, foi uma vitória épica, e o gol de Ronaldinho Gaúcho, aquela mágica bicicleta, será exibida em videoteipe até o fim dos nossos dias.
Depois veio a final contra a Itália, que, para muitos, era a favorita. Mas as pedaladas de Robinho em cima de Cannavaro logo no início da partida desmoralizaram a Azzurra. E o gol de Kaká, sob as pernas de Buffon, acabou de vez com qualquer esperança dos italianos.
Vale destacar o sangue frio de Ronaldinho, que, mesmo provocado todo o tempo por Materazzi, apenas ria das provocações inimigas e acabou por vingar-se com aquele belo gol de falta, cometida, ironicamente, pelo próprio Materazzi.
Ah, que inesquecíveis 2 a 0!
Estava escrito que nós seríamos os campeões do mundo.
Este, sem dúvida, foi o melhor momento do esporte em 2006. E, ao lembrá-lo, confesso que uma lágrima rola pela minha face.
Uma pesada e salgada lágrima.

torero@uol.com.br


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