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São Paulo, terça-feira, 04 de fevereiro de 2003

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BASQUETE

Parcialmente nublado

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

Infelizmente você não verá o jogador que mais se destacou na competição. A maré de azar que angustia o Sacramento desde a abertura do campeonato não poupou Chris Webber. O ala-pivô (médias de 23 pontos, 10,5 rebotes e 5,5 assistências) torceu o tornozelo esquerdo na terça-feira e deverá ficar pelo menos três semanas na enfermaria.
Você não verá, e provavelmente nunca mais verá nessas festas, a sóbria eficiência que o duo John Stockton/Karl Malone consagrou em Utah, ainda hoje o ataque mais preciso da NBA. Esqueceram-se deles os torcedores, que elegeram os titulares, e os técnicos, que pinçaram os reservas.
Você não verá nenhum dos mais brilhantes arremessadores norte-americanos. Nem Reggie Miller (Indiana) nem Ray Allen (Milwaukee) nem Allan Houston (New York) foram chamados, o símbolo de um torneio que cada vez menos se gaba da pontaria.
Interessante, pela quinta edição consecutiva você não verá nenhum branco em quadra quando a bola laranja começar a quicar.
E, absurdo, não é certo que você verá o brasileiro Nenê. Pendenga de última hora entre matriz e filial brasileira ameaça tirar da grade das ESPNs a transmissão de calouros x segundoanistas, duelo que esquenta no sábado as turbinas para a grande gala.
Mas você verá vários gênios do basquete na noite deste domingo na ESPN International. Jason Kidd (New Jersey), Kevin Garnett (Minnesota), Tim Duncan (San Antonio), Gary Payton (Seattle)...
Você verá, ainda que saindo do banco, o jogador mais fabuloso dos anos 2000, Shaquille O'Neal. Que, com o igualmente convocado Kobe Bryant, compõe a dupla mais fabulosa dos anos 2000, tricampeã pelo LA Lakers.
Não desanime, você verá muitos arremessos. Seja pela presença dos "gringos" Peja Stojakovic (iugoslavo, do Sacramento) e Dirk Nowitzki (alemão, do Dallas), exímios atiradores. Seja, principalmente, dos cestinhas da insistência, como o diabólico Allen Iverson (Philadelphia) e os colegas Antoine Walker e Paul Pierce (Boston), responsáveis pelo ataque que mais chuta de três pontos da história da liga -27 por partida, o dobro dos rivais.
Você verá dois primos com sortes distintas: Vince Carter (Toronto), sucesso de público, e Tracy McGrady (Orlando), sucesso de público e de crítica.
Você verá o novato-fenômeno Yao Ming (Houston), gigante chinês que, com jogo refinado e modos idem, derruba os muros da xenofobia norte-americana. Que puxa o novo recorde de "estrangeiros" no evento, cinco -Steve Nash (canadense, Dallas) e Zydrunas Ilgauskas (lituano, Cleveland) completam a lista.
Você verá o antigamente-sempre-mas-hoje-só-de-vez-em-quando magnífico Michael Jordan (Washington), que, em sua temporada de adeus, foi homenageado com a 14ª convocação e os holofotes de toda a liga.
Caramba, você verá até jogadores sem talento, aberrações como Brad Miller (Indiana), que só foi recrutado porque faltavam pivôs.
Você verá no All-Star Game, enfim, uma celebração do esporte, um show de técnica, criatividade, bom-humor, glamour...
Quer dizer, você verá tudo isso desde que esteja rigorosamente em dia, pagando trocentos contos à operadora de TV a cabo.
Na cidade grande, é cada vez mais difícil enxergar estrelas.

Luneta 1
O All-Star Game será exibido ao vivo para 212 países.

Luneta 2
Não haverá nenhum representante do Atlanta Hawks, não só na partida como nos outros eventos oficiais, um vexame sem precedentes para o time que organiza o All-Star Weekend. Ao menos, pela primeira vez neste campeonato, a novíssima Philips Arena estará lotada. Com capacidade para 19,4 mil, o ginásio não tem arrastado 12 mil pagantes por rodada. Só o Cleveland, o lanterninha do campeonato, atrai público menor.

Luneta 3
Há exatos 40 anos a NBA realizou o mais brilhante All-Star Game da história. Os dez titulares, além de três reservas, da partida de 1963 acabaram eleitos para o Hall of Fame, o memorial do basquete. Entre os craques, Bill Russell, Wilt Chamberlain e Bob Cousy.

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