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BASQUETE
Parcialmente nublado
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Infelizmente você não verá
o jogador que mais se destacou
na competição. A maré de azar
que angustia o Sacramento desde
a abertura do campeonato não
poupou Chris Webber. O ala-pivô
(médias de 23 pontos, 10,5 rebotes
e 5,5 assistências) torceu o tornozelo esquerdo na terça-feira e deverá ficar pelo menos três semanas na enfermaria.
Você não verá, e provavelmente
nunca mais verá nessas festas, a
sóbria eficiência que o duo John
Stockton/Karl Malone consagrou
em Utah, ainda hoje o ataque
mais preciso da NBA. Esqueceram-se deles os torcedores, que
elegeram os titulares, e os técnicos, que pinçaram os reservas.
Você não verá nenhum dos
mais brilhantes arremessadores
norte-americanos. Nem Reggie
Miller (Indiana) nem Ray Allen
(Milwaukee) nem Allan Houston
(New York) foram chamados, o
símbolo de um torneio que cada
vez menos se gaba da pontaria.
Interessante, pela quinta edição
consecutiva você não verá nenhum branco em quadra quando
a bola laranja começar a quicar.
E, absurdo, não é certo que você
verá o brasileiro Nenê. Pendenga
de última hora entre matriz e filial brasileira ameaça tirar da
grade das ESPNs a transmissão
de calouros x segundoanistas,
duelo que esquenta no sábado as
turbinas para a grande gala.
Mas você verá vários gênios do
basquete na noite deste domingo
na ESPN International. Jason
Kidd (New Jersey), Kevin Garnett
(Minnesota), Tim Duncan (San
Antonio), Gary Payton (Seattle)...
Você verá, ainda que saindo do
banco, o jogador mais fabuloso
dos anos 2000, Shaquille O'Neal.
Que, com o igualmente convocado Kobe Bryant, compõe a dupla
mais fabulosa dos anos 2000, tricampeã pelo LA Lakers.
Não desanime, você verá muitos arremessos. Seja pela presença
dos "gringos" Peja Stojakovic (iugoslavo, do Sacramento) e Dirk
Nowitzki (alemão, do Dallas),
exímios atiradores. Seja, principalmente, dos cestinhas da insistência, como o diabólico Allen
Iverson (Philadelphia) e os colegas Antoine Walker e Paul Pierce
(Boston), responsáveis pelo ataque que mais chuta de três pontos
da história da liga -27 por partida, o dobro dos rivais.
Você verá dois primos com sortes distintas: Vince Carter (Toronto), sucesso de público, e Tracy
McGrady (Orlando), sucesso de
público e de crítica.
Você verá o novato-fenômeno
Yao Ming (Houston), gigante chinês que, com jogo refinado e modos idem, derruba os muros da
xenofobia norte-americana. Que
puxa o novo recorde de "estrangeiros" no evento, cinco -Steve
Nash (canadense, Dallas) e
Zydrunas Ilgauskas (lituano, Cleveland) completam a lista.
Você verá o antigamente-sempre-mas-hoje-só-de-vez-em-quando magnífico Michael Jordan (Washington), que, em sua
temporada de adeus, foi homenageado com a 14ª convocação e os
holofotes de toda a liga.
Caramba, você verá até jogadores sem talento, aberrações como
Brad Miller (Indiana), que só foi
recrutado porque faltavam pivôs.
Você verá no All-Star Game, enfim, uma celebração do esporte,
um show de técnica, criatividade,
bom-humor, glamour...
Quer dizer, você verá tudo isso
desde que esteja rigorosamente
em dia, pagando trocentos contos
à operadora de TV a cabo.
Na cidade grande, é cada vez
mais difícil enxergar estrelas.
Luneta 1
O All-Star Game será exibido ao vivo para 212 países.
Luneta 2
Não haverá nenhum representante do Atlanta Hawks, não só na
partida como nos outros eventos oficiais, um vexame sem precedentes para o time que organiza o All-Star Weekend. Ao menos,
pela primeira vez neste campeonato, a novíssima Philips Arena estará lotada. Com capacidade para 19,4 mil, o ginásio não tem arrastado 12 mil pagantes por rodada. Só o Cleveland, o lanterninha do
campeonato, atrai público menor.
Luneta 3
Há exatos 40 anos a NBA realizou o mais brilhante All-Star Game
da história. Os dez titulares, além de três reservas, da partida de
1963 acabaram eleitos para o Hall of Fame, o memorial do basquete. Entre os craques, Bill Russell, Wilt Chamberlain e Bob Cousy.
E-mail melk@uol.com.br
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