São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2007

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TOSTÃO

Não dá para não arrepiar


O hino é um dos maiores símbolos de uma nação, mas tocá-lo em todas as partidas do Paulista é banalizá-lo


QUANDO ESTUDEI no Colégio Municipal, na época em que o ensino público era muito melhor do que o particular, fiz uma prova que tinha uma única pergunta: escrever o Hino Nacional.
Não foi fácil.
O hino é um dos símbolos mais importantes de uma nação. Quando é tocado na ocasião e no lugar apropriados, é impossível não se emocionar. Até os corruptos que roubam o dinheiro público choram de emoção.
Quem foi atleta e competiu pelo seu país, em esporte individual ou coletivo, sabe da sensação de escutar e de cantar o Hino Nacional. Não dá para não ficar arrepiado.
De acordo com a lei aprovada em 2001, que não era cumprida, é obrigatório tocar o hino antes de todos os eventos esportivos realizados no Estado de São Paulo.
Já imaginou se a moda pega e acontece o mesmo em todos os Estados deste imenso país?
O hino deveria ser reservado para situações especiais, como partidas da seleção brasileira.
Tocá-lo nos campeonatos estaduais é banalizar o hino; é querer ser mais patriota do que o patriotismo.
Além disso, o hino atrasa o início das partidas. Em todos os jogos a que assisti do Campeonato Paulista pela televisão, a maioria das pessoas não prestava atenção nem cantava a letra do hino. E o som do estádio também não ajuda.
Daqui a pouco vão vaiar.

Primeiro clássico
Santos e Palmeiras fazem hoje o primeiro clássico do Campeonato Paulista. O Santos é o líder e o melhor time até agora.
Mesmo quando perde e passa por maus momentos, é raro ver um time dirigido por Vanderlei Luxemburgo perdido em campo, com jogadores correndo sem rumo, como ocorre com o Corinthians, até nos jogos em que o time venceu neste campeonato.
Neste ano, Luxemburgo mudou a maneira de jogar que sempre utilizou em suas equipes. Em vez de escalar um volante mais recuado pelo meio, um armador de cada lado e um meia de ligação, o Santos tem atuado com dois volantes (Rodrigo Souto e Maldonado) e dois meias ofensivos (Zé Roberto e Cléber Santana), além de dois atacantes.
Zé Roberto tem se movimentado por todos os lados, principalmente pela esquerda, quase como um ponta, onde aproveita melhor sua habilidade, sua velocidade e seus bons cruzamentos.
Já Cléber Santana atua mais pelo meio, onde utiliza bastante seus passes longos, seus dribles e seus fortes chutes de fora da área.
O Santos está melhor, mas não será surpresa uma vitória do Palmeiras, que jogará em casa e precisa ganhar o clássico para incendiar seus torcedores e crescer na competição.
O treinador Caio Júnior tenta implantar no Palmeiras a filosofia do Paraná, de recuar e atrair o adversário para contra-atacar em velocidade. Fica somente um jogador fixo na frente.
Mas o torcedor do Palmeiras, quando o clube alviverde joga em casa, quer ver a equipe no ataque, pressionando, até contra fortes adversários.
Nos melhores momentos de sua carreira, Edmundo se destacava pelo talento, pela agressividade e pela movimentação por todo o ataque.
Quando ele recuava para organizar jogadas, acabava se confundindo. Não será agora, no final de carreira, que o atacante vai conseguir recuar, armar jogadas e ainda chegar à frente para fazer gols, como quer o treinador.
Para ser útil ao Palmeiras, Edmundo deveria jogar mais à frente, ao lado de outro atacante, sem recuar tanto.

tostao.folha@uol.com.br


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