São Paulo, quinta-feira, 04 de fevereiro de 2010

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JUCA KFOURI

Na cabeça de Dunga


Impossível saber o que o treinador está pensando. Mas nem por isso não se pode tentar imaginar...


DUNGA TEM mil motivos para não fazer concessões.
Do seu modo, concorde-se ou não, a seleção brasileira está chegando altaneira à Copa do Mundo na África do Sul.
Dunga certamente está torcendo para Robinho se dar bem no Santos, pois dele não tem queixas, ao contrário, apesar de o triatleta (pedala, corre e nada) parecer um novo Denílson.
A volta à Vila Belmiro pode ser decisiva e tomara que se confirme como um grande acerto da nova, e inspiradora, gestão santista.
Se de Robinho o técnico não tem queixas, para Ronaldinho Gaúcho ele deu todas as chances possíveis e imagináveis. Ou melhor, quase todas, porque talvez ainda falte uma, derradeira, definitiva.
Se eu fosse o Dunga, daria essa chance, por tudo o que Ronaldinho pode voltar a ser.
Mas é absolutamente compreensível que Dunga não a dê, já com sentença transitada em julgado sobre o imenso, e repleto de altos e baixos, talento do milanista.
Haverá de pensar o treinador com os botões de suas bem cortadas e feias camisas: "Por que correr riscos se vim tão bem até aqui com o grupo que montei?". Negar que a interrogação cabe é brigar com o realismo pragmático (redundância?) que define o jeito Dunga de ser.
Sim, se fosse o Dunga, eu não faria propaganda de cerveja, ainda mais para quem tem um trabalho social tão bacana com crianças no Rio Grande do Sul, convocaria Marcos como segundo goleiro, Hernanes como volante e por aí afora.
Mas também em 2002 eu teria levado o Romário, coisa que os fatos parecem ter demonstrado que seria um erro. E olhe que o Felipão pré- -Copa da Ásia não segura nem o boné de Dunga pré-África.
Provavelmente Dunga esteja queimando pestanas apenas em torno das posições não resolvidas, como a lateral esquerda, embora pertinho dele, em Porto Alegre, Kléber, finalmente, dê claros sinais de que pode ser o cara.
Não foi à toa que no fim do ano passado ele pediu que não o induzissem aos erros tão criticados na Copa da Alemanha, razão pela qual nem que Ronaldo Fenômeno faça 50 gols na Libertadores deverá ter espaço na cabeça de Dunga, por mais que ambos tenham uma relação diferente, companheiros que foram em duas Copas, nos EUA e na França.
Gato escaldado, e depois de 30 dias de férias, o colunista apenas se dá o direito de tentar pensar como o técnico, além de manifestar suas preferências, mas se curvando diante dos resultados, surpreendentes a seu ver, obtidos até aqui.
E, como não quero ser o Dunga e ele muito menos me deve satisfações, ficamos assim, para quebrar o gelo e começar 2010, que promete muitas emoções aqui, na América do Sul, e lá, na África do Sul.

Reforma da língua
Todas as vezes, doravante, que você ler aqui a palavra "nuzmância" e suas derivadas, leia "olímpicos" e suas derivadas, um cuidado que se impõe depois que o COB interpelou a psicóloga Katia Rubio, que escreveu um livro sob o título "Esporte, Educação e Valores Olímpicos". Gol de escanteio, por exemplo, escreverei "gol núzmico".

blogdojuca@uol.com.br

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