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Uma pesquisa histórica para o futebol
MATINAS SUZUKI JR.
do Conselho Editorial
Meus amigos, meus inimigos,
da maior importância para o
futebol brasileiro a pesquisa
do Datafolha publicada por
este jornal no último domingo.
Em primeiro lugar, como ressaltou Melchiades Filho na
apresentação da pesquisa, os
paulistanos passaram a preferir os torneios nacionais.
Logo os paulistanos que, em
tese, teriam o privilégio de assistir ao torneio regional mais
atrativo da Federação.
Se até o paulistano prefere os
torneios nacionais, em tese, a
aprovação deveria ser muito
maior nos outros Estados.
A pesquisa, nesse aspecto,
comprovara o que a intuição
vem recomendando. Os títulos
regionais encolheram na satisfação do torcedor.
Um garoto que viu o Flamengo, o São Paulo ou o Grêmio disputando a Copa Toyota, no Japão, sabe que esse troféu é muito mais importante
do que um torneio estadual.
Foi-se o tempo em que a rivalidade regional no futebol era a
mais importante das causas.
A televisão e a globalização
do futebol sepultaram essa era.
Tudo bem que haja nostalgia
daqueles tempos românticos.
Mas só nostalgia, por favor.
Em segundo lugar, a pesquisa impressionou-me pela baixa quantidade de pessoas que
são contra a transformação
dos clubes em empresas.
Eu desconfiava que a tendência era de aceitação do clube-empresa, mas que ainda levaria alguns anos para essa
tendência se tornar em opinião da maioria.
Também considerava que a
forte paixão pelos clubes no
Brasil poderia gerar uma rejeição ao clube-empresa.
O resultado foi, no mínimo,
acachapante. Uma sonora goleada favorável à transformação empresarial dos clubes.
Alguns estão vendo na fórmula mata-mata o sucesso da
Copa do Brasil na pesquisa.
Tenho as minhas dúvidas.
A Copa do Brasil, de fato, é
um torneio que vem se consolidando nos últimos anos.
Mas devemos levar em consideração que o campo da pesquisa foi realizado no lançamento da Copa do Brasil e
quando o Campeonato Brasileiro não era disputado.
Atribuir ao mata-mata é um
pouco de precipitação.
Minha tese é a seguinte: com
a bagunça de calendários e
com um Brasileiro espremido
no segundo semestre, não dá
para saber com clareza se o
consumidor brasileiro de futebol não aceita mais a fórmula
dos pontos corridos.
Nós não temos mais parâmetros, não temos mais referenciais para dar um juízo definitivo sobre a questão.
É claro que, em termos
ideais, o futebol sai valorizado
no sistema de pontos corridos.
O pontos corridos nivela por
cima, o mata-mata, por baixo.
Os patrocinadores ficarão
mais seguros para investir em
grande escala no sistema de
pontos corridos, pois nele a
qualidade tende a se impor.
No mata-mata, o imponderável conta mais: uma ``guerra'' em um estádio, um erro de
um juiz, a falha de um goleiro
podem destruir um grande trabalho de dois, três anos.
No tempo da inflação, dizia-se que o brasileiro gostava
da inflação. Não havia o paradigma da vida sem inflação.
Dá-se o mesmo com o pontos
corridos. Perdemos até a noção da sua importância e, portanto, não podemos julgá-lo.
Matinas Suzuki Jr. escreve às terças, quintas e
sábados
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