São Paulo, sexta-feira, 04 de março de 2011

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Robinho e Nike duelam na Justiça

PATROCÍNIO
Contrato de quase nove anos é motivo de disputa legal na Holanda que pode chegar ao Brasil


MARTÍN FERNANDEZ
DE SÃO PAULO

O atacante Robinho, 27, está em litígio com a Nike. A gigante norte-americana é patrocinadora de atletas como Ronaldinho e Cristiano Ronaldo e de seleções como a francesa e a brasileira.
O atleta entende que seu vínculo com a companhia norte-americana terminou em dezembro de 2010 e foi renovado arbitrariamente.
A Nike sustenta que o documento, assinado pelo jogador em 2005, prevê renovação automática até 2014.
Segundo a Folha apurou, o documento tem dois textos: um em inglês, outro em português. A discordância se dá exatamente por causa das diferenças entre as versões.
O texto em português diz que, ao fim do contrato, as duas partes devem se reunir para entrar em acordo sobre uma possível renovação.
Já o texto em inglês afirma que a empresa pode renovar o contrato automaticamente, pagando ao atleta os mesmos valores do último ano.
A redação do contrato, nas duas versões, é de responsabilidade da companhia.
Em dezembro do ano passado, Robinho entendeu que o vínculo havia acabado. E disputou algumas partidas com modelos de outras marcas. Teve o cuidado de pintar as chuteiras de preto para não fazer propaganda.
A disputa entre a companhia e jogador foi parar na Justiça da Holanda, onde fica a base europeia da empresa.
No dia 4 de janeiro, após uma audiência em Amsterdã, Robinho perdeu. E se viu obrigado a usar novamente os produtos da marca.
O descumprimento dessa decisão custaria ao atacante brasileiro uma multa de 300 mil por dia.
A Nike afirma que esse valor não está previsto em contrato e que a multa foi fixada pela Justiça da Holanda.
A defesa de Robinho tenta derrubar essa decisão. Enquanto a disputa na Justiça europeia não tem um desfecho, Robinho estuda entrar com ação também no Brasil.
A advogada do jogador, Marisa Alija, disse que a decisão na Holanda é em caráter provisório e está em fase de recurso. "Existe previsão em contrato para que o assunto seja discutido no país, além de a legislação brasileira assegurar que os contratos feitos no Brasil devem ser analisados em solo brasileiro."
Alija acrescentou que se trata de "questão estritamente comercial" entre Robinho e Nike. "Não consideramos qualquer hipótese de relação com a convocação ou não do jogador [para a seleção]."
O desentendimento não mudou a situação do jogador na seleção. Robinho foi convocado para o amistoso contra a França, em fevereiro, e foi o capitão da equipe.
Ontem, pela primeira vez desde que Mano Menezes assumiu o comando do Brasil, Robinho não foi convocado.
Em entrevistas recentes, o treinador sempre deixou claro que não enfrenta nenhum tipo de interferência da CBF ou patrocinadores em seu trabalho de convocar e escalar a seleção brasileira.
Hoje, para romper o vínculo, o atleta teria de pagar à empresa três vezes tudo o que já recebeu desde 2002, incluindo material esportivo.
O primeiro contrato foi assinado em dezembro de 2002, logo após o atacante levar o Santos à conquista do Campeonato Brasileiro.
Em 2005, quando Robinho se transferiu para o Real Madrid, houve o primeiro desentendimento com a Nike, mas um acordo evitou que a disputa fosse à Justiça. No período em que defendeu o inglês Manchester City, o valor do contrato foi reduzido, porque se tratava de clube de menor expressão que o Real.
A transferência para o Milan não significou aumento do "salário Nike" do atleta.


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