SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de dormir só cinco horas, ansioso com a prova, o paulista Diego Hypólito entrou ontem para a história da ginástica brasileira ao conquistar o primeiro pódio masculino em um evento de peso da federação internacional.
Em uma excelente apresentação no solo, às 10h, ele tirou a nota mais alta de sua carreira (9,713) e conseguiu a primeira medalha do Brasil na etapa da Copa do Mundo no Rio, um ouro, sendo tão festejado pelo público quanto Daiane dos Santos e Daniele Hypólito, as estrelas do país.
""Vou dizer a verdade. Eu pensava, no máximo, em conquistar o bronze. Quando vi que o búlgaro [Jordan Jovtchev, atual campeão Mundial] ganhou uma nota menor [9,562]. Pensei: "Caramba! Eu venci"", disse Diego, 17, irmão de Daniele, a primeira brasileira a ser medalhista em Copa, evento que só perde em importância para o Mundial e para a Olimpíada.
Para ampliar a festa no masculino e coroar o melhor dia do país em Copas, logo depois o gaúcho Mosiah Rodrigues obteve o segundo pódio do país e levou a prata no cavalo com alças. "Tem sabor de ouro", disse o único brasileiro classificado para Atenas.
A expectativa de medalhas cresce hoje, quando Daiane, que arrebatou o público anteontem com a série "Brasileirinho", faz a final do solo, em que é a favorita, e Diego atua no salto -obteve a maior nota classificatória no aparelho.
Apesar de a etapa no Rio estar esvaziada (54 ginastas) e de ter poucos atletas de elite -russos e romenos se preparam para o Europeu e não vieram-, Diego ousou para chegar ao ouro, apresentando uma série em que associa mortais esticados com piruetas.
""Foi perfeito", disse o atleta, o único da seleção masculina a ter patrocinadores pessoais (quatro) e dono do melhor resultado masculino do país no Mundial -quarto lugar no solo em 2003.
Além de bater Jordan Jovtchev, que também foi bronze nos Jogos de Sydney-2000 e ficou com o bronze ontem, o ginasta paulista superou Morgan Hamm (EUA), que tirou 9,637 e levou a prata.
A vitória de Diego emocionou o público, que quebrou o protocolo e cantou o hino nacional até o fim. Na Copa, é executado só um trecho do hino do país dos vencedores. ""A torcida me ajudou. Eles acabam passando uma força maior para você. Está até parecendo um estádio de futebol", disse o ginasta, demonstrando cansaço.
""Estava ansioso. Fui para o meu quarto às oito horas da noite, mas só consegui fechar os olhos quase a uma da manhã", disse Diego, que acordou por volta das 6h. A prova do solo teve início às 9h30.
Mesmo sem estar classificado, o ginasta acredita que pode ir a Atenas. "A Coréia do Norte ameaça não competir, e aí o Brasil poderia indicar mais um atleta."