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FUTEBOL
Só poderia ser 0 a 0
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Brasil e Paraguai jogaram
90 minutos e não criaram
uma única ótima chance de gol.
Houve muita marcação e pouco
futebol. Na maior parte do jogo,
enquanto o Brasil tinha sete defensores (dois zagueiros, dois laterais e três volantes) para marcarem dois atacantes, no Paraguai
eram oito (duas linhas de quatro)
contra três. Em cada defesa, sobravam cinco defensores, já que
os armadores das duas equipes só
pensavam em defender. Assim,
nem os craques jogam bem. Só
poderia terminar em 0 a 0.
As duas linhas de quatro muito
recuadas do Paraguai dificultaram para o Ronaldo receber a bola e para o Kaká e o Ronaldinho
Gaúcho armarem as jogadas nas
costas dos volantes. Com mais um
marcador de cada lado, o Paraguai anulou também o Roberto
Carlos e, principalmente, o Cafu.
Em compensação, os dois atacantes do Paraguai ficaram totalmente isolados, o que facilitou a
atuação dos zagueiros brasileiros.
Os dois estavam muito bem nas
bolas altas. O Paraguai também
não cruzou da linha de fundo.
O Brasil teve excessivos cuidados defensivos. Renato e Zé Roberto não deixaram os laterais do
Paraguai livres para cruzarem,
principalmente o Arce, mas não
chegaram à frente. Zé Roberto,
que é muito bom quando atua pela ponta esquerda, não fez isso
uma única vez. Isolados, os três
da frente insistiram demais nas
jogadas pelo meio.
A mudança tática para os próximos jogos, anunciada pelo Parreira e publicada pelo "Jornal do
Brasil", com Kaká mais fixo como
jogador de ligação entre o meio e
o ataque, e o Ronaldinho Gaúcho
na frente, não muda em nada, já
que o Ronaldinho vai recuar para
receber a bola como já faz. Continuarão dois meias ofensivos e um
centroavante ou três atacantes. É
a mesma coisa na prática.
Mudaria o esquema tático se o
time jogasse com dois volantes,
Kaká mais pela direita, Ronaldinho pelo meio (os dois se alternariam), Zé Roberto de meia esquerda (e não de volante) e o Ronaldo na frente. O Brasil, como
todas as equipes dirigidas pelo
Parreira, não tomou uma única
bola na intermediária do Paraguai. Essa é uma poderosa arma
ofensiva contra defesas fechadas.
O técnico acha um grande risco
avançar a marcação, mesmo em
poucos momentos. Por outro lado, a equipe dificulta o contra-ataque. Isso é também virtude. A
verdade tem sempre duas faces.
Parreira disse que não fará experiências e, se for necessário,
promoverá mudanças, com o jogador entrando para ficar. Ele
tem razão. Não há motivos para
se fazer muitas alterações e é preciso ter continuidade para melhorar o conjunto. Mas já está na hora de mudar alguma coisa.
"Loucos" no túnel
A Argentina, desfalcada de quatro dos seus principais e mais experientes jogadores (Samuel, Zanetti, Veron e Killy Gonzalez), teve dificuldades, em casa, para
vencer a dura, e às vezes violenta,
marcação do Equador. O Brasil,
com todos os titulares teve o mesmo problema contra este rival.
A Argentina tem excelentes jogadores, mas não tem um craque
como os dois Ronaldinhos. O time
está em formação e precisa de
muito mais tempo para treinar
do que o Brasil. Vários atletas que
atuaram contra o Equador estiveram no Pré-Olímpico.
O técnico Bielsa gosta de inovar.
Nesse jogo, a equipe atuou, pela
primeira vez, com uma linha de
quatro atrás, apenas um volante
(Luiz Gonzalez), que se destaca
pelo passe, e não pela marcação,
dois meias ofensivos (Aimar e
D"Alessandro), três atacantes e
mais o apoio constante dos laterais. É um esquema bastante
ofensivo.
Não será surpresa se o "El Loco", como é chamado o Bielsa,
manter a formação contra o Brasil. Será uma "loucura" ou é a melhor maneira de ganhar o jogo?
Mas "louco" mesmo é o Carrasco, técnico do Uruguai. Ele está
revolucionando o futebol do seu
país ou vai levar a seleção para o
buraco? A segunda hipótese é a
mais provável. O time só pensa
em atacar e não pára de levar gols
no contra-ataque. É muito melhor ter um técnico prudente, racional e conservador, como o Parreira, do que um "louco".
Um bom negócio
Agora está claro. Pelé disse que
as pessoas no Brasil não entenderam, que era uma lista festiva e
não dos melhores e que a Fifa
queria fazer um álbum para vender pelo mundo. O garoto-propaganda Pelé e a Fifa fizeram um
bom negócio. Nada mais do que
isso. E pensávamos que era uma
lista séria, importante, oficial, para ficar na história.
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