São Paulo, sexta-feira, 04 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Atletas trocam esporte pelo Pan

Competidores buscam alternativas para não perder a oportunidade de disputar o evento no Brasil

Posto garantido ao país-sede em todas as provas atrai para o Rio esportistas cujas modalidades não estão no programa da competição


MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Em abril, Raoni Barcelos,18, conquistou o direito de participar do Pan-Americano na categoria até 66 kg da luta olímpica.
No início de 2006, entretanto, a vaga no evento do Rio nem sequer fazia parte de seus planos. Naquele momento, ele era apenas mais um adolescente carioca que se dedicava ao jiu-jítsu. O caçula da seleção de luta precisou de pouco mais de um ano para se adaptar ao novo esporte e fazer parte do seleto grupo de atletas que irá ao Pan.
A idéia de trocar de modalidade foi do seu pai, Laerte Barcelos, treinador da luta em Winnipeg-99. "Meu pai falou para eu mudar porque, assim, poderia tentar ir ao Pan", comentou o lutador, que pretende retornar ao jiu-jítsu assim que os Jogos no Rio acabarem.
Raoni não foi o único que, às pressas, decidiu investir em uma nova modalidade para não ficar de fora do oba-oba esportivo no Brasil. Com o anúncio em 2002 de que o Pan seria no Rio, alguns atletas procuraram uma modalidade que poderia servir de atalho para os Jogos.
Houve também quem tenha trocado, mesmo que temporariamente, o vale-tudo pelo boxe, o hóquei em linha pela patinação de velocidade. E uma classe da vela por outra.
Esse é o caso do velejador carioca Bernardo Low-Beer, atual vice-campeão brasileiro de 470. Ao perceber que sua classe não constava no programa pan-americano, iniciou uma pesquisa para identificar outro barco que pudesse classificá-lo para a competição. Descobriu a classe sunfish.
Embora o Brasil tenha tradição na vela, a sunfish é praticamente desconhecida no país. Não existem competições da classe, tampouco barcos à disposição para a venda.
"Quando decidi competir na sunfish, achei apenas dois barcos velhos no Brasil. Mas, como tinha o objetivo de participar do Pan, decidi importar", contou Low-Beer, que gastou em torno de US$ 7.000 (cerca de R$ 14 mil) para comprar a embarcação e trazê-la dos EUA.
Na seletiva, Low-Beer entrou sozinho na disputa e garfou a vaga, garantida por ser o único representante do país-sede.
"De um dia para o outro, eu era o cara do Pan. Algumas pessoas ficaram com inveja, mas a maioria me parabenizou pela excelente idéia", contou o atleta, que pretende conquistar uma vaga olímpica na 470.
O mesmo raciocínio oportunista foi seguido por Eliete Reis. A jogadora de hóquei em linha foi incentivada pelas companheiras de clube a se dedicar à patinação de velocidade.
"Eu sempre fui muito veloz nos jogos de hóquei, então elas disseram que eu tinha que aproveitar isso", revelou a atleta, especialista justamente nas provas de velocidade da patinação (300 m contra relógio, 500 m pelotão, 1.000 m pelotão).
Eliete precisa apenas passar por mais uma seletiva, em junho, para entrar na lista dos que defenderão o Brasil no Pan.


Texto Anterior: Xico Sá: Vai, Adriano, ser gabiru na vida
Próximo Texto: Adaptação: Detalhes se tornam problema
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.