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Atletas trocam esporte pelo Pan
Competidores buscam alternativas para não perder a oportunidade de disputar o evento no Brasil
Posto garantido ao país-sede em todas as provas atrai
para o Rio esportistas cujas modalidades não estão no programa da competição
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em abril, Raoni Barcelos,18,
conquistou o direito de participar do Pan-Americano na categoria até 66 kg da luta olímpica.
No início de 2006, entretanto, a vaga no evento do Rio nem
sequer fazia parte de seus planos. Naquele momento, ele era
apenas mais um adolescente
carioca que se dedicava ao jiu-jítsu. O caçula da seleção de luta
precisou de pouco mais de um
ano para se adaptar ao novo esporte e fazer parte do seleto
grupo de atletas que irá ao Pan.
A idéia de trocar de modalidade foi do seu pai, Laerte Barcelos, treinador da luta em
Winnipeg-99. "Meu pai falou
para eu mudar porque, assim,
poderia tentar ir ao Pan", comentou o lutador, que pretende retornar ao jiu-jítsu assim
que os Jogos no Rio acabarem.
Raoni não foi o único que, às
pressas, decidiu investir em
uma nova modalidade para não
ficar de fora do oba-oba esportivo no Brasil. Com o anúncio
em 2002 de que o Pan seria no
Rio, alguns atletas procuraram
uma modalidade que poderia
servir de atalho para os Jogos.
Houve também quem tenha
trocado, mesmo que temporariamente, o vale-tudo pelo boxe, o hóquei em linha pela patinação de velocidade. E uma
classe da vela por outra.
Esse é o caso do velejador carioca Bernardo Low-Beer,
atual vice-campeão brasileiro
de 470. Ao perceber que sua
classe não constava no programa pan-americano, iniciou
uma pesquisa para identificar
outro barco que pudesse classificá-lo para a competição. Descobriu a classe sunfish.
Embora o Brasil tenha tradição na vela, a sunfish é praticamente desconhecida no país.
Não existem competições da
classe, tampouco barcos à disposição para a venda.
"Quando decidi competir na
sunfish, achei apenas dois barcos velhos no Brasil. Mas, como
tinha o objetivo de participar
do Pan, decidi importar", contou Low-Beer, que gastou em
torno de US$ 7.000 (cerca de
R$ 14 mil) para comprar a embarcação e trazê-la dos EUA.
Na seletiva, Low-Beer entrou
sozinho na disputa e garfou a
vaga, garantida por ser o único
representante do país-sede.
"De um dia para o outro, eu
era o cara do Pan. Algumas pessoas ficaram com inveja, mas a
maioria me parabenizou pela
excelente idéia", contou o atleta, que pretende conquistar
uma vaga olímpica na 470.
O mesmo raciocínio oportunista foi seguido por Eliete
Reis. A jogadora de hóquei em
linha foi incentivada pelas
companheiras de clube a se dedicar à patinação de velocidade.
"Eu sempre fui muito veloz
nos jogos de hóquei, então elas
disseram que eu tinha que
aproveitar isso", revelou a atleta, especialista justamente nas
provas de velocidade da patinação (300 m contra relógio, 500
m pelotão, 1.000 m pelotão).
Eliete precisa apenas passar
por mais uma seletiva, em junho, para entrar na lista dos
que defenderão o Brasil no Pan.
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