São Paulo, domingo, 04 de maio de 2008

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JUCA KFOURI

Onze anos numa tarde


O Palmeiras precisa juntar os cacos da amassada que levou do Sport e não deixar a Ponte Preta crescer

ERA PARA ser diferente.
Entre a convincente vitória em Campinas e o jogo de hoje no Palestra Itália, era para ter saído da Ilha do Retiro com a vaga nas quartas-de-final da Copa do Brasil nas mãos. Mas, ao contrário, o Sport retirou o Palmeiras do torneio que dá vaga na Libertadores e que poderia compensar o investimento alviverde logo no início da temporada. Não deu e não adianta maldizer o passado, apenas aprender com ele.
E uma lição que o "professor" Luxemburgo deve ter aprendido para transmitir para seus pupilos é a de que, se deixar a Ponte Preta achar que pode porque o Sport pôde, as coisas se complicarão.
Afinal, hoje até uma derrota por um gol de diferença vale o fim de uma fila de 11 anos (só serão 12 se continuar), embora o Palmeiras não possa nem cogitar a hipótese de perder porque será a pá de cal definitiva na festa pela conquista, cúmulo da falta de graça.
O futebol é curioso.
Tivesse o Palmeiras voltado classificado do Recife e até mesmo uma derrota por um gol poderia ser comemorada, porque os dois objetivos seriam alcançados.
Agora, não mais.
O Palmeiras precisa provar que aquela fragilidade demonstrada no meio da semana foi desses acidentes de percurso que às vezes acontecem no futebol. Porque não é possível que uma defesa que vinha tão bem tenha desaprendido, que Léo Lima faça tanta falta no meio-campo e que Valdivia se acovarde tanto como diante da marcação rubro-negra ou que Diego Souza seja tão destemperado e instável.
Terá sido o clima hostil, as barbaridades dos fogos na imediação do hotel e do ônibus atingido que traumatizaram o grupo alviverde?
Se sim, e é compreensível porque futebol é meio de vida, e não de morte, que o Palmeiras junte seus cacos e impeça que a Ponte Preta seja submetida ao mesmo tratamento em sua casa. E que ninguém cogite terem sido palmeirenses os autores das atrocidades, como se cogitou serem os são-paulinos os que jogaram gás no vestiário.
Que o Palmeiras trate de jogar aqui o que não jogou lá, para que sua torcida tenha uma compensação mais de uma década depois, ainda que com um certo travo amargo.
Travo que passará ao largo de uma improvável virada ponte-pretana -porque façanha não só sonhada há 108 anos como, também, porque capaz de calar 11 em cada 10 especialistas que teorizaram sobre a impossibilidade do feito, algo que 90 minutos de bola rolando já cansaram de desmentir desde que o futebol foi inventado.
Em resumo: o Palmeiras segue sendo o grande favorito, mas é um pouco menos do que era, o que pode até ser positivo.

O legado do Pan
O que foi prometido não se cumpriu, como a despoluição da baía da Guanabara, da lagoa Rodrigo de Freitas ou a ampliação do metrô.
Mas um legado ficou na Cidade Maravilhosa após a festa do Pan-2007: a dengue. Cada vez mais vigorosa, mortífera, invencível, medalhas de bronze, prata e ouro em quaisquer campeonatos de irresponsabilidade social. E nada do relatório final do TCU...

blogdojuca@uol.com.br


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