São Paulo, domingo, 04 de maio de 2008

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Para chefe do apito, faltou aplicar regra

Em seu balanço da arbitragem no Paulista, Marcos Marinho diz que juízes se perderam e houve disparidade de critério

Dirigente fala em renovação no quadro de profissionais e admite que comandados terão de queimar todas as etapas para poder apitar


DA REPORTAGEM LOCAL

Cleber Wellington Abade, o homem responsável por apitar a final do Paulista-2008, poderá até ter uma atuação impecável hoje. De nada adiantará para mudar a nota "entre 6 e 7" que o seu chefe dá para a arbitragem neste campeonato.
"Há muita coisa para ser melhorada. Houve muita disparidade de critérios de um árbitro para outro. Tivemos jogos importantes com problemas de arbitragem", afirmou o presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol, Marcos Marinho.
Para o tenente-coronel, o problema dos homens de preto no Estadual é simples de ser explicado. "Eles precisam aplicar efetivamente a regra. Se não fazem isso, acabam se perdendo por falta de critério", disse Marinho, sem citar nominalmente os alvos de suas críticas.
As polêmicas em torno da arbitragem no Paulista, entretanto, dão algumas pistas sobre os juízes que deixaram a desejar na avaliação do coronel.
A mais recente delas envolveu justamente o primeiro colocado do ranking da FPF, Paulo César de Oliveira. Junto com a assistente Maria Eliza Barbosa, ele validou um gol feito com a mão pelo atacante Adriano, na partida de ida da semifinal na qual o São Paulo derrotou o Palmeiras por 2 a 1.
Apesar de não admitir o termo "veto", Marinho achou por bem não escalar mais o árbitro para os sorteios das rodadas derradeiras. Isso após o Palmeiras ter entrado com representação contra Paulo César.
O mesmo já havia ocorrido envolvendo Salvio Spínola e São Paulo. O clube do Morumbi teve atendido o desejo de não ver mais o juiz que invalidara um gol legítimo de Adriano no clássico contra o Corinthians comandar uma partida sua.
Os problemas freqüentes envolvendo seus subordinados fizeram Marinho tomar algumas providências drásticas.
Na última rodada de classificação, ele escalou árbitros estreantes nas partidas dos quatro grandes (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo) para evitar a choradeira de dirigentes, técnicos e jogadores.
Outros profissionais, mesmo sem as solicitações de veto dos clubes, foram explicitamente punidos pela federação.
José Henrique de Carvalho pegou 15 dias de gancho por ter dado dois cartões amarelos ao mesmo jogador do Guaratinguetá na derrota por 2 a 0 para o Corinthians, na 13ª rodada.
O assistente Edvanio Ferreira também levou 15 dias de pena por errar nos 3 a 2 do Santos sobre o Noroeste. Ele não ergueu a bandeira e só comunicou uma infração ao árbitro pelo rádio -provocando atraso na marcação do lance.
Rodrigo Guarizzo foi afastado pelo mesmo período de tempo por não ter dado amarelo ao santista Marcinho Guerreiro em pênalti cometido contra o Guarani, na décima rodada -seria o segundo dele no jogo.
Tanta exposição sobre as polêmicas arbitragens acabaram atingindo o próprio Marinho.
O chefe da arbitragem paulista foi criticado por ter convidado membros da torcida organizada Mancha Alviverde a sortearem o juiz da segunda semifinal entre Palmeiras e São Paulo -após a facção ter invadido o prédio da FPF para acompanhar o evento.
Depois, as reclamações do técnico Vanderlei Luxemburgo contra as aparições de Marinho nos gramados -o que, segundo o treinador, intimidariam o trio de arbitragem- fizeram o coronel abandonar o hábito.
Passado o furacão, Marinho trabalha na renovação dos juízes, processo que, diz ele, precisa ser feito gradativamente.
"Eles precisam queimar todas as etapas. A exposição é muito grande, a repercussão, enorme. É um trabalho que tem de ser feito desde a base", concluiu. (RENAN CACIOLI)


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