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Para chefe do apito, faltou aplicar regra
Em seu balanço da arbitragem no Paulista, Marcos Marinho diz que juízes se perderam e houve disparidade de critério
Dirigente fala em renovação no quadro de profissionais e admite que comandados terão de queimar todas as etapas para poder apitar
DA REPORTAGEM LOCAL
Cleber Wellington Abade, o
homem responsável por apitar
a final do Paulista-2008, poderá até ter uma atuação impecável hoje. De nada adiantará para mudar a nota "entre 6 e 7"
que o seu chefe dá para a arbitragem neste campeonato.
"Há muita coisa para ser melhorada. Houve muita disparidade de critérios de um árbitro
para outro. Tivemos jogos importantes com problemas de
arbitragem", afirmou o presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de
Futebol, Marcos Marinho.
Para o tenente-coronel, o
problema dos homens de preto
no Estadual é simples de ser explicado. "Eles precisam aplicar
efetivamente a regra. Se não fazem isso, acabam se perdendo
por falta de critério", disse Marinho, sem citar nominalmente
os alvos de suas críticas.
As polêmicas em torno da arbitragem no Paulista, entretanto, dão algumas pistas sobre os
juízes que deixaram a desejar
na avaliação do coronel.
A mais recente delas envolveu justamente o primeiro colocado do ranking da FPF, Paulo César de Oliveira. Junto com
a assistente Maria Eliza Barbosa, ele validou um gol feito com
a mão pelo atacante Adriano,
na partida de ida da semifinal
na qual o São Paulo derrotou o
Palmeiras por 2 a 1.
Apesar de não admitir o termo "veto", Marinho achou por
bem não escalar mais o árbitro
para os sorteios das rodadas
derradeiras. Isso após o Palmeiras ter entrado com representação contra Paulo César.
O mesmo já havia ocorrido
envolvendo Salvio Spínola e
São Paulo. O clube do Morumbi
teve atendido o desejo de não
ver mais o juiz que invalidara
um gol legítimo de Adriano no
clássico contra o Corinthians
comandar uma partida sua.
Os problemas freqüentes envolvendo seus subordinados fizeram Marinho tomar algumas
providências drásticas.
Na última rodada de classificação, ele escalou árbitros estreantes nas partidas dos quatro grandes (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo) para evitar a choradeira de dirigentes, técnicos e jogadores.
Outros profissionais, mesmo
sem as solicitações de veto dos
clubes, foram explicitamente
punidos pela federação.
José Henrique de Carvalho
pegou 15 dias de gancho por ter
dado dois cartões amarelos ao
mesmo jogador do Guaratinguetá na derrota por 2 a 0 para
o Corinthians, na 13ª rodada.
O assistente Edvanio Ferreira também levou 15 dias de pena por errar nos 3 a 2 do Santos
sobre o Noroeste. Ele não ergueu a bandeira e só comunicou uma infração ao árbitro pelo rádio -provocando atraso na
marcação do lance.
Rodrigo Guarizzo foi afastado pelo mesmo período de tempo por não ter dado amarelo ao
santista Marcinho Guerreiro
em pênalti cometido contra o
Guarani, na décima rodada
-seria o segundo dele no jogo.
Tanta exposição sobre as polêmicas arbitragens acabaram
atingindo o próprio Marinho.
O chefe da arbitragem paulista foi criticado por ter convidado membros da torcida organizada Mancha Alviverde a sortearem o juiz da segunda semifinal entre Palmeiras e São
Paulo -após a facção ter invadido o prédio da FPF para
acompanhar o evento.
Depois, as reclamações do
técnico Vanderlei Luxemburgo
contra as aparições de Marinho
nos gramados -o que, segundo
o treinador, intimidariam o trio
de arbitragem- fizeram o coronel abandonar o hábito.
Passado o furacão, Marinho
trabalha na renovação dos juízes, processo que, diz ele, precisa ser feito gradativamente.
"Eles precisam queimar todas as etapas. A exposição é
muito grande, a repercussão,
enorme. É um trabalho que
tem de ser feito desde a base",
concluiu.
(RENAN CACIOLI)
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