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BASQUETE
Troca (quase) tudo
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Como um velho moribundo, o
basquete do Vasco parece ter
expirado pela última vez.
A derrota diante do Araraquara, domingo, encerrou o projeto
que tinha dado o bicampeonato
nacional ao time -e consolidado
a série consecutiva de cinco títulos do técnico Hélio Rubens.
Dificilmente todos os atletas seguirão no clube. O mais provável
é que não sobre nenhum.
As despedidas só não são explícitas porque o clube deve muitos
meses de salário, e os jogadores
temem que uma ruptura em público dê margem a retaliações por
parte dos dirigentes.
Será um final melancólico, símbolo da inconsequência da experiência carioca patrocinada pela
confederação brasileira.
Mas não um vexame, pois a
desclassificação ocorreu em um
semestre de muita paciência e superação -só sete profissionais jogaram o Nacional, sobrecarga
agravada pela disputa simultânea da Liga Sul-Americana.
Agora, o importante é que o revés vascaíno deve abrir o caminho para algumas mudanças na
geografia do esporte.
A primeira prova disso está na
decisão do próprio Nacional.
Depois de quatro anos, dois clubes paulistas voltarão a jogar pela
taça -o time de Araraquara por
ora aguarda o vencedor de Bauru
x Ribeirão Preto.
Mas caberá ao clã Hélio Rubens
o principal papel nessa redistribuição de forças.
Antes de tudo, é preciso saber se
técnico e principais jogadores
-Helinho, Rogério e Sandro Varejão- seguirão em bloco para
outro clube.
Uberlândia e Minas já admitiram um começo de namoro com
esse objetivo. Para os dois clubes
mineiros, que desejam resultados
e projeção política o mais rapidamente possível, seria uma estratégia bastante inteligente.
Tanto o Uberlândia, não sei por
quê, como o Minas, por causa da
pressa com que se formou a equipe neste ano, praticaram um basquete sem estrutura ao longo dos
mata-matas. E basquete de estrutura, no Brasil, com as qualidades
e os defeitos, ainda é uma marca
registrada de Hélio Rubens.
Franca também já se mobiliza
para receber o filho pródigo de
volta. O escritório regional da
AmBev fala em reatar as relações
comerciais com o clube paulista,
que, em frangalhos, pela primeira
vez ficou de fora dos mata-matas.
Nada contra o trabalho de Daniel Wattfy, que, justiça seja feita,
brilhou ao tirar leite de pedra ao
longo de dois anos sem a ajuda de
um patrocinador forte.
Mas, em momentos de crise, deve-se pensar antes na superestrutura. O melhor para o basquete
francano, neste momento, é um
projeto que atraia parceiros e,
principalmente, devolva o entusiasmo à cidade. Hélio Rubens,
até pela chancela da CBB, ainda é
o melhor negócio.
Além do mais, ao endividado
Franca, sem um novo patrocinador, haveria apenas uma opção:
participar do Paulista com um time de juvenis. E Wattfy já avisou
que sairá nesse cenário -o Uberlândia também demonstrou interesse por seu trabalho.
Seria tudo muito mais excitante
se, em meio a esse turbilhão, houvesse também uma sacudida no
basquete que se joga hoje no Brasil. No entanto, ao que tudo indica, estamos longe desse momento
de inflexão. Wattfy, Guerrinha
(Bauru) e João Marcelo (Araraquara) são discípulos confessos do
basquete hélio-rubensiano.
Rio 1
O tumulto em Ribeirão Preto no dia 21 não arruinou só a despedida de Oscar. Implodiu também o plano de diretores do Flamengo
de extinguir o time profissional. A economia (R$ 150 mil mensais)
serviria para amortizar a dívida de R$ 2,7 milhões do clube com
Petkovic. Como o cestinha adiou o adeus, os cartolas rubro-negros
não sabem mais o que fazer. O pivô Janjão e o armador Ratto, contudo, não esperaram. Já fecharam contrato com o Ajax, de Goiás.
Rio 2
O Fluminense também vive a expectativa do desmanche. Marcelinho, estrela do time no Nacional, não só já fez testes no Portland,
da NBA, como estuda a possibilidade de atuar na Europa.
Rio 3
O Botafogo fala em voltar com uma equipe competitiva no segundo semestre. Mas, do jeito que a coisa vai, não haverá Estadual.
E-mail melk@uol.com.br
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