São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2008

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Mosley fica, e FIA pode ver racha

Presidente da entidade consegue voto de confiança da maioria em reunião extraordinária em Paris

Como protesto, alemães se desligam da federação internacional; americanos dizem que irão repensar posição após resultado

DA REPORTAGEM LOCAL

Max Mosley conseguiu o que queria. Ganhou o voto de confiança da maioria das entidades filiadas à Federação Internacional de Automobilismo e permanece como seu presidente até outubro de 2009, quando se encerra seu quarto mandato.
O triunfo do dirigente inglês na reunião extraordinária da Assembléia Geral, realizada ontem, em Paris, não coloca um ponto final no escândalo. Pelo contrário, abre uma ferida que já começa a mostrar suas primeiras conseqüências.
Menos de uma hora depois da votação, a Adac, maior automóvel clube da Europa, divulgou um comunicado se desligando formalmente da FIA e de todos seus grupos de trabalho.
"Persistiremos com essa atitude enquanto Max Mosley estiver no comando", dizia o documento. "A Adac pediu, incisivamente, em uma carta pessoal que Mosley renunciasse, a fim de evitar qualquer prejuízo à FIA e às suas instituições."
A decisão dos alemães deve ser seguida por outras entidades importantes, insatisfeitas.
O AAA, dos EUA, que representa mais de 50 milhões de associados, divulgou estar insatisfeito com o resultado da reunião e irá repensar sua posição.
"Respeitamos o resultado, mas vamos decidir se nos desligaremos da FIA ou se iremos adotar uma postura mais passiva agora", afirmou Robert Darbelnet, presidente da entidade.
O dirigente ainda apontou o que pode ocorrer após a decisão de ontem. "Um dos possíveis efeitos é um racha na FIA, já que muitos clubes que pensam da mesma maneira e não concordaram com esse resultado podem encontrar uma outra entidade que os represente."
Além de alemães e norte-americanos, franceses, japoneses, australianos e espanhóis votaram contra a permanência de Mosley, 68, à frente da entidade máxima do automobilismo depois que o dirigente se envolveu em um escândalo sexual que ganhou destaque na imprensa do mundo inteiro.
No fim de março, o tablóide britânico "News of the World" revelou imagens do dirigente inglês em uma orgia com cinco prostitutas e algumas referências nazistas em uma casa no bairro londrino de Chelsea.
Imediatamente o passado de Mosley voltou à tona. Seu pai, Oswald, foi líder do partido fascista inglês, importante aliado de Adolf Hitler no pré-guerra.
As manifestações contrárias à atitude do presidente da FIA começaram a surgir de todos os lados: clubes e associações filiados à entidade, confederações, montadoras ligadas à F-1 e até Bernie Ecclestone, seu aliado e homem que comanda comercialmente a principal categoria do automobilismo.
Sem opção, Mosley convocou a reunião extraordinária ontem para dar sua versão sobre os acontecimentos. E foi o que fez.
Assessorado pelo advogado Anthony Scrivener, disse aos 169 representantes de associações presentes à Salle de Conference do Automóvel Clube da França -que fica no prédio vizinho à sede da FIA- que no vídeo do "News of the World" não havia nenhuma prova concreta de conotações nazistas.
Afirmou também que nas imagens aparecia um repórter do tablóide pedindo que as prostitutas tentassem fazer com que Mosley fizesse alguma referência ao nazismo.
Após as explicações, foi feita a votação, secreta. Os 169 representantes foram chamados para depositar seus envelopes na urna. Depois, os votos foram apurados pelo departamento legal da FIA, sob observação de testemunhas. Pelos números divulgados, foram 103 votos a favor de Mosley, 55 contra, 7 abstenções e 4 inválidos.


Com agências internacionais

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