|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mosley fica, e FIA pode ver racha
Presidente da entidade consegue voto de confiança da maioria em reunião extraordinária em Paris
Como protesto, alemães se desligam da federação
internacional; americanos dizem que irão repensar
posição após resultado
DA REPORTAGEM LOCAL
Max Mosley conseguiu o que
queria. Ganhou o voto de confiança da maioria das entidades
filiadas à Federação Internacional de Automobilismo e permanece como seu presidente
até outubro de 2009, quando se
encerra seu quarto mandato.
O triunfo do dirigente inglês
na reunião extraordinária da
Assembléia Geral, realizada
ontem, em Paris, não coloca um
ponto final no escândalo. Pelo
contrário, abre uma ferida que
já começa a mostrar suas primeiras conseqüências.
Menos de uma hora depois
da votação, a Adac, maior automóvel clube da Europa, divulgou um comunicado se desligando formalmente da FIA e de
todos seus grupos de trabalho.
"Persistiremos com essa atitude enquanto Max Mosley estiver no comando", dizia o documento. "A Adac pediu, incisivamente, em uma carta pessoal
que Mosley renunciasse, a fim
de evitar qualquer prejuízo à
FIA e às suas instituições."
A decisão dos alemães deve
ser seguida por outras entidades importantes, insatisfeitas.
O AAA, dos EUA, que representa mais de 50 milhões de associados, divulgou estar insatisfeito com o resultado da reunião e irá repensar sua posição.
"Respeitamos o resultado,
mas vamos decidir se nos desligaremos da FIA ou se iremos
adotar uma postura mais passiva agora", afirmou Robert Darbelnet, presidente da entidade.
O dirigente ainda apontou o
que pode ocorrer após a decisão
de ontem. "Um dos possíveis
efeitos é um racha na FIA, já
que muitos clubes que pensam
da mesma maneira e não concordaram com esse resultado
podem encontrar uma outra
entidade que os represente."
Além de alemães e norte-americanos, franceses, japoneses, australianos e espanhóis
votaram contra a permanência
de Mosley, 68, à frente da entidade máxima do automobilismo depois que o dirigente se
envolveu em um escândalo sexual que ganhou destaque na
imprensa do mundo inteiro.
No fim de março, o tablóide
britânico "News of the World"
revelou imagens do dirigente
inglês em uma orgia com cinco
prostitutas e algumas referências nazistas em uma casa no
bairro londrino de Chelsea.
Imediatamente o passado de
Mosley voltou à tona. Seu pai,
Oswald, foi líder do partido fascista inglês, importante aliado
de Adolf Hitler no pré-guerra.
As manifestações contrárias
à atitude do presidente da FIA
começaram a surgir de todos os
lados: clubes e associações filiados à entidade, confederações,
montadoras ligadas à F-1 e até
Bernie Ecclestone, seu aliado e
homem que comanda comercialmente a principal categoria
do automobilismo.
Sem opção, Mosley convocou
a reunião extraordinária ontem
para dar sua versão sobre os
acontecimentos. E foi o que fez.
Assessorado pelo advogado
Anthony Scrivener, disse aos
169 representantes de associações presentes à Salle de Conference do Automóvel Clube da
França -que fica no prédio vizinho à sede da FIA- que no vídeo do "News of the World"
não havia nenhuma prova concreta de conotações nazistas.
Afirmou também que nas
imagens aparecia um repórter
do tablóide pedindo que as
prostitutas tentassem fazer
com que Mosley fizesse alguma
referência ao nazismo.
Após as explicações, foi feita
a votação, secreta. Os 169 representantes foram chamados
para depositar seus envelopes
na urna. Depois, os votos foram
apurados pelo departamento
legal da FIA, sob observação de
testemunhas. Pelos números
divulgados, foram 103 votos a
favor de Mosley, 55 contra, 7
abstenções e 4 inválidos.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Doping: Corredor devolve ouro dos 4 x 400 m da olimpíada de Sydney-00 Próximo Texto: Frase Índice
|