São Paulo, quinta-feira, 04 de junho de 2009

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Eleição na Europa adia o anúncio da saída de Kaká

Berlusconi, dono do Milan, exige que transferência seja divulgada após domingo

Premiê italiano teme que venda do meia-atacante ao Real Madrid seja explorada por opositores como símbolo de derrota financeira do país


SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS

A política italiana adiou para segunda-feira o anúncio da transferência de Kaká do Milan para o Real Madrid.
Silvio Berlusconi, dono do clube milanês e primeiro-ministro da Itália, aceitou ontem a proposta dos espanhóis, mas exigiu dos dirigentes do Real Madrid e dos parentes do jogador que a confirmação do negócio só aconteça na segunda.
Berlusconi acredita que o anúncio da saída do meia-atacante brasileiro nesta semana pode atrapalhar seu destino político. No domingo, os italianos escolhem os integrantes do Parlamento Europeu.
Berlusconi é o líder do Partido da Liberdade, o maior do país. Ele alega que seus opositores tirariam proveito político da saída do jogador, eleito em 2007 pela Fifa como o melhor do mundo. De acordo com o primeiro-ministro, a transferência de Kaká para o Real Madrid poderia ser interpretada por seus opositores como uma derrota financeira do país.
O negócio foi fechado depois da desistência do Chelsea, da Inglaterra. O clube assediava o Milan antes do início do interesse dos espanhóis. Depois de não ter sucesso na negociação, a equipe inglesa postou ontem em seu site uma nota oficial negando que tenha feito alguma proposta pelo brasileiro.
Pelo acordo, os italianos vão receber 65 milhões (R$ 185 milhões) do Real Madrid.
Na terça, o meia-atacante havia acertado o salário com a equipe da capital espanhola. Para jogar cinco temporadas no clube, Kaká receberá cerca de 9 milhões anuais (R$ 25 milhões), livres de impostos.
Apesar de ter aceitado ceder o jogador, o premiê italiano deixou claro que o acordo será desfeito se o Real ou o atleta anunciarem nesta semana a transferência. Kaká, que chegou ao Milan em 2003, tinha contrato com o time até 2013.
A negociação foi fechada em Madri por Bosco Leite, pai do atleta, e pelo presidente do clube espanhol, Florentino Pérez. O dirigente do Real Madrid ficou famoso no futebol mundial ao investir alto para formar um time de ""galácticos".
Na sua primeira passagem no comando do clube, ele contratou Zidane, Ronaldo e Beckham para jogarem juntos.
Ontem, na Granja Comary, onde a seleção treina para dois confrontos pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2010, Kaká ficou de novo em silêncio.
O ex-são-paulino poderá ser liberado depois do jogo contra o Paraguai, em Recife, na quarta-feira, para passar um dia em Madri e ser apresentado oficialmente no novo clube.
No início do ano, Kaká recusou proposta ainda maior do Manchester City para deixar o Milan. Mansur bin Zayed al Nahyan, bilionário dos Emirados Árabes e dono do City, ofereceu ao jogador quase 19 milhões (R$ 53 milhões), já descontados os impostos, durante cinco anos. Kaká decidiu ficar no Milan por causa da fragilidade da equipe inglesa.


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