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Eleição na Europa adia o anúncio da saída de Kaká
Berlusconi, dono do Milan, exige que transferência seja divulgada após domingo
Premiê italiano teme que venda do meia-atacante ao Real Madrid seja explorada por opositores como símbolo de derrota financeira do país
SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS
A política italiana adiou para
segunda-feira o anúncio da
transferência de Kaká do Milan
para o Real Madrid.
Silvio Berlusconi, dono do
clube milanês e primeiro-ministro da Itália, aceitou ontem a
proposta dos espanhóis, mas
exigiu dos dirigentes do Real
Madrid e dos parentes do jogador que a confirmação do negócio só aconteça na segunda.
Berlusconi acredita que o
anúncio da saída do meia-atacante brasileiro nesta semana
pode atrapalhar seu destino político. No domingo, os italianos
escolhem os integrantes do
Parlamento Europeu.
Berlusconi é o líder do Partido da Liberdade, o maior do
país. Ele alega que seus opositores tirariam proveito político
da saída do jogador, eleito em
2007 pela Fifa como o melhor
do mundo. De acordo com o
primeiro-ministro, a transferência de Kaká para o Real Madrid poderia ser interpretada
por seus opositores como uma
derrota financeira do país.
O negócio foi fechado depois
da desistência do Chelsea, da
Inglaterra. O clube assediava o
Milan antes do início do interesse dos espanhóis. Depois de
não ter sucesso na negociação,
a equipe inglesa postou ontem
em seu site uma nota oficial negando que tenha feito alguma
proposta pelo brasileiro.
Pelo acordo, os italianos vão
receber 65 milhões (R$ 185
milhões) do Real Madrid.
Na terça, o meia-atacante havia acertado o salário com a
equipe da capital espanhola.
Para jogar cinco temporadas
no clube, Kaká receberá cerca
de 9 milhões anuais (R$ 25
milhões), livres de impostos.
Apesar de ter aceitado ceder
o jogador, o premiê italiano
deixou claro que o acordo será
desfeito se o Real ou o atleta
anunciarem nesta semana a
transferência. Kaká, que chegou ao Milan em 2003, tinha
contrato com o time até 2013.
A negociação foi fechada em
Madri por Bosco Leite, pai do
atleta, e pelo presidente do clube espanhol, Florentino Pérez.
O dirigente do Real Madrid ficou famoso no futebol mundial
ao investir alto para formar um
time de ""galácticos".
Na sua primeira passagem
no comando do clube, ele contratou Zidane, Ronaldo e Beckham para jogarem juntos.
Ontem, na Granja Comary,
onde a seleção treina para dois
confrontos pelas eliminatórias
da Copa do Mundo de 2010,
Kaká ficou de novo em silêncio.
O ex-são-paulino poderá ser
liberado depois do jogo contra
o Paraguai, em Recife, na quarta-feira, para passar um dia em
Madri e ser apresentado oficialmente no novo clube.
No início do ano, Kaká recusou proposta ainda maior do
Manchester City para deixar o
Milan. Mansur bin Zayed al
Nahyan, bilionário dos Emirados Árabes e dono do City, ofereceu ao jogador quase 19 milhões (R$ 53 milhões), já descontados os impostos, durante
cinco anos. Kaká decidiu ficar
no Milan por causa da fragilidade da equipe inglesa.
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