São Paulo, quinta-feira, 04 de julho de 2002

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FUTEBOL

Reunião do presidente com Ricardo Teixeira, antes de cerimônia em Brasília, serviu para amenizar desavenças

FHC revela o que cochichou na farra do penta em Brasília

ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso finalmente matou uma curiosidade geral e contou ontem o que ele cochichou com o craque Rivaldo durante a festa de comemoração do pentacampeonato mundial no Palácio do Planalto, anteontem.
"Você ainda está puto comigo?", perguntou FHC ao ouvido de Rivaldo. "Que é isso, presidente?", respondeu o atleta, retribuindo o cochicho com um abraço.
Estava selada a paz numa relação que não andava boa desde que FHC defendeu a convocação de Romário para a seleção e Rivaldo respondeu, mais ou menos, que o presidente da República não tinha nada a ver com isso.
A paz já vinha sendo articulada desde domingo, quando o ministro do Desenvolvimento, Sergio Amaral, telefonou para o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e acertou que o desembarque da seleção no Brasil seria em Brasília, com festa no Palácio do Planalto.
Chegado o grande momento, Teixeira antecipou-se. Enquanto os jogadores desfilavam em carro aberto pelas ruas da capital, conversavam no gabinete presidencial com FHC, os ministros Paulo Renato (Educação) e Caio Luiz de Carvalho (Esportes) e alguns políticos, como o senador Edison Lobão (PFL-MA). Teixeira chegou sério, quase de mau humor.
Foi FHC quem descontraiu o ambiente. Começou elogiando o artilheiro Ronaldo. Com gestos, caretas e sorrisos, descreveu prazerosamente os dois gols da decisão contra a Alemanha.
Teixeira, então, relatou que a discussão sobre a volta ao Brasil foi complicada. Um dos dilemas: fazer a parada técnica de reabastecimento do avião em Los Angeles (EUA) ou não? A dúvida fazia sentido. A seleção temia excessos da segurança norte-americana, que piorou muito depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. E se decidissem abrir as malas? Seria um transtorno e atrasaria ainda mais a viagem.
Segundo Teixeira, alguém aventou a hipótese de a parada ser em Frankfurt, na Alemanha. E ele: "Deus me livre! Os alemães vão dizer que é provocação". Fechou-se com Los Angeles mesmo, mas a Varig, no relato dele ao presidente, se encarregou de negociar com os EUA e afirmou que não haveria constrangimentos à delegação.
No final da história, FHC contou que recebera mensagens de praticamente todos os países parabenizando o Brasil pelo penta. "Menos da Alemanha."
A mensagem custou, mas chegou ontem. Nela, o chanceler Gerhard Schröder diz que foi uma final repleta de emoções, num jogo com belas jogadas. O presidente do Conselho Federal Alemão, Klaus Wowereit, também cumprimentou FHC pela vitória -o conselho é o Parlamento alemão.


Colaborou Sandro Lima, da Sucursal de Brasília



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