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FUTEBOL
Tudo como dantes
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
É incrível como é fácil voltar tudo ao "normal".
Às vezes passo semanas longe de
São Paulo e na volta me surpreendo com uma coisa ou outra -em
geral, mais um quarteirão que virou estacionamento, mais uma
árvore mutilada ou morta-,
mas em pouquíssimo tempo já é
tudo familiar de novo, como se eu
nunca tivesse saído.
Durante a Copa, me acostumei
tanto com os jogos às três e meia
da manhã que achei que ia estranhar as madrugadas sem eles.
Que nada -no dia seguinte, já
era estranho pensar que o comum
era ter jogo.
Se o Brasil não fosse campeão,
essa volta à rotina seria bem mais
chata, mas o título não muda
tanto assim o dia seguinte. O "clima de Copa", que demorou tanto
a surgir, já passou.
O fiasco nas comemorações de
anteontem vem nos lembrar,
amargamente, de como temos dificuldade para organizar qualquer coisa que seja. Os jogadores
ficaram exaustos e frustrados, e os
torcedores também. A decepção
de alguns virou raiva, o que é
muito triste. Se nem a festa de um
dia funciona, imagine o que esperar do trabalho a médio prazo.
A seleção deixou de desfilar no
tradicional carro de bombeiros
(que já estava todo decorado e era
o mesmo de outras Copas) em
Brasília para sair no trio elétrico
patrocinado. Tudo bem que o trio
tinha mais espaço, camarins, batucada e outras coisas, mas os
bombeiros são verdadeiros "heróis nacionais" e mereciam fazer
pelo menos uma partezinha do
percurso com os campeões. A CBF
podia ter feito esse agrado.
Na festa no Palácio do Planalto,
Fernando Henrique abraçou um
por um os jogadores, mas esticou
o braço com firmeza e manteve o
resto da delegação à distância,
obrigando os menos famosos a
um respeitoso aperto de mão. Intimidade tem limite.
A situação do futebol é tão complicada que ainda durante a Copa ouvi um torcedor dizer: "Que
bom que o Gilberto Silva é do
Atlético, assim ele pode ser vendido e ajudar a resolver os nossos
problemas financeiros". Claro
que a origem do raciocínio está
na cartolagem (não necessariamente a do Atlético-MG) que
pensa mais nos jogadores como
mercadorias que podem ser negociadas com lucro do que como recursos humanos valiosos.
Agora começou a Copa dos
Campeões, o torneio que mais dá
sopa para o acaso. É tão rápido e
tão peculiar que permite que o representante "eleito" para a Libertadores seja bem pouco indicado
para o papel. E ainda dá direito
ao campeão de defender o seu título -e por isso o Flamengo está
lá. Já a Copa do Brasil, que exige
muito mais dos clubes, não dá.
Ainda não se sabe quem seria
classificado para a Libertadores
caso o Corinthians, que já tem a
vaga, seja campeão dessa Copa. É
bem possível que a decisão só seja
tomada depois de conhecidos todos os resultados, para assegurar
a presença de um time "grande"
(quer dizer, de "grande apelo comercial"). Tomara que eu esteja
errada, mas já nos acostumamos
com decisões estranhas, não?
A Fifa divulgou o novo ranking,
com a Alemanha abaixo de Argentina, França e Espanha. Não
seria mais justo montar dois rankings, como no tênis? Um com os
resultados obtidos a longo prazo,
e outro baseado no desempenho
no ano. O primeiro faria justiça
ao "conjunto da obra"; o segundo
seria fiel à situação do momento.
W.O.
Em anúncio de página inteira, a Globo afirma que, "com
muita humildade e respeitando os adversários", ela conquistou "a maior goleada de
audiência desta Copa", com
96% de audiência durante os
jogos da seleção. Ela só não
disse que não havia "adversários"... Foi a primeira vez que
eu vi goleada em W.O.
Cálculo esquisito
O mesmo anúncio diz que
"desde as eliminatórias, a seleção passou por 21 jogos, 12
vitórias, 3 empates, 6 derrotas, 4 técnicos e 61 atletas".
Que 21 jogos serão esses? 18
das eliminatórias + 7 da Copa
do Mundo = 25. E agora são
16 vitórias. Não entendi...
Barbaridade
A irmã de uma amiga minha,
de 10 anos, levou um tiro no
quintal de casa durante a festa do penta. O pior é que ela
não deve ter sido a única.
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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