São Paulo, domingo, 04 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Contra a Grécia, treinador tenta título inédito para lusos na Eurocopa e reconhecimento para a única profissão da bola que nunca teve o país pentacampeão do mundo no topo

Scolari joga hoje por Portugal e por última fronteira brasileira

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A LISBOA

O Brasil já teve, de fato, a melhor seleção do mundo, o mais poderoso dirigente, o atleta do século e até dois de seus árbitros apitando final de Copa. Faltava um técnico.
Hoje, Luiz Felipe Scolari pode mudar a história do futebol português e brasileiro ganhando a Eurocopa. Como se fosse pouca coisa virar o único homem a vencer a Copa e a Euro por equipes diferentes, ele colocará em evidência, se bater a Grécia às 15h45, uma categoria que estranhamente não teve nunca o prestígio que poderia ou deveria ter no mundo.
O técnico de futebol do Brasil foi visto quase sempre como um acessório. Em especial na Europa, paira secularmente um pensamento de que, com jogadores tão bons, qualquer um é capaz de levar o Brasil ao título mundial. Vicente Feola, Aimoré Moreira, Zagallo e Parreira conseguiram isso, mas ficaram muito distantes do que Scolari pode alcançar hoje.
Anfitrião da Euro, Portugal deu uma chance única ao técnico do penta. Este agarrou a oportunidade, e sua consagração representará mudança significativa na forma como o técnico brasileiro é visto no rico mercado europeu.
A história nunca havia visto a seleção principal de Portugal em uma final importante até agora. A história só viu até hoje o alemão Helmut Schön ganhar como técnico os dois mais importantes torneios de seleções. E a história talvez demore a ver outro treinador ser tão exaltado como Scolari.
O ""New York Times", os tablóides ingleses, a imprensa dos demais países europeus e a população portuguesa... O brasileiro Scolari roubou a cena como nenhum atleta europeu na primeira Euro que ""falou" português.
Barrando unanimidade nacional (Vitor Baía), apostando em promessa (Cristiano Ronaldo), colocando ídolo contra a parede (Figo), mexendo com ousadia e, principalmente, unindo um país com um emotivo discurso, Scolari escreve hoje o último capítulo de sua Eurocopa, o capítulo que pode ser, de fato, o primeiro para os técnicos nacionais na Europa.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Futebol: "Quente", Eurocopa fecha temporada de surpresas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.